Segundo os dados da organização, “foram 51 mil as pessoas que passaram este domingo pelo areal de Supertubos para o segundo dia do Meo Rip Curl Pro Portugal presented by Corona, 3.ª etapa do circuito mundial de surf. Depois de, neste sábado, terem sido 32 mil os fãs de surf a marcar presença em Peniche, hoje o apoio aos melhores surfistas do mundo voltou a fazer-se sentir em Peniche”.
Com ondas a rondar os 3 metros, a elite do surf mundial presenteou todos os que se dirigiram à praia com um “show” de tubos, manobras e até uma nota “10”, alcançada pelo australiano Callum Robson, na 4.ª bateria da ronda de repescagens. Foi a primeira onda perfeita do circuito.
Este domingo, apenas os homens estiveram na água. A prova arrancou bem cedo com as quatro baterias da ronda de repescagens, cada uma com 35 minutos, e com recurso a “jet-ski”. Seguiu-se uma paragem devido à maré e a 3.ª ronda arrancou pelas 13h30, com a realização de dois em simultâneo, cada um de 40 minutos.
Frederico Morais despediu-se, este domingo, da prova, terminando na 33.ª posição, depois de ter sido eliminado na ronda de repescagens. Kikas, que tinha recebido o wild-card para a terceira etapa do circuito mundial de surf, perdeu na 2.ª bateria do dia, diante de Kanoa Igarashi e de Kelly Slater. O heat foi maioritariamente liderado pelo japonês, que se destacou desde cedo, deixando a luta para a segunda vaga em aberto. O surfista de Cascais ainda conseguiu subir ao 2.º lugar da bateria a 8 minutos do fim, mas o 11 vezes campeão do mundo não deu hipóteses e recuperou a 2.ª posição quando faltavam 4 minutos para o final da bateria. Embora ainda tenha tentado nos últimos minutos encontrar uma onda de 3,08 pontos, o surfista português não conseguiu e diz assim adeus à prova em Supertubos.
Ao sair da água, Kikas falou da gestão que fez da bateria. “O que tentei foi apanhar ondas e ver no que dava… Nestas condições pesadas, não podemos estar à espera da onda perfeita, porque sabemos que não vai aparecer. Se apanhamos todas as ondas, também podemos perder a que nos pode dar a oportunidade de pontuar. É um bocado ‘go with the flow’ [ir com a corrente]. Foi o que fiz”, referiu Frederico Morais. “Agora é seguir em frente, continuar a trabalhar e para o ano espero cá estar outra vez”, concluiu. Nesta bateria, Kanoa Igarashi somou 11 pontos (em 20 possíveis), Kelly terminou o heat com 6,20 pontos, enquanto Frederico Morais somou apenas 5,46 pontos.
No entanto, apesar de Kanoa Igarashi e Kelly Slater terem seguido em frente nesta fase, acabaram por ser eliminados na ronda seguinte. E não foram os únicos nomes sonantes a cair na 3.ª ronda, terminando a 3.ª etapa do circuito mundial em 17.º lugar. Numa bateria bastante renhida com o brasileiro João Chianca – e num heat repleto de tubos – Kelly Slater ficou a precisar de 5,21 pontos para vencer. Quem também ficou pelo caminho, na mesma posição, foi Kanoa Igarashi, que perdeu diante de Samuel Pupo, bem como o atual campeão mundial, Filipe Toledo, que foi eliminado pelo francês Joan Duru, na 3.ª ronda. A estes nomes, juntou-se John John Florence. O bicampeão mundial (2016 e 2017) perdeu a bateria com o “rookie” Rio Waida, por apenas 0,13 pontos. O havaiano ficou a precisar de uma onda de 4,64 pontos para superar o surfista indonésio.
