Hélder Postiga, um dos homens fortes da Liga 3, realça que a prova vai assentar nos valores, mas quer trazer de volta o entusiasmo ao jogo
O antigo internacional português Hélder Postiga é dirigente da Federação Portuguesa de Futebol e um dos rostos da nova Liga 3. Em entrevista à Gazeta, faz um retrato do que a entidade pretende para esta prova.
O objetivo da Federação é que a Liga 3 seja uma prova de excelência, a nível desportivo e de organização?
Esse é, de facto, o grande objetivo. Esta vai ser a liga da Federação e vai haver um grande investimento. Queremos uma liga diferenciadora, mais competitiva do que o Campeonato de Portugal. Queremos que seja uma liga credível, transparente, alegre, popular e que interaja com a comunidade. O nosso slogan é “o puro futebol”, são os valores que queremos transmitir nesta competição. Vamos ter uma carta de princípios, um compromisso assinado por todos os agentes desportivos, porque queremos ser o exemplo para ligas profissionais em termos de valores, mas também que haja a alegria e o entusiasmo do futebol.
O formato aumenta na competitividade. Será um bom palco para promover os jogadores?
A Liga 3 será um espaço de referência para crescimento de futebolistas, porque estamos na antecâmara do futebol profissional. Queremos dar competências aos jogadores, mas também aos treinadores, aproximando do profissionalismo, encurtando o degrau entre os campeonatos não profissionais e os profissionais. Seguramente vão surgir novos valores, que, por vezes, ficam esquecidos por não terem visibilidade. Com a competitividade e a visibilidade que a Liga 3 vai ter, criam-se dinâmicas para que os jogadores possam evoluir e ser vistos.
Um dos problemas dos clubes no Campeonato de Portugal é a dificuldade de gerar receitas. Como vai a FPF “ajudar” os clubes nesta Liga 3?
A Federação criou um fundo de apoio às infraestruturas, com o qual vai cofinanciar, em conjunto com as autarquias, melhorias das infraestruturas dos clubes. Depois, há a mais-valia da visibilidade que terá esta Liga 3, através das plataformas da FPF. Os clubes já sentiram um pouco isso na fase de acesso. A visibilidade vai dar-lhes melhores condições para negociar patrocínios e essa é uma ferramenta que os clubes deverão aproveitar.
“Queremos ser o exemplo para as ligas profissionais em termos de valores, mas também que haja a alegria e o entusiasmo do futebol”
Hélder Postiga
Com a Liga 3 pretende-se também que haja uma grande interação com as comunidades. Como é que isso vai acontecer?
Teremos um ranking do Puro Futebol, baseado nos princípios de fair-play definidos pela FIFA. Os clubes vão ser avaliados dentro e fora do campo, quer na questão dos cartões, quer pelo comportamento dentro e fora dos estádios, incluindo dos adeptos. Outro dos critérios é a interação com comunidade, nomeadamente na promoção de projetos sociopedagógicos. Nesse ranking, os clubes mais bem pontuados terão benefícios económicos, sempre entroncando nos bons valores desta prova. Também queremos ter parceiros locais associados à Liga 3, com espaços na primeira linha de publicidade para as autarquias dimensionarem a sua imagem e promoverem eventos. Nas Caldas, a receção da autarquia foi muito positiva.
Pessoalmente, o que significa para o Hélder Postiga ser um dos rostos desta prova tão ambiciosa?
Estou super entusiasmado. É o ano 0 desta competição na qual a Federação aposta muito nesta prova, que desenhamos para ser o melhor possível, mas será importante introduzir sempre melhorias. Estou entusiasmado porque considero que vai trazer uma visibilidade que os clubes, os jogadores e os treinadores merecem.
É importante para a Liga 3 ter clubes com o historial do Caldas?
O Caldas demonstrou um grande envolvimento, pelo seu presidente, mas também pelo vereador e pelo presidente da Câmara das Caldas da Rainha. Percebem o valor da competição e o que pode trazer para o clube e para a cidade. Além disso, o Caldas é um clube que ainda há bem pouco tempo esteve muito perto da final da Taça de Portugal, tem um campo diferenciado, mítico, além de ser um clube que aposta muito nos jogadores locais, pelo que tem muito do que queremos para esta competição. ■






























