Depois do estágio em Espanha, Luís Ahrens Teixeira aproveitou as águas da região para treinar para o Mundial em Indianápolis
Setembro de 1994, em Indianópolis, nos Estados Unidos da América, onde decorre a 24ª edição do Campeonato do Mundo de Remo. Num final muito renhida da prova de LM4x, a Seleção Nacional, composta por Henrique Baixinho, Luis Fonseca, José Leitão e Luís Ahrens Teixeira (hoje presidente da Federação Portuguesa de Remo), é a terceira a cruzar a meta, atingindo a medalha de bronze, numa final muito equilibrada, em que foi necessário recorrer ao photo finish para definir as posições do pódio. Apenas as equipas da Áustria e da Itália superaram Portugal nessa competição, obtendo o primeiro e o segundo lugar, respetivamente.
“Recordo-me de pouco da prova, porque a intensidade era gigante, lembro-me bem até à passagem dos mil metros, onde nós atacámos”, recordou à Gazeta das Caldas, 28 anos depois, Luís Ahrens Teixeira.
“Lembro-me do final, que teve de ser decidido pelo photo finish. Nós não apercebemos logo em que lugar tínhamos ficado, mas acreditávamos que era possível uma medalha”, relembra o antigo remador, que esteve recentemente na região a apadrinhar um projeto que visa impulsionar a modalidade.
No regresso a Portugal, a comitiva nacional foi recebida por familiares e amigos, que felicitaram a equipa de remadores pela proeza conseguida, que os levou a increver o seu nome na história do remo nacional.
Mas há uma particularidade nesta medalha que poucos conhecem e que a liga à região Oeste. É que, depois de a Seleção ter estado a estagiar em Espanha, até finais de julho, na preparação para este Campeonato do Mundo, a deslocação para os Estados Unidos da América apenas ocorreria em agosto e, num tempo em que os apoios para o desporto eram bem mais modestos, terminar a preparação para as grandes competições obrigava a uma certa dose de criatividade.
“A minha família passa férias no Oeste desde sempre, o meu avô é de São Martinho do Porto e o meu tio foi médico lá”, contou o atual presidente da Federação Portuguesa de Remo, explicando que, ao invés de estar em Lisboa sozinho, decidiu então vir para a região, para junto dos pais. Consigo trouxe, claro, a sua embarcação e, “todos os dias de manhã colocava o barco no atrelado e vinha de São Martinho do Porto para a Foz do Arelho para treinar”.
O treino da manhã, na água, era sempre na Lagoa de Óbidos.
Nessa altura, Luís Ahrens Teixeira acordava à hora em que os amigos, que estavam de férias, se iam deitar. Pelas 6h30 metia-se a caminho da Foz e uma hora depois entrava na água para um treino de duas horas. “As manhãs na Lagoa são de pouco vento”, nota.
“Sou um fã do Oeste, esta zona é um jardim onde se pode fazer windsurf, ski aquático, remo, canoagem, pesca de vários tipos, surf, isto é o paraíso”, salientou. “E quando não está bom para isso, é ótimo para o ciclismo, para quem goste de desporto e atividade ao ar livre é um sítio para aproveitar”, sublinha.
Na preparação, durante a tarde, fazia treino de corrida ou nas máquinas de remo, já em São Martinho do Porto. Hoje, recuando 28 anos e olhando para o feito atingido, o dirigente não hesita em afirmar que esse treino na Lagoa de Óbidos “foi mais que produtivo”. ■































