Partiu o último dos heróis da 1ª Divisão nacional

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O Caldas despediu-se na semana passada do último resistente da participação no principal escalão do futebol português. Amaro da Silva tinha 95 anos e adotou Caldas da Rainha como a sua cidade

Faleceu na sexta-feira, 2 de julho, o antigo defesa lateral-direito e médio-centro Amaro da Silva, aos 95 anos de idade. O antigo jogador representou o Caldas na gloriosa década de 1950, fez parte do plantel que conseguiu a histórica subida à 1ª Divisão nacional e cumpriu no clube as quatro épocas no escalão máximo. Além de jogador, instalou-se na cidade como empresário no ramo da refrigeração.

Chegou ao Caldas aos 28 anos, com rótulo de campeão nacional, e foi pedra basilar nos alvinegros

A morte de Amaro da Silva não deixou indiferente o clube alvinegro, que deu nota de pesar nas redes sociais. Também o Sporting, clube no qual se sagrou campeão nacional na temporada de 1951/52, ao lado dos “Cinco Violinos”, deu nota de pesar pelo falecimento do antigo lateral.
Amaro da Silva representou o Sporting por três temporadas, embora nas primeiras duas tenha alinhado apenas como reservista. Vinha do Palmelense, onde começou a jogar federado já depois dos 20.

Amaro da Silva com a camisola do Sporting, clube no qual se sagrou campeão nacional
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Chegou ao Caldas na temporada de 1953/54, resultado da aposta da direção encabeçada por Artur Capristano de levar o Caldas à 1ª Divisão nacional. Recrutado à União de Montemor, então com 28 anos, Amaro da Silva vinha com o rótulo de campeão pelos leões.
Na primeira temporada de Amaro da Silva com o pelicano ao peito, a subida fugiu ao conjunto alvinegro, mas concretizou-se na seguinte. O lateral-direito foi uma pedra basilar da equipa, tanto na subida, como, depois, nas quatro temporadas entre os grandes do futebol português. Chegou mesmo a envergar a braçadeira de capitão. Só no escalão principal, Amaro da Silva fez 81 partidas com a camisola do Caldas, em 104 possíveis.
Quando o Caldas baixou à 2ª Divisão, ainda permaneceu mais uma temporada, rumando depois ao Mirense, onde terminou a carreira de jogador e iniciou a de treinador. Foi nessa condição que regressou ao seu Caldas, mas sem o sucesso que tinha tido como jogador. Serviu ainda o clube como dirigente.

disputou 81 ao serviço do Caldas na 1ª Divisão nacional, entre as épocas 1955/56 e 1958/59. A estes, juntou mais 12 ao serviço do Sporting no principal escalão na temporada 1951/52, que lhe deu o título de campeão nacional

Mas não foi apenas no futebol que Amaro da Silva deixou marca nas Caldas da Rainha, também o fez enquanto empresário. Na longínqua década de 1950, ser profissional de futebol era privilégio de muito poucos, mesmo nos clubes “grandes”. Trabalhava no ramo dos frios e um dos trunfos de Artur Capristano para o convencer a vir para as Caldas foi dar-lhe condições para se estabelecer profissionalmente. Numa entrevista à Gazeta das Caldas, chegou a referir-se a Artur Capristano como um “segundo pai”, pelo apoio que lhe deu.
O jogador acabou por se lançar como empresário, fundando primeiro a empresa Frimóvel e, depois, a empresa Amaro da Silva, Lda, que continua a ser gerida em segunda geração pelas filhas Maria dos Anjos e Fernanda Ferreira. ■

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