Sentimentos diferentes para os atletas olímpicos da região

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João Pereira foi o quinta classificado no triatlo | D.R.

Quatro atletas do Oeste estiveram presentes nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. João Pereira, atleta caldense de triatlo que defende as cores do Sport Lisboa e Benfica, conseguiu, no Rio de Janeiro, no dia 18 de Agosto, o 5º lugar na prova da sua modalidade, ficando a apenas nove segundos do pódio e da medalha olímpica e conseguindo o melhor resultado português de sempre. O seu colega João Silva (Benedita) fruto de um atraso no ciclismo, não conseguiu repetir a proeza de Londres (2012), em que obteve o 9º lugar. Telma Santos, natural de Peniche, mas com fortes ligações às Caldas, voltou do Brasil sem nenhuma vitória, depois de há quatro anos entrar na História como a primeira portuguesa a vencer um jogo olímpico de Badminton. Com 33 anos, deixa a alta competição. Na natação, a recordista nacional dos 100, 200 e 400 metros estilos, Victoria Kaminskaya, que não nasceu nas Caldas, mas durante largos anos defendeu as cores de Os Pimpões, obteve o 28º lugar nos 400 metros e o 35º nos 200 metros. Falhou o seu recorde, mas conseguiu a sua terceira melhor marca de sempre, na estreia olímpica.

 

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João Pereira esteve em destaque

 

João Pereira, jovem nascido nas Caldas, chegava ao Rio como sexto melhor do Mundo e com o melhor resultado de sempre de um português no circuito mundial. Mas, para ele, era uma estreia em Jogos Olímpicos. “Nessa altura surgem muitas dúvidas, poucas certezas, mas também muita confiança e vontade de me superar”, até porque “sabia que era possível ficar num óptimo lugar”, contou o triatleta à Gazeta das Caldas.
Embora tenha ido viver para Vila Franca de Xira muito novo, a família materna vivia cá. “Os meus pais têm casa no Bom Sucesso (Lagoa de Óbidos) onde sempre fui passar os fins de semana, e os meus avós viviam na Quinta de Santo António (Caldas da Rainha) onde passava grande parte das minhas férias”, explicou.
E se entrada na História estava garantida à partida: porque esta era a maior comitiva nacional de triatlo, com três atletas, a participar nuns jogos olímpicos, num regresso aos esforçados 40 quilómetros que valeram o quinto lugar no Rio, João Pereira recordou que “a prova tinha um percurso muito duro, considerado o mais difícil na história dos Jogos Olímpicos”.
No primeiro segmento, o da natação, “existiu muito contacto, o que fez com que perdesse alguns segundos”. O percurso do ciclismo era “sinuoso, com subidas que chegavam aos 20% de inclinação”, algo que o caldense soube explorar. “Embora não seja explosivo, sou forte”, fez notar.
Na corrida, o último segmento da prova, “sabia que tinha de arriscar tudo”. O apoio do Sport Lisboa e Benfica era total. Em jogo, não estava apenas a medalha, mas também o apoio ou não do Comité Nacional (caso não aguentasse o alto ritmo e ficasse fora do top16). No Forte de Copacabana, João arriscou.
Nos últimos metros de prova acreditou que era possível a medalha, deu tudo e ficou a apenas 9 segundos do pódio, registando o segundo melhor tempo do segmento.
Quando cruzou a meta o sentimento foi “de dever cumprido”, exclamou o triatleta. “Sei que fiz o melhor que consegui para alcançar este lugar que considero que, além de ser importante para mim, é também importante para o triatlo português”, concluiu.
O caldense realça ainda o papel “fundamental” do seu treinador, patrocinadores e colegas de treino. “Estou inserido num grupo de treino muito coeso onde reina o espírito de grupo e a entreajuda e isso foi essencial para conseguir treinar diariamente motivado a perseguir bons resultados”, contou. E, sem prometer medalhas, garante que irá trabalhar para em 2020 conseguir superar este registo.
João Pereira explicou ainda que há uma grande diferença entre os triatletas portugueses e os de outros países que competem pelas medalhas. “Competimos com condições que nem de perto chegam às que eles têm” e exemplifica: “vivo no Centro de Alto Rendimento do Jamor há quase 10 anos e mantém-se igual desde então, creio que deve estar igual há 30 anos. Durante esse tempo as técnicas usadas para recuperação e treino vão evoluindo e nós continuamos a usar técnicas que já não se usam”.
E quanto às águas da baía, que tanta tinta fizeram correr nos jornais? “A água estava bastante boa, limpa e com visibilidade”, referiu, afirmando que “o mito em volta da água foi criado para criar a ideia de que os brasileiros não conseguiam organizar uns Jogos Olímpicos”.
Na opinião de João Pereira, os brasileiros “estão de parabéns, tudo correu maravilhosamente em termos da organização, a aldeia olímpica tinha todas as condições. Nada faltou e nada falhou”.
A terminar agradeceu à família e ao público “por acreditarem” em si e que este resultado era possível.

TELMA SANTOS TERMINA CARREIRA

A atleta de Peniche, à partida para o Rio, alertou que um bom resultado estaria sempre dependente do sorteio. E, nesse capítulo, a 66ª do ranking mundial não teve sorte, porque em sorte calhou-lhe no grupo E a chinesa Xuerui Li (3ª do ranking), a norte-americana Iris Wang (34ª) e a belga Lianne Tan (62ª).
Na estreia perdeu com Xuerui Li por 21-12 e 21-7 apresentando algumas debilidades físicas, fruto de uma lesão no joelho esquerdo. No segundo jogo, que ditou a eliminação da penichense, até venceu o primeiro set a Iris Wang (21-18), mas acabou por perder os seguintes por 21-10 e 21-12. No último jogo, e já sem hipóteses de apuramento, perdeu os dois sets com Lianne Tan.
A atleta penichense cumpriu um sonho de criança com as participações olímpicas. Desde 1992, tinha Telma oito anos, que sonhou com isto. Na altura o tio, referência para a atleta, participou nos jogos em Barcelona.

VICTORIA KAMINSKAYA FALHOU OS RECORDES NA ESTREIA

Victoria Kaminskaya não conseguiu bater o seu próprio recorde nos 400 metros estilos, acusando a ansiedade da estreia. A nadadora que durante largos anos representou as cores de Os Pimpões terminou a prova em 28º lugar, em 4:46:03 minutos. Nos 200 metros estilos, os 2:16:78 minutos ficaram dois segundos aquém do seu próprio recorde e valeram a 35ª posição.

 

 

JOÃO SILVA FICOU A 6:32 MINUTOS DO PRIMEIRO

João Silva, da Benedita, era o detentor da melhor marca portuguesa, conseguida em Londres com um 9º lugar. O triatleta acabou por ser prejudicado por uma queda à sua frente que atrasou o grupo que seguia na perseguição, concluiu a prova em 32º. No final da prova admitiu que estava triste pela classificação no segundo segmento, mas que era sortudo, por não ter caído.

 

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