Ulisses tinha 18 anos quando defrontou o Benfica campeão europeu em 1961/62

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Ainda há quem possa contar de viva voz a história da última equipa do Caldas a defrontar as águias. Passaram 60 anos, mas a memória do antigo lateral-esquerdo, que jogou na Luz, continua fresca.

O último jogo oficial entre Caldas e Benfica, que, tal como o do próximo sábado, foi a contar para a Taça de Portugal, foi um dos primeiros de Ulisses pela equipa principal dos pelicanos. O lateral-esquerdo, que fez toda a carreira no Caldas, contou à Gazeta a grande aventura que foi jogar com o então campeão europeu.
O duelo de 1961/62 foi a duas “mãos” e surgiu logo na 1ª eliminatória, com o primeiro jogo a realizar-se num Campo da Mata ainda saudoso dos jogos da 1ª Divisão.
Na equipa do Caldas pontificavam ainda grandes nomes da história do clube, como Rita, Rogério, Orlando, Vasco Oliveira, Janita, Bispo, António Pedro e Lenine, e não era fácil para um jovem, de apenas 18 anos, entrar. Ulisses foi um dos 15 convocados para essa partida (na altura ainda não eram permitidas substituições), mas não chegou a alinhar na partida com o Benfica, que alinhou com a equipa de reservas, mas na qual constavam uns tais de José Torres e António Simões.
O Caldas até marcou primeiro, logo no primeiro minuto, por Mirita, mas ao intervalo já o jogo dava vantagem de 1-4 ao clube às águias. O Caldas ganhou a segunda parte e reduziu e reduziu para 3-5, com golos de Mirita (2) e Janita para o Caldas e José Torres (2), Angeja (2) e Calado para o Benfica.
Na visita à Luz, Ulisses foi novamente convocado. Tinha-se estreado como titular na partida anterior, para o campeonato contra a Oliveirense, mas não contava jogar na Luz. “Foi uma surpresa para mim”, conta à Gazeta das Caldas. “Quando o treinador disse o escalonamento, apareci a defesa direito e pensei “já estou lixado, vou apanhar o Cavém””, relata, recordando que a sua posição natural era do lado esquerdo.
Para a segunda mão, Bellá Guttmann usou as primeiras linhas. No final da primeira parte já o Benfica vencia por 4-0 e Cavém foi um dos taques, com quatro golos apontados na partida.
“No intervalo, o diretor perguntou-me como é que me estava a dar com o Cavém e eu respondi: “Cavém não, lá vai!” e foi a risada geral no balneário”, graceja o antigo jogador.
Para piorar a situação dos pelicanos, “o Quim lesionou-se”, a equipa já estavamos “a perder por 4 ou 5, ficou 11-0”, lamenta o lateral, que se assume como benfiquista, mas não guarda com particular alegria esses dois jogos com os encarnados.
“Mais tarde, fizemos um jogo amigável com o Benfica e, numa bola aérea dividida com o Abel, parti a clavícula…”, conta o caldense.
Ulisses fez toda a sua carreira de jogador no Caldas, clube pelo qual alinhou por 12 temporadas e em mais de 200 jogos, sem nunca ter sido castigado, o que, de resto, lhe valeu uma medalha de mérito da Federação Portuguesa de Futebol que guarda com orgulho.
Como melhor memória da sua carreira no Campo da Mata, tem o título nacional da 3ª Divisão de 1971/72 como a mais marcante. Dessa equipa destaca a camaradagem, mas também a qualidade do plantel.
Ulisses acredita que, este sábado, o Caldas pode fazer boa figura, “mas realisticamente vai ter muitas dificuldades, basta analisarmos quanto ganha um jogador do Benfica e um do Caldas”. Seja qual for o resultado, o orgulho no Caldas não vai mudar. “É um clube que me diz muito, sou caldense e o Caldas está no meu coração”, afirma Ulisses.

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