Vitória no último minuto dos descontos reforça candidatura aos quatro primeiros lugares
O Caldas venceu este domingo o Lusitano de Évora por 2-1, com uma reviravolta épica consumada no último lance da partida, depois de uma primeira parte apagada e dominada pelos alentejanos. O golo decisivo surgiu aos 90+5 minutos, por Miguel Velosa, que incendiou o Campo da Mata e garantiu três pontos preciosos para a equipa caldense.
O Lusitano entrou melhor e cedo ameaçou a baliza de Wilson. Aos 11 minutos, Martim Águas apareceu ao segundo poste para obrigar o guarda-redes do Caldas a uma grande defesa, na sequência de um canto. O aviso não chegou e, aos 27’, Tiago Batista aproveitou uma desatenção da defesa local para surgir isolado e inaugurar o marcador, com um remate certeiro. Até ao intervalo, os eborenses controlaram os espaços e limitaram o Caldas a um único remate digno desse nome, num livre de Duarte Maneta que bateu na barreira.
No regresso dos balneários, José Vala mexeu de forma decisiva na equipa, operando uma tripla substituição e alterando o sistema tático para 4-2-3-1. As mudanças surtiram efeito e aos 59’, Gonçalo Chaves restabeleceu a igualdade, aproveitando uma bola sobrante na área, após remate intercetado de Miguel Velosa. O golo empolgou o Caldas, que passou a mandar no jogo e a criar sucessivas ocasiões de perigo.
Tarzan obrigou o guarda-redes visitante a uma boa defesa (68’), Gonçalo Chaves cabeceou com perigo por cima (74’) e, já perto do fim, a foi o poste a negou o golo ao Caldas, novamente na sequência de um canto. Quando tudo parecia encaminhar-se para a divisão de pontos, surgiu o momento mágico: Miguel Velosa, em progressão pela meia-direita, rematou forte ao primeiro poste, com o guardião do Lusitano ainda a tocar na bola mas sem conseguir evitar o 2-1.
Foi uma vitória sofrida, arrancada a ferros, mas que premiou a reação e o espírito de luta dos caldenses, sobretudo na segunda parte, perante um adversário que se mostrou bem organizado e competitivo. O Caldas voltou, assim a somar três pontos, mantendo a liderança e reforçando as aspirações a um lugar nos quatro primeiros no final da primeira fase ao aumentar para sete pontos a vantagem para o quinto posto, quando falta apenas cumprir uma jornada na primeira volta.
Liga 3 Placard – Série B
Caldas 2-1 Lusitano
Campo da Mata
Árbitro: Tiago Sá
Árbitros assistentes: Daniel Costa e Vítor Costa
Caldas: Wilson Soares; Zé Ricardo, Duarte Maneta e Rui Carreira (Gonçalo Chaves, 46′); Matheus Palmério (Miguel Velosa, 46′), Pipo Ferreira, Ewandro Santos (David Lopes, 46′), Pepo e Nuno Januário (Ricardo Alexandre, 81′); Zé Gata (Luís Farinha, 81′) e João Rodrigues (cap.).
Suplentes não utilizados: Duarte Almeida, Yordi, Gonças e Catarino.
Treinador: José Vala
Disciplina: cartão amarelo para Miguel Velosa (95′)
Lusitano: Duarte Martins; Eurichano Carvalho, Cassiano Borges (cap.), Tiago Palancha e João Pinto; Tiago Batista, Martim Águas (Dionísio Mendonça, 85′) e Botché Candé (Tomás Lima, 76′); Sele Davou (Sequeira, 85′), Dida (Yuri, 85′) e Franco Almara (Angel Gomes, 65′).
Suplentes não utilizados: Joel Sousa, Isnaba Graça, Rodrigo Monteiro e Miguel Lourenço.
Treinador: Pedro Russiano
Disciplina: nada a assinalar
Golos: 0-1 por Tiago Batista (27′), 1-1 por Gonçalo Chaves (59′), 2-1 por Miguel Velosa (95′)
José Vala: “Acreditámos até ao fim, é uma vitória que vale mais do que três pontos”
José Vala destacou o espírito de crença e a resposta coletiva do Caldas na reviravolta frente ao Lusitano de Évora. O treinador reconheceu as dificuldades da primeira parte, mas sublinhou o mérito da equipa em acreditar até ao fim e transformar o jogo na segunda metade.
