Fundação do clube já levou Federação de Desportos de Inverno a incluir a modalidade, abrindo as portas à participação em provas internacionais
A patinagem no gelo é uma das mais bonitas e elegantes modalidades do programa dos desportos de inverno, mas as temperaturas amenas de Portugal são um obstáculo difícil de transpor para quem sonha praticar a modalidade. Agora, essa possibilidade já existe, pois nasceu o Revolution Figure Skating, com sede em A-dos-Negros e que já está a mudar o panorama da modalidade em Portugal.
Mas como surgiu, afinal, um clube de patinagem no gelo num concelho onde nem sequer neva? Alexandra Duarte, presidente e uma das precursoras do movimento que deu origem ao clube é a pessoa ideal para contar.

A patinadora e presidente da direção do clube conta que tudo começou na Óbidos Vila Natal. O gosto pela patinagem já o trazia bem de trás, mas com os patins em rodas. Mas quando o evento natalício lhe proporcionou a patinagem no gelo, tudo mudou. “Perdia horas na pista de gelo a patinar”, conta.
De tal modo que, a dada altura, esperar pelo Natal para satisfazer esse gosto deixou de ser viável. Passou a dirigir-se com alguma regularidade a Viseu para patinar na única pista de gelo que funciona o ano inteiro. Foi aí que descobriu que “aquela maluqueira” de fazer três horas de viagem para ir patinar não lhe era exclusiva.
“Um dia encontrei três pessoas que tinham também patins próprios. Começámos a falar e elas ainda iam de mais longe do que eu”, recorda.
Começou a nascer uma amizade e o grupo foi continuando a encontrar-se para patinar, até que conheceram Carla Almeida, antiga campeã nacional de África do Sul e que já era professora de patinagem no gelo na escola do Palácio do Gelo, em Viseu.
Era o elo que faltava para que se formasse o clube. Entraram em contacto com a Federação Portuguesa de Desportos de Inverno (FPDI), que apesar de não ter a patinagem artística no gelo reconhecida, “abriu-nos a porta e alterou os estatutos internos para nos incluir como mais uma modalidade existente em Portugal”. Uma ação que passou a permitir atletas que se encontram emigrados, sobretudo luso-descendentes, possam competir em provas internacionais sob a bandeira portuguesa, o que não era possível até então.
O movimento tem gerado aumento de atletas, a maioria com trajeto na patinagem sobre rodas, e já conduziu à criação de um Campeonato Nacional, que esteve agendado para abril, mas teve que ser adiado devido à pandemia. No entanto, o clube já se estreou em provas, num torneio internacional na Roménia, que também devido à pandemia se realizou de forma virtual. “A pista de Viseu estava fechada, mas fomos a Madrid gravar os nossos esquemas”, conta Alexandra Duarte, que acabou por ser a única a submeter-se a concurso. “Correu bem, as pontuações superaram o que estava à espera”, adianta, acrescentando que o objetivo é ter uma comitiva no torneio no próximo ano.
Com a modalidade a desenvolver-se e com uma equipa de hóquei no gelo, os Luso Lynx, a solicitar condições para desenvolver igualmente a modalidade, Alexandra Duarte adianta que a FPDI está já a estudar a construção de uma pista permanente em Lisboa, com capacidade para receber provas, o que será um passo fundamental a patinagem no gelo nacional. ■






























