
A época 2017/18 terminou para a equipa principal do Caldas há quase dois meses, o que já permite olhar para trás com algum distanciamento. Jorge Reis, recentemente reeleito presidente da direcção, diz que aquilo que o clube viveu já era merecido há muito e não tem dúvidas que aquilo que se atingiu vai ficar para sempre na memória dos caldenses.
“O Caldas já merecia esta felicidade, foi um ano que ficará para sempre na memória das pessoas”. É desta forma que Jorge Reis começa a entrevista à Gazeta das Caldas.
Desde os quatro anos de idade que se recorda de acompanhar o pai (que ainda hoje acompanha o clube) ao Campo da Mata, lembra-se de ver a bancada dos sócios ainda em construção. O que não se lembra é de muitos momentos como os que se viveram este ano.
“Não me lembro de nada assim, à excepção do ano de 71/72 em que fomos campeões nacionais da III Divisão, mas nada com uma envolvência destas. Será com certeza, a par da década de 50, o melhor ano do Caldas, principalmente no futebol sénior”, acredita.
A juntar à ímpar chegada à meia-final da Taça de Portugal, o clube conseguiu uma inédita manutenção no nacional de juvenis, fez mais uma presença de grande qualidade no nacional de iniciados e venceu a Taça Distrito de Leiria em juniores, contra o campeão Marinhense, título que demonstrou que teria sido possível lutar de outra forma pela subida neste escalão. “Nem tudo foi bem feito, há muita coisa para melhorar, e é o que vamos tentar fazer com a entrada de alguns elementos novos na direcção”, afirma Jorge Reis.
Depois de uma temporada num nível elevado, que coincidiu com o final de mandato dos órgãos sociais, Jorge Reis realça que teria sido fácil sair pela porta grande. “Ninguém é insubstituível e se anunciássemos em tempo que não continuaríamos alguém apareceria, mas acho que o Caldas não merecia que fizéssemos isso”.
Agora é hora de capitalizar para o clube o que a performance desportiva proporcionou. “Foi bom em termos desportivos e financeiros”, assume Jorge Reis. Meios financeiros que vão “ajudar na criação de condições para o futebol juvenil, para o futebol sénior e para os sócios. Este dinheiro será numa grande fatia para infraestruturas”, garante.
Mas o Caldas ganhou mais que dinheiro, ganhou um capital de confiança da sociedade caldense como há muito não se via. “Está na nossa mão capitalizar tudo o que se conseguiu, manter as pessoas que deixaram de vir, ou que nunca tinham vindo, passaram a vir aos jogos e temos que as segurar”, diz Jorge Reis.
E isso consegue-se como? Uma garantia é que aquilo que trouxe de volta pessoas e empresas é para manter: “o futebol em estado puro, o compromisso, o amor à camisola, a humildade, o espírito de grupo, a capacidade trabalhadora e disciplinada dos nossos jogadores”. Foi isso que “chamou as pessoas e que as fez viver tudo aquilo como uma coisa que era de todos os caldenses”, completou, atribuindo grande parte do mérito a três pilares do grupo, o capitão Rui Almeida, o técnico José Vala e o director do futebol Nuno Ferreira.
“MOBILIZAÇÃO DAS PESSOAS AJUDARÁ NOS RESULTADOS”
Agora a equipa terá que saber cativar os adeptos desde os primeiros treinos e desde os primeiros jogos, e, se isso acontecer, “estamos em crer que vamos ter outra época de sonho, porque a mobilização das pessoas ajudará nos resultados”, acredita Jorge Reis.
Exemplo claro disso foi a forma como os adeptos empurram a equipa para aquela época de sonho. Jorge Reis não esquece a contribuição da claque Sector 1916 para o espírito que se viveu nas bancadas e que trouxe gente ao estádio por contágio. “Boa parte do sucesso deve-se ao apoio inexcedível que a claque deu”, sustenta, acrescentando que toda a gente que se junte à massa adepta é bem-vinda, “desde que venha por bem, com o espírito de apoiar e de ajudar a fazer crescer o Caldas”.
A ambição para a nova época não será diferente das anteriores, o que poderá fazer o desfecho diferente serão os resultados. O presidente recorda que o Caldas bateu-se de igual para igual com três das oito equipas que lutaram pela subida na segunda fase, nomeadamente o Mafra, o Vilafranquense e o Farense, sendo que duas delas acabaram mesmo por subir. “Queremos ganhar os jogos, se o resultado disso for a disputa de uma fase de subida será uma dor de cabeça boa que teremos”, observa.
Com a nova estrutura directiva, Jorge Reis acredita que será possível modernizar a organização e o clube, e também aproximar as estruturas da formação e a comissão de futebol, “que era uma das lacunas que tínhamos”. Exemplos desse empenho são as entradas para o executivo dos directores Vítor Fernandes e Pedro Creio, que já colaboravam com o clube enquanto seccionistas há vários anos.
O novo elenco directivo tem também a missão de capitalizar a aproximação que houve do tecido empresarial da região na última época. Jorge Reis realça que muitas empresas se disponibilizaram a ajudar o clube na época passada por iniciativa própria. E dá como exemplo as lonas publicitárias no Campo da Mata, que hoje, “ao contrário do que acontecia nos anos anteriores, são todas com contratos actualizados”. O clube tem uma relação saudável com a sociedade caldense “e isso traz credibilidade”, reforça. Jorge Reis diz que há ideias para que clube, empresas e sócios possam ganhar com esta relação e adiantou uma delas. “Temos o sonho de ver a bancada toda com cadeiras, talvez possamos consegui-lo se cada sector for recuperado por uma empresa, dando em troca bilhetes para metade desse sector durante a época”, revelou.






