“Apesar da mudança de treinador no Lusitano, estávamos à espera do que apresentaram, mas a nossa estratégia não resultou”, começou por explicar o técnico do Caldas, admitindo que a sua equipa sentiu dificuldades com bola. “Os momentos sem bola resultaram, o problema foi com bola. Perdemos muita posse e o Lusitano aproveitou para sair em transições. A vantagem deles ao intervalo era justa.”
O técnico explicou ainda as dificuldades táticas do primeiro tempo: “Estávamos com o Zé Gata muito aberto, o João Tarzan vinha buscar o jogo e ficávamos sem referência central. O Ewandro estava demasiado baixo, e a ideia era ele jogar mais subido [na esquerda], com o Gata a aparecer por dentro, como segundo avançado. Não estava a resultar. Ao intervalo, optámos pelo plano B, passámos a uma linha de quatro, fixámos o Chaves na frente e abrimos mais os extremos. A partir daí o jogo mudou”, disse.
Na segunda parte, o Caldas foi ganhando ascendente, empurrou o Lusitano para trás e acabou por ser recompensado com os golos de Gonçalo Chaves e Miguel Velosa. “À medida que o tempo foi passando, fomos acreditando. O público ajudou-nos muito, e acabámos por chegar ao fim com uma vitória que sabe muito bem, contra um adversário de grande valor”, afirmou.
Questionado sobre o impacto moral deste triunfo, Vala não hesitou: “É uma vitória que sabe muito bem, da maneira como foi conseguida no último segundo. É mais do que três pontos, é uma vitória de crença, de união e de espírito de equipa. Temos de valorizar todos os que entraram, não só os três do intervalo, mas também o Ricardo e o Farinha, que vieram acrescentar. Agora é descansar e preparar o jogo com a Académica, com esta confiança reforçada.”
Pedro Russiano: “O empate seria o resultado mais justo”
Pedro Russiano, treinador do Lusitano de Évora, mostrou-se orgulhoso da exibição da sua equipa, apesar da derrota. O técnico lamentou o desfecho do jogo, que considerou um “duro golpe”, mas destacou a atitude e entrega dos seus jogadores, num campo que classificou como “extremamente difícil”.
“Em primeiro lugar, quero agradecer aos nossos adeptos, que estiveram ali naquela curva sempre a apoiar-nos e a ajudar para que isto não acontecesse. Foi um duro golpe. A equipa fez um belo jogo, num campo e numa relva muito pesados, que se tornam cansativos com o decorrer da partida”, começou por dizer Russiano.
O treinador sublinhou que o Lusitano dominou a primeira parte: “Controlámos todos os movimentos e padrões ofensivos do Caldas. Conseguimos adiantar-nos no marcador com naturalidade e o Caldas praticamente não criou perigo, a não ser numa bola parada. Depois, a dez minutos do fim da primeira parte, tivemos uma grande oportunidade pelo Dida — se fizéssemos o 2-0, penso que a história do jogo seria diferente. Não o fizemos e sabíamos que na segunda parte iríamos sofrer.”
Russiano elogiou também o adversário e reconheceu o impacto das alterações táticas de José Vala: “O Caldas tem uma excelente equipa, muito adaptada a este campo. A mudança para o 4-2-3-1 criou-nos mais dificuldades e mais ocasiões de golo. Acho que nos faltou alguma experiência nesta competição — houve momentos em que devíamos ter gerido melhor, queimado tempo e segurado mais a bola. O erro defensivo no fim acabou por deitar tudo a perder.”
Quanto às substituições feitas na segunda parte, o técnico explicou que o objetivo foi “refrescar a equipa”. “Fisicamente caímos muito. Este terreno é pesado e molhado, e o Caldas sabe aproveitá-lo bem. As substituições foram para tentar travar o ímpeto final do Caldas. Penso que o empate seria o resultado mais justo. Parabéns ao Caldas, que nunca desistiu. E parabéns aos meus jogadores, que tiveram uma atitude exemplar e saem de cabeça erguida.”
De regresso ao comando técnico do Lusitano após a boa época passada, Pedro Russiano mantém ambição. “Queríamos ganhar aqui para lutar pelos quatro primeiros lugares. Esse continua a ser o nosso objetivo. Este jogo era importante, mas agora temos dois em casa e vamos tentar vencê-los para ainda acender alguma luz.”































