Equipa chegou a ir a jogo apenas com 8 jogadores, perdeu todos os jogos do campeonato, mas nunca desistiu, numa verdadeira lição para a vida
A equipa de iniciados da Associação Espeleológica de Óbidos terminou no passado domingo a participação na Divisão de Honra distrital de Leiria. Os resultados não foram os melhores. A equipa teve muitas dificuldades, com um plantel demasiado curto que levou a que, nalguns jogos, nem tivesse os 11 elementos em campo. Ficou no último lugar, não ganhou nenhum jogo, nem conseguiu pontuar. Mas há uma vitória que ninguém lhes tira: apesar de todas as dificuldades e contratempos, nunca na cabeça dos jovens jogadores passou a ideia de desistir e isso faz deles uns verdadeiros campeões da resiliência.
Os números da AE Óbidos são cruéis, demasiado cruéis para o currículo de jogadores cuja maioria ainda não atingiu os 15 anos de idade. Foram 26 derrotas em 26 jogos, com 200 golos sofridos e apenas 6 marcados no campeonato.
Adriano Leiria é o treinador da equipa e, apesar de não ser supersticioso, aponta que esta foi uma época sob o signo do 13. “Temos um grupo de 13 jogadores, tivemos 13 bolas a época toda…”, refere. Mas a questão não foi sorte, nem azar.
“Este grupo tinha muitos jogadores, mas durante a pandemia muitos foram embora, pelo menos 16”, conta o técnico, que durante a temporada ainda perdeu mais um elemento, que saiu para o Caldas.
Com a época lançada, a equipa avançou na mesma e os resultados passaram a ser secundários. “Não há nada a dizer, temos alguns jogadores com alguma qualidade e outros com muitas limitações, mas são miúdos que gostam de treinar, disso não há dúvida nenhuma”, aponta Adriano Leiria, que elogia o sentido de persistência dos seus pupilos. “Foi uma época positiva, não lhes podia pedir mais do que eles fizeram”, realça.
A grande dificuldade foram os jogos fora, para os quais foi difícil levar jogadores suficientes para escalonar um “onze”. E também algumas fases da temporada em que havia menos de uma dezena de jogadores para treinar, “o que não é suficiente para fazer um trabalho eficaz”, aponta.
No grupo de 13, a equipa da AE Óbidos tinha três guarda-redes, dois dos quais tiveram que jogar quase sempre em posições mais adiantadas, e três raparigas.
Guilherme Costa, um dos jogadores da equipa, não esconde que foi “um bocadinho difícil”, e por vezes até “um bocadinho frustrante”, o acumular das derrotas e dos golos sofridos. Mas, então, o que os fez continuar, quando o mais fácil seria deitar a toalha ao chão? “Foi o gosto pelo futebol, porque não são só as vitórias que interessam”, garante o jovem, que acrescenta algo ainda mais importante. “Temos uma grande amizade entre nós, apoiámo-nos sempre e isso também ajudou a passar as fases mais difíceis”, garante Guilherme Costa, que nota evolução na equipa ao longo da temporada.
De resto, Guilherme não duvida que esta temporada fez os 13 jogadores do grupo mais fortes na forma como aprenderam a lidar com as dificuldades. “Foi uma aprendizagem importante para a nossa vida”, afirma. E o jovem jogador, que não esconde o sonho de vir a ser jogador de futebol profissional, diz que o grupo até já está a pensar na próxima época, para a qual vai voltar mais forte.
Na próxima temporada, apenas um dos jogadores do plantel não será iniciado e o grupo recebe os que sobem dos Sub-13 e Adriano Leiria acredita que formará “uma equipa com qualidade”. ■































