A caldense Luísa Gouveia, mais conhecida por Nini, assumiu, em maio, a liderança do ranking mundial de pares mistos da ITF. Em entrevista, assume a desilusão com a Federação Portuguesa de Ténis e revela os objetivos para o Europeu de veteranos, que decorre na ilha de Veli Losinj, na Croácia.
Como é ser número 1 do mundo?
É um prémio pelo esforço, dedicação e entrega pela modalidade, sobretudo quando estou longe de ser profissional. Tenho a minha profissão, como investigadora, mas liderar o ranking mundial é o premiar de uma paixão. Às vezes não me apetece treinar às 08h00 da manhã, mas tem de ser. Ser a número 1 não é como ser campeão do Mundo, em que se conquista um título numa semana, mas sim a recompensa por um trabalho contínuo.
E o que a faz correr pelos courts do mundo?
Costumo dizer que, como não faço férias de papo para o ar, o ténis é a desculpa para viajar, estar com velhos amigos e fazer novos. Em cada torneio faço novos amigos. Sou muito sociável, falo muitas línguas e parece que, com isso, as pessoas se aproximam mais. Gosto muito de conhecer pessoas, novos sítios e novas culturas. Não gosto nada de voar, sobretudo sobre o mar, mas não deixo de ir às competições.
Em Portugal, dá-se o devido relevo ao ténis de veteranos?
Começa a dar-se algum relevo, mas é algo ainda muito incipiente. Devo dizer que há 13 anos que não jogo em Portugal. A Federação tem dinheiro, mas… Agora começaram a fazer umas coisas com o ténis de veteranos, mas é muito pouco e com muita fachada. Nunca perdi um encontro de veteranos no meu país, com exceção de um jogo interclubes [com a Joana Pedroso, 15 anos mais nova], tive anos em que vencia os torneios nacionais por 6-0, 6-0, sou a número 1 mundial de mistos, mas não sirvo para jogar na Seleção Nacional.
Sente falta de reconhecimento por parte da Federação?
Passam-se coisas muito estranhas na Federação e isso deixa-me irritada, porque as federações devem servir para apoiar os atletas e não para proveito próprio dos dirigentes.
Está no Europeu. Que perspetivas tem para a prova?
Tive algum azar, porque houve desistência de duas jogadoras no torneio e, por isso, não tivemos quadro. Calhei num grupo com a campeã do mundo e o sorteio foi pouco favorável. Nos mistos vou jogar um escalão abaixo, com um amigo meu que joga muito bem, mas não será fácil manter a liderança do ranking ou lutar por uma presença numa final.
E como é jogar com um homem? É muito diferente?
É igual, até é engraçado. Normalmente, os homens servem com mais potência, mas como sou forte na rede acabo por tirar vantagem. O relacionamento é muito bom. Recordo-me de, no verão de 2021, ter derrotado um homem e na semana seguinte ele convidar-me a jogar com ele…
O facto de nem sempre haver árbitros nos jogos condiciona?
Raramente há problemas. Em singulares só há árbitro nas finais, mas nos pares nunca há árbitro. Quem está nisto de boa fé nunca tem problemas.
E qual o piso em que se sente mais confortável
Antes apreciava mais o piso rápido, agora gosto da terra batida, mas o que me interessa é jogar! ■































