Juntar futebol e vinho é um desporto que muitos adeptos gostam de praticar à mesa, mas André Perre e Leandro Antunes, que estão habituados a fazer golos aos adversários, foram mais longe nessa ligação.
O médio do Caldas e o avançado do Vilafranquense, que na época passada coincidiram no Marinhense, decidiram inscrever-se na 2ª edição do curso de “Escanção – enologia e serviço de vinhos” da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO), por forma a preparar o futuro. A curto e a médio prazo.
No caso do beneditense André Perre, a motivação para tirar a formação surgiu por intermédio do sogro e dos colegas de trabalho no restaurante Costa Brava.
“Temos cerca de 800 referências de vinho e para saber aconselhar o cliente entendi que deveria vir para a escola. Creio que será vantajoso para mim e também para o restaurante, pois o vinho é um fator cada vez mais importante na restauração”, frisa o médio, de 31 anos, que se estreia esta temporada como pelicano.
No balneário do Caldas, os colegas de equipa não perdem a oportunidade para se meterem com o futuro sommelier, ou seja, o responsável por toda a área de bebidas do restaurante. “Brincam comigo, perguntando-me quantos vinhos já provei e recordando que, a seguir, temos de treinar”, revela o médio, um dos mais utilizados por José Vala no Campeonato de Portugal.
Se André Perre só começou a ter contacto com o néctar dos deuses depois de começar a namorar com Mariana e passar a trabalhar no restaurante, Leandro Antunes cresceu no ambiente ligado à vitivinicultura, dado que a família tem uma empresa de venda de vinho e aguardente.
“Sempre me habituei aos cheiros na destilaria em Malaqueijo (Rio Maior), mas nunca me meti no negócio. Espero aprender muita coisa nova neste curso”, resume o avançado, que na época passada somou 16 golos pelo Marinhense e esta época fez 1 golo em 12 jogos pelo Vilafranquense na 2ª Liga.
Mas, afinal, o que faz um profissional de futebol numa formação deste tipo? O riomaiorense, de 23 anos, remata forte: “A profissão de futebolista cada vez é menos tabú. Somos livres de estudar, ter outros conhecimentos e experiências e a minha intenção com este curso é mesmo essa. Tendo um horário flexível, não abdicando do sonho, aproveito para aumentar os conhecimentos”.
A reação dos companheiros de equipa não podia ser mais positiva. “Brincam muito com a situação, mas sabem que faz bem aprender outras coisas. Mas nunca levei garrafas para o balneário”, brinca o jogador, que prefere o champagne ou um espumante para “festejar uma vitória mais importante ou uma subida de divisão”, mas assume que a bebida preferida é, mesmo, o tinto.
“Gosto de um vinho encorpado, frutado. Temos vinhos muito bons no nosso país e, por isso, não tenho preferências de regiões”, salienta Leandro Antunes, que partilha a preferência com o ex-colega de equipa.
André Perre não apreciava vinho, mas agora tem o gosto mais refinado. “Aprecio um vinho que tenha uma entrada de boca boa, bem elaborado e português”, sustenta o futuro escanção, que até já começou a aconselhar os colegas do Caldas na escolha do vinho.
“Eles estavam habituados a comprar no supermercado, mas agora já vão atrás do que lhes aconselho”, assume o médio, satisfeito pela opção tomada na época 2020/21.
“Cheguei a um clube de topo, bem organizado, boa estrutura e estou no clube mais representativo da região. E dá para compatibilizar e cultivar as duas paixões: o futebol e o vinho”, remata.
Diretor da escola tece elogios
Para o diretor da EHTO, Daniel Pinto, a presença de dois futebolistas no curso de escanção merece rasgados elogios, sendo a prova de que “o mundo da hotelaria e do turismo é inspirador e inspira até pessoas que têm outras profissões e olham para este setor como uma valorização profissional e pessoal”.
Este curso é dirigido às pessoas que estão a trabalhar no setor, mas também para quem pretende “adquirir comptências técnicas para poder entrar no setor”.
O curso, de 300 horas, tem 20 alunos, aulas de segunda a sexta das 15h30 às 18h30, terminando em maio. A formação começou em novembro e ainda não é possível avaliar estes formandos, mas Daniel Pinto assume que André Perre e Leandro Antunes são “alunos muito interessados, motivados e corretos”. “Para nós é bom que isso aconteça, porque é sinal de que a escola está a cumprir o seu papel”, conclui o diretor.































