“Vão-se sucedendo eventos nas Caldas, mas há um que mantém a qualidade de forma consistente”

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A bancada do pavilhão Rainha D. Leonor voltou a não chegar para acomodar todas as pessoas que quiseram assistir ao evento | JR

 

As palavras do presidente da Câmara, Tinta Ferreira, que antecederam o 26º Festival Internacional de Ginástica das Caldas da Rainha, são reveladoras da importância que o evento tem no panorama desportivo nas Caldas. O edil elogiou a consistência que esta organização do Acrotramp Clube das Caldas tem tido ao longo dos tempos, com um nível que se mantém elevado de forma consistente. O festival do passado dia 24 de Junho não foi excepção e voltou a lotar a capacidade do pavilhão Rainha D. Leonor, com uma assistência estimada acima das 1.200 pessoas.

 

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Tinta Ferreira disse na abertura do festival que a autarquia está satisfeita pela forma como o clube tem vindo a trabalhar na divulgação e desenvolvimento da ginástica no concelho. Parte desse trabalho passa pela organização deste festival, que tem uma dimensão difícil de igualar. “Vão-se sucedendo eventos com qualidade nas Caldas da Rainha, mas há um que mantém de forma consistente a qualidade ao longo de 26 edições”, disse, referindo-se ao festival de ginástica do Acrotramp. “Os seus atletas estão de parabéns, assim como os treinadores e o presidente do clube, Stélio Lage, pela sua dedicação”, acrescentou.
Já não é fácil trazer variedade ano após ano a este festival. Depois de uma fase em que se direcionou para a vertente espectáculo, o sarau regressou este ano a uma vertente mais gímnica no que às apresentações dos escalões do clube diz respeito. As várias classes fizeram apresentações dedicadas a outras modalidades, aludindo ao olimpismo que se comemora este verão, com os Jogos do Rio de Janeiro. Nessas 13 apresentações, as 16 classes do clube representaram atletismo, halterofilismo, natação, futebol, canoagem, judo, ténis, tiro com arco, voleibol, badminton, taekwondo, rugby e basquetebol. Os clubes caldenses que praticam estas modalidades foram homenageados e dois deles, o Judo Clube das Caldas e do Arco Clube das Caldas deram uma contribuição ao espectáculo.
“Era merecido homenagear os clubes que têm estas modalidades, não foi nada de especial, mas realça-se o trabalho que fazem e as boas relações que temos entre clubes nas Caldas”, disse Stélio Lage.
Ao longo da exibição os alunos, dos mais novos aos mais velhos, incluindo os da competição, mostraram as suas habilidades, como é hábito e é também o principal objectivo deste sarau.
Para a segunda parte do espectáculo ficaram as apresentações dos convidados, que este ano incluíram um campeão de duplo-mini trampolim de Espanha, Daniel Perez Morales, e a inglesa Lucie Colebeck, ambos presença já habitual. Apesar de terem provas importantes nos seus países à porta, não deixaram de se exibir a grande nível. “Eles podiam ter feito mais se não tivessem os campeonatos dos seus países nos próximos dias. Para não correrem riscos fizeram o médio, mas o médio deles para nós é muito elevado”, destaca Stélio Lage. O mesmo aconteceu com os atletas portugueses, que apesar de terem competição à porta ofereceram um excelente espectáculo ao público.
A classe de ginástica Sénior do Agrupamento de Escolas Amadora Este (que antes representava os Bombeiros da Amadora), encerraram de forma muito divertida o espectáculo, que este ano contou com a presença, pela primeira vez, da ginástica de grupo do Benfica. Em relação aos anos anteriores, o que o público caldense não teve oportunidade de assistir foi a ginástica acrobática.

Ginástica merece mais destaque

Stélio Lage ‘reclamou’ mais consideração para a modalidade, em termos gerais. Por um lado junto da opinião pública e dos media, por outro em termos de apoios à prática da competição.
“Devia ser mais valorizada, temos campeões mundiais, temos atletas olímpicos e pouca gente sabe disso”, lamenta o presidente e treinador do clube caldense. Para o confirmar, dá o exemplo dos olímpicos Diogo Abreu, Diogo Ganchinho e Ana Rente, “Messis e Ronaldos da ginástica e é pena que não tenham mais apoio, têm facilidade em termos de estudos e nada mais, a modalidade não dá lucro aos ginastas”. Também é preciso dar mais suporte aos jovens, para que atinjam de forma mais fácil outros patamares. E aqui o exemplo já é local. No ano passado o clube levou mais uma atleta aos mundiais por idades, Sofia Vala, mas para isso teve que ser a atleta a custear a ida do seu bolso.
Stélio Lage homenageou, durante o festival, os atletas do clube que se sagraram campeões nacionais e nota que é um feito consegui-lo “contra clubes que têm treinadores que se dedicam em exclusivo a isto, enquanto nós temos todos o nosso trabalho na escola”.
Quanto aos convidados, Rui Antunes, treinador do Benfica, Daniel Perez Morales (que executou um quadruplo mortal na cama elástica) e Lucie Colebeck foram peremtórios a elogiar o festival caldense e a dizer que gostariam de voltar.
“Já vim três ou quatro vezes, gosto de vir aqui, é divertido, e descansas a cabeça, saltas sem a pressão dos campeonatos”, explica o espanhol, que nota a exigência da modalidade ao nível do treino. “É preciso treinar muito, demasiado, são muitos sacrifícios, perdes muitas coisas com a família e os amigos, eventos importantes…”, refere. O atleta gosta tanto de vir à região que está a estudar a hipótese de realizar aqui, em breve, um estágio de três a cinco dias com o seu clube.
Rui Antunes, treinador do Benfica, veio pela primeira vez mas gostou do que viu. “Foi uma festa muito boa, deu para ver tudo o que é feito, desde a ginástica infantil à ginástica sénior, passando por toda a ginástica de competição”.

 

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