O destaque deste domingo foi a onda pontuada com 10 pontos (em 10 possíveis) de Callum Robson. O australiano de 22 anos fez um tubo considerado perfeito pelos juízes da prova, no 4.º heat das repescagens. Numa bateria em que enfrentou o tricampeão mundial Gabriel Medina, e o rookie francês Maxime Huscenot, foi a três minutos do fim que Callum Robson arriscou tudo e apanhou um tubo inacreditável. Tirou, de resto, a primeira nota “10” do ano no circuito mundial de surf. “Sabe mesmo bem, especialmente num momento em que como este. Remei o mais depressa que consegui, apanhei a onda e depois fiquei dentro do tubo. A onda sugou-me completamente e pensei: ‘Meu Deus, tenho de conseguir sair’. Fiquei tão feliz, bati palmas com tanta força que me ficaram a doer as mãos”, confessou o australiano.
Yolanda Hopkins apura-se para os quartos de final
Já na manhã desta segunda-feira, com ondas de 2 a 3 metros e um mar pesado, o destaque, a nível nacional, foi a vitória de Yolanda Hopkins, que eliminou a 5 vezes campeã do mundo Carissa Moore.
No 5.º heat do dia, a surfista algarvia de 25 anos esteve sempre na frente. Começou com uma onda pontuada com 5,67 pontos a que somou uma outra de 6,10 pontos. Já a havaiana foi tentando superar Yolanda, chegou mesmo a trocar de prancha a meio do heat, mas nunca foi capaz. No final, Carissa ficou a precisar de 6,14 pontos para o 1.º lugar da bateria. “Estou muito feliz, sempre olhei para a Carissa como um exemplo desde o início, sempre foi uma referência para mim. É incrível partilhar estas ondas com ela, e competir contra ela”, começou por dizer a recém-coroada campeã europeia e wild-card deste evento.
“Estou muito feliz por poder mostrar o meu surf nestas condições, que estão bem difíceis. Sabia que se eu fizesse uma boa manobra na junção os juízes iam valorizar, só procurei as ondas maiores… eu não tinha nada a perder”, disse ainda Yolanda Hopkins, que já na ronda anterior tinha enfrentado a 5 vezes campeã do mundo. “Estar aqui com todos os portugueses a apoiar é incrível… Agradeço o apoio de todos, as mensagens que já me enviaram… Só quero representar Portugal da melhor forma”, concluiu a surfista algarvia, que somou assim um score total de 11,77 pontos, contra os 10,23 da havaiana. Nos quartos de final, a portuguesa vai encontrar a australiana Macy Callaghan.
A outra portuguesa em prova, nesta segunda-feira, foi Teresa Bonvalot que acabou por ser eliminada por Tatiana Weston-Webb. A surfista de Cascais começou bem a bateria, com duas pontuações de 4,50 e 5,10 pontos (em 10 possíveis), mas a brasileira – que no ano passado venceu a etapa de Peniche – respondeu e acabou por levar a vitória, alcançando um total de 11,07 pontos (em 20 possíveis) e avançando para os quartos de final.
Perante o apoio dos portugueses, Teresa Bonvalot totalizou apenas 9,60 pontos e finalizou a participação em Peniche, igualando o 9.º lugar conquistado em Pipeline, a que soma ainda um 17.º em Sunset Beach. De recordar que a surfista portuguesa beneficiou do estatuto de 1.ª suplente devido à lesão de Johanne Defay e por isso participou nestas primeiras três etapas do circuito mundial.
Outro dos destaques do dia, no feminino, foi ainda Courtney Conlogue, que fez a melhor onda desta segunda-feira. Somou 7,17 pontos (em 10 possíveis), num heat diante de Gabriela Bryan. Entretanto, com a eliminação de Carissa Moore, que chegou a Peniche a liderar o ranking juntamente com Molly Picklum, é a australiana de apenas 20 anos que assume, por agora, a camisola amarela, depois de se ter apurado para os quartos de final. “A prova em Portugal tem sido divertida, tenho vindo a sentir que as coisas estão a mudar, a melhorar, e quero continuar assim porque quero mesmo chegar à final”, assumiu Molly Picklum.
Apuradas para os quartos de final estão assim Molly Picklum, Tatiana Weston-Webb, Sally Fitzgibbons, Courtney Conlogue, Yolanda Hopkins, Macy Callaghan, Caitlin Simmers e Sophie McCulloch. A próxima chamada será na tarde de hoje, para avaliar as condições para concluir as duas baterias que faltam do round 3 masculino.































