O Torreense veio às Caldas vencer os alvinegros, no jogo que confirmou matematicamente a descida dos juniores. O clássico oestino foi disputado no Campo da Mata na tarde de sábado. Os pelicanos falharam a manutenção numa época irregular, em que venceram em campos difíceis (como Alverca ou Torreense) mas perderam em jogos teoricamente mais fáceis.
O Caldas entrava em campo a precisar de somar três pontos para manter a esperança (ainda que dependesse de terceiros) de se manter no Nacional, mas foi o Torreense quem deu o primeiro aviso.
Num jogo muito disputado no meio-campo e com poucas oportunidades de golo, o lance mais perigoso dos alvinegros foi um remate de Bernardo Silva para encaixe do guardião forasteiro.
Bem perto do intervalo, uma incursão do lateral direito, Pedro, no ataque permitiu-lhe tabelar com o extremo e fazer a diagonal. Depois tirou um defesa do caminho e atirou colocado e sem hipótese para Marco.
Na segunda parte o Caldas entrou com mais vontade, mas não conseguia entrar na bem organizada defensiva torreense, que com muita raça, agressividade e entrega resolveu os problemas.
Perto da hora de jogo, nas bancadas começa a ouvir-se cânticos ao fundo. Vão-se aproximando até entrarem no estádio. São os juvenis, que no fim de vencerem na Atouguia por três golos sem resposta e de se apuraram para o Nacional, vêm fazer claque aos mais velhos.
O jogo continuava muito pela zona central, com muitas batalhas e muitas paragens para assistência a três jogadores.
O Caldas tentou de livre, que Araújo desviou ao segundo poste em busca de um colega, mas Dani agarrou.
Nas bancadas viam-se muitos auscultadores nos ouvidos dos adeptos: com os olhos na Mata e os ouvidos na Luz (onde já jogava e ganhava o Benfica).
Já nos últimos dez minutos, com o Caldas balaceado para o ataque, surgiu o primeiro remate do Torreense com 17 a atirar por cima.
Até ao fim os pelicanos tentaram através das bolas paradas. Primeiro num livre de Bernardo Silva defendido pelo guarda-redes, depois em dois cantos – o primeiro saiu por cima e o segundo, um remate à entrada da área, foi desviado por um defesa.
“Quando não se é regular paga-se caro”
Dário Catarino, treinador dos alvinegros que assumiu a equipa num momento difícil, lamentou que não tenham conseguido melhorar a posição. “Houve uma grande discrepância na equipa de jogo para jogo, animicamente não estava confortável”, disse o treinador, notando que houve jogos muito bem conseguidos em que um golo sofrido abalava a equipa. “Isso juntamente com lesões e alguma falta de maturidade, que acho que se sentiu, prejudicou-nos”.
Nos nacionais, “quando não se é regular paga-se caro”, fez notar o técnico, que assumiu “total responsabilidade” no seu trabalho e lembrou que, na segunda fase, até à jornada dois, o Caldas era a melhor equipa, mas partia de trás (pelos pontos da primeira fase).
Dário Catarino considerou que em certos momentos faltou o querer ganhar. “Deviam querer mais e em momentos decisivos dar as mãos e correr todos atrás do mesmo”, disse o técnico, analisando que “nem sempre fomos unidos e os valores individuais são inferiores ao colectivo”.
Além disso, afirmou que em casa a equipa sentiu alguma pressão, mas venceu num campo onde mais ninguém o conseguiu fazer (Alverca), tendo também vencido o Torreense em Torres Vedras. A uma jornada do fim o Caldas tem seis vitórias e sete derrotas, não registando nenhum empate na segunda fase.
Quanto ao futuro, o técnico realçou que “o Caldas tem grandes equipas”, dando os parabéns aos juvenis pela subida. “É uma pena consumar-se a nossa descida no dia em que os juvenis conseguem subir, mas isto é futebol”.
Dário Catarino mostrou ainda a sua “certeza que para o ano os juniores vão voltar ao Nacional e se não for já para o ano, daqui a dois anos o Caldas vai ter todas as equipas nos nacionais”.