Grupo norte-americano está interessado em investir no Caldas

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Investidores pretendem aliar investimento na equipa a um projeto de desenvolvimento tecnológico

Há um grupo dos Estados Unidos da América interessado em investir no futebol do Caldas.

As conversações estão em andamento, mas, apesar de não haver ainda uma proposta formal em cima da mesa, o processo parece estar bem encaminhado para, pelo menos, ser analisada em conjunto com os sócios do clube. A informação foi dada na assembleia-geral, reunida no passado dia 21 com cerca de 80 associados, na qual foram também aprovadas alterações aos estatutos do clube.

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O presidente do Caldas, Rodrigo Amaro, revelou que o clube tem tido várias abordagens quanto à possibilidade de constituição de uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD). “Algumas foram superficiais, outras não nos pareceram de grande confiança. Mas houve uma, de um grupo americano, que nos transmitiu alguma confiança e segurança”, afirmou o dirigente, acrescentando que o processo foi já comunicado “à Câmara Municipal e aos órgãos sociais”.

Segundo Rodrigo Amaro, o Caldas tornou-se “apetecível do ponto de vista dos investidores”, uma vez que atingiu “o seu expoente máximo do ponto de vista competitivo”, tem “as contas organizadas, não tem dívidas acumuladas”, além de ter “prestígio a nível nacional”. O responsável sublinhou ainda a valorização que o clube tem proporcionado a vários jogadores, recordando exemplos como Miguel Rebelo e João Silva, que deram o salto para patamares superiores, ou ainda Leandro e Rafa Pinto, que rumaram ao campeão do Luxemburgo.

Rodrigo Amaro alertou que, “mais ano, menos ano, será incomportável manter uma gestão amadora”, reconhecendo que será necessário “dar um passo à frente, ou um passo atrás”. Nesse sentido, considerou que uma eventual SAD poderia representar “um alívio significativo”, porque a equipa sénior absorve grande parte do orçamento do clube, libertando assim meios para que o clube possa ter condições de investir.

Apesar de admitir a atratividade do projeto, Amaro garantiu que existem “princípios inabaláveis em relação ao clube” que não serão postos em causa, como “a manutenção da identidade, os jogos no Campo da Mata, a melhoria das instalações, a manutenção das modalidades no clube” e “a construção de um centro de treinos”. Embora não esteja ainda discutida quais as equipas do clube que passarão para a SAD, o presidente adiantou que a vontade do clube é que seja apenas a principal, embora isso levante questões ao nível das inscrições dos jogadores, de modo a que possa haver rotação entre os dois plantéis, como acontece atualmente.

Transmitidas ao grupo as pretensões do clube, Rodrigo Amaro adiantou que os próximos passos serão dados pelo potencial parceiro, no sentido de avançar com uma proposta concreta. Caso o processo avance, será o projeto será levado a votação dos associados, porque, frisou o dirigente, “os sócios serão soberanos na decisão de criar uma SAD”.

Questionado pelos sócios quanto às motivações do parceiro, Rodrigo Amaro explicou que a perspetiva é “olhar como projeto de crescimento desportivo de modo a obter retorno”, mas também “criar outras vertentes de negócio”. Uma delas, de acordo com a vontade do clube, será no investimento e rentabilização de “um centro de treinos digno, que sirva não apenas o Caldas, mas que seja uma fonte de rendimento através da receção de estágios de outras equipas”. Mas, sem avançar com muitos pormenores, Rodrigo Amaro adiantou o projeto do grupo poderá passar por mais do que o investimento na equipa. “O que nos foi transmitido é que também existe interesse em perceber se a região em que estamos inseridos tem potencial em áreas ligadas às novas tecnologias, à inteligência artificial”, referiu.

O presidente fez ainda questão de “tranquilizar” os associados e garantiu transparência em todo o processo. “Nós sabemos muito bem quais as linhas de que não abdicamos, e as que os sócios também não abdicam”, garantiu.

Rodrigo Amaro não indicou uma linha de tempo para os próximos passos, mas, numa condição que impõe ao parceiro, deu indicação de que o processo pode ser para concluir durante a corrente temporada. “Fazemos questão de colocar [na negociação] a obrigatoriedade de que sejam respeitados os compromissos assumidos pelo clube nesta época desportiva”, disse, quer em relação à equipa técnica, quer aos jogadores.

Novos estatutos aprovados
No primeiro ponto da assembleia geral, foi submetida à apreciação e votação dos sócios a proposta de alteração dos estatutos do clube, com vista a atualizar o documento, cuja última revisão tinha sido há cerca de 20 anos. A proposta, criada por uma comissão de cinco elementos e que teve ainda contributos de Joaquim Marques, sócio e colaborador do clube, foi aprovada com 76 votos a favor e cinco abstenções.

O objetivo da revisão foi o de criar condições que permitam que o clube seja “gerido de forma ainda mais responsável e permita abrir condições para que possa crescer, profissionalizar-se e ter uma perspetiva de planeamento de médio/ longo prazo”, disse Rodrigo Amaro.

Entre as alterações, destacam-se a atualização das categorias de sócio, a definição de incompatibilidades para os membros dos órgãos sociais, uma maior regulação sobre os mandatos e atos eleitorais. Foi também criada a possibilidade de até dois membros da direção poderem passar a exercer funções no clube a tempo inteiro, assim como revistas as composições dos órgãos sociais, incluído um regulamento disciplinar e criadas as figuras do provedor, das Casas e doa GOA (Grupos Oficiais de Adeptos).

Os novos estatutos entram em vigor após as eleições do próximo mês de março.

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