
Atleta nascido nas Caldas da Rainha em 1938 foi uma das referências do desporto português, principalmente nas décadas de 1960 e 1970, durante as quais bateu por nove vezes o recorde nacional do salto com vara. Foi mesmo o primeiro português a passar a fasquia colocada a 4 metros de altura. Representou o Benfica e foi várias vezes internacional por Portugal, desde a idade de júnior
A história do desporto é feita de pessoas aparentemente comuns que conseguem fazer coisas absolutamente extraordinárias, que só estão, de facto ao alcance dos predestinados. Se hoje em dia os atletas têm condições de excelência para se desenvolverem e maximizarem o seu desempenho, quando recuamos perto de 70 anos a realidade era bem distinta. Isso é o que dá mais valor aos feitos de Manuel dos Santos no desporto nacional.
Nascido nas Caldas da Rainha a 11 de Outubro de 1938, foi apenas com 18 anos que se iniciou como praticante de atletismo, segundo Mário Lino, na segunda edição do livro “Figuras e factos da história do desporto caldense”.
Nessa altura não haviam, sequer, as pistas de tartan. E se hoje os atletas enveredam por uma disciplina, naquele tempo as coisas eram bem diferentes.
Foi no corta-mato que se iniciou e mostrou a sua fibra de campeão, vencendo uma prova organizada pela Mocidade Portuguesa no Estádio Nacional.
Ainda nesse ano, concorreu e venceu a eliminatória distrital de Lisboa da Légua Nacional e concorreu à competição Primeiro Passo, obtendo o sétimo lugar na distância dos 2000 metros. O desempenho do atleta despertava a atenção do Sport Lisboa e Benfica, que ainda nesse ano de 1957 o recrutava para as suas fileiras.
É ao serviço dos encarnados que se direcciona para o salto com vara, modalidade na qual se destacou de forma considerável. No entanto, continuou a competir noutras modalidades, algo que era frequente naqueles anos, em que o ecletismo era recorrente entre os atletas de elite.
Além do salto com vara, distinguiu-se como praticante de decatlo e também nos lançamentos do disco, e em particular também no lançamento do dardo, disciplina na qual, apesar de não ter obtido títulos nacionais, atingiu um conjunto de resultados dignos de registo.
Mas voltemos ao salto com vara, onde Manuel dos Santos se destacou verdadeiramente.
Chegado ao Benfica em 1957, foi no ano seguinte que conseguiu o seu primeiro título nacional, na categoria de principiantes. No mesmo ano sagrou-se também campeão nacional de juniores nesta modalidade. Ainda nesse ano, enquanto júnior, o atleta caldense do Benfica conseguia terminar como o quinto melhor saltador à vara em termos absolutos, com a marca de 3,35 metros.
A partir dessa fase desenha-se um percurso verdadeiramente dominador na senda nacional nesta modalidade.
Nos 12 anos seguintes, Manuel dos Santos esteve sempre no pódio dos melhores saltadores do ano, sendo que apenas em 1970 ficou com o terceiro lugar. Foi sete vezes o melhor classificado e quatro vezes segundo. Até 1975 continuou sempre no top 10.
Ao dedicar-se à modalidade em que se distinguiu, rapidamente os seus números evoluíram. Dos 3,35 metros em 1958, atingiu os 4 metros em 1960 e superou, pela primeira vez essa altura em 1962, tornando-se o primeiro português a fazê-lo, com 4,03 metros. Fixou o seu melhor registo em 1967, com a marca de 4,20 metros.
Manuel dos Santos foi um atleta de elite e também representou a selecção nacional em várias competições internacionais, destacando-se as presenças nos Campeonatos Ibero-americanos de 60 e 62, nos quais foi 7º e 9º no salto com vara e 8 no decatlo, e a Taça da Europa de 67, na qual foi terceiro classificado.
Apelidado de “Zatopek das Caldas”, bateu 12 vezes o recorde nacional
O palmarés de Manuel dos Santos é invejável ainda aos dias de hoje. A forma como evoluiu e se superou no salto com vara fica patente na quantidade de vezes que estabeleceu recordes nacionais, o que fez, no total, por 12 ocasiões, o que lhe valeu a alcunha de “O Zatopek das Caldas”.
Esta era uma alusão ao atleta checoslovaco Emil Zatopek, que nas décadas de 1940 e 1950 fixou 20 recordes mundiais em distâncias entre os 5 mil e os 30 mil metros.
A primeira vez que Manuel dos Santos fixou novo recorde nacional foi em 1959, com a melhor marca para o escalão de juniores, com 3,50 metros. Já como sénior, melhorou as suas marcas, e as nacionais, por nove ocasiões em pista de ar livre e duas em pista coberta.
Em 1960 bate o recorde nacional absoluto pela primeira vez com 3,75 metros, mas melhora-a mais duas vezes, até aos 4 metros. Em 1962 supera os 4 metros pela primeira vez, com 4,03 e sobe a fasquia a 4,05 dois anos depois. Foi preciso esperar até 1967 para Manuel dos Santos ter o seu melhor ano de sempre, com mais quatro recordes nacionais, a começare nos 4,10 metros e a terminar nos 4,20. Nesse mesmo ano, faz a melhor marca de sempre de um português no salto com vara em pista coberta, com 3,85 metros, marca à qual acrescentou 10 centímetros no ano seguinte.
Além dos recordes nacionais, Manuel dos Santos construiu um palmarés invejável, com dois títulos nacionais em principiantres e juniores, e quatro absolutos, em 1960, 1964, 1967 e 1970.
Além de se ter revelado um atleta de elite no salto com vara, foi entre 1960 e 1968 um dos 10 melhores atletas portugueses no lançamento do dardo, atingindo o seu melhor resultado no ranking nacional desta disciplina em 1966, com um quarto lugar, e a melhor marca no ano seguinte, com 57,20 metros.
Ao serviço da selecção nacional desde os juniores, participou em diversas encontros internacionais.
Manuel dos Santos é, assim, uma das referências do desporto caldense e também um pioneiro nesta modalidade, na qual também se dintinguiram, a seu tempo, outros caldenses, como Jorge Favas e o actual vereador dp desporto na Câmara das Caldas da Rainha, Pedro Raposo.






























