O campeonato do mundo de artes marciais, que decorreu entre 7 e 9 de Abril, incluiu na sua programação a Feira Internacional de Cultura e Desporto, que trouxe vários expositores à Expoeste: dos produtos para as artes marciais (luvas, fatos, capacetes, protecções) à gastronomia, passando pelo merchandising da WAC, pelas armas e pela cerâmica de Vítor Lopes Henriques.

A Feira Internacional de Cultura e Desporto procurava dar a conhecer a cultura portuguesa aos visitantes dos vários países. Folclore e música fizeram parte do programa, com as participações do Rancho Folclórico e Etnográfico “As Ceifeiras da Fanadia”, dos Pimpolhos da ARECO (Coto) e do rapper O Mago. O ginásio Queen’s foi parceiro da iniciativa, com sessões de divulgação de diversas actividades praticadas no ginásio e um concurso de crossfit.
A restauração foi entregue ao Forno do Avô, do Bombarral, que pertence ao casal caldense Dário e Sílvia Ferreira. Dário explicou à Gazeta das Caldas a complexidade de cozinhar para tanta gente e de tantos países diferentes. “Este ano foi mais fácil, porque já tínhamos a experiência do ano passado”, contou, acrescentando que se focaram mais nos atletas e menos nos visitantes.
O empresário disse que contaram com a ajuda da organização na criação da ementa e que tiveram “muito cuidado com as religiões”, desenvolvendo ementas à base de aves e sempre com opções vegetarianas, sopa de legumes e fruta.
O Forno do Avô foi criado nas Caldas há 15 anos e fechou à cinco, mantendo o estabelecimento no Bombarral, onde já está há 10 anos. Emprega actualmente sete pessoas além dos proprietários. Na feira contou com 15 trabalhadores, mantendo o café aberto durante estes dias.
Comparando com o número de refeições servidas no último ano disse que “foi mais ou menos igual” e que foram vendidas “umas boas centenas de pizzas que, tal como o pão com chouriço, foram cozidas na Expoeste”. As refeições já vinham feitas de fora porque “infelizmente não há condições para serem confeccionadas na Expoeste”.
Depois da Páscoa o Forno do Avô irá abrir os bares da Escola de Sargentos do Exército, que foram concessionados a esta empresa.
A Pastelaria Machado (em frente à ETEO) também tinha uma banca com doces, salgados e gelados. Luís Machado, proprietário do espaço, disse que a feira “correu bem, é um evento que traz muita gente de fora e que é muito positivo para a cidade”.
Além disso, o campeonato é bom para dar a conhecer o que de melhor Caldas tem. A pastelaria Machado levou a sua broa de batata doce, que foi premiada na Feira dos Frutos. “Caldas tem tanta pastelaria de qualidade que deveria ter um concurso e nem eram precisos prémios, bastava uma notícia no jornal a anunciar e outra a divulgar”, defendeu.
Na organização do campeonato trabalharam 180 pessoas, que incluem o staff, os árbitros. Entre esses estiveram os alunos de uma turma do Colégio Rainha Dona Leonor que, segundo Bruno Rebelo, da organização, “deram o máximo de si”.
Greg Lagera – um mestre que retirou as crianças da rua e lhes deu uma família
O norte-americano Greg Lagera é Senior Grand Master de Kajukenbo. Ensina esta arte há 45 anos e tornou-se embaixador da WAC. Fundou a kajukenbo nation, uma organização de integridade e honra onde não entra a política ou ganância.
A nação surgiu para levar aos mais novos os valores das artes marciais, “pelo amor e respeito”. Nos anos 70, quando começou a ensinar, na California, cobrava cinco dólares por mês, mas como havia muitas crianças com dificuldades dava aulas gratuitas. “Em bairros problemáticos a missão foi dar uma família aos jovens para não caírem nas drogas”.
Greg Lagera descreve-se como um soldado de Deus que deixa uma lição: “a vida é muito curta para nos odiarmos”. Três dos seus alunos integram hoje os serviços secretos americanos, alguns são polícias e outros bombeiros, por exemplo. “Gosto de pensar que ajudei a mudar a vida deles”.
A nação é composta por escolas um pouco por todo o mundo, abertas por antigos alunos de Greg Lagera. Para pertencer à Ohana (família) tem que se servir quem mais precisa.
Este foi já o segundo ano de Greg nas Caldas. “Amo esta cidade!”, exclamou, elogiando a simpatia das pessoas. “Sabem receber, têm sempre um sorriso e ajudam em tudo, têm um coração fantástico”.
Com 63 anos continua a praticar artes marciais, contra as ordens do médico. “Tenho problemas de coração e nas pernas”, admite, mostrando algumas mazelas. “Como humano estou em dor, mas consigo controlar a dor através da mente e sorrir e animar pessoas, que é a minha missão como Grandmaster”, até porque nem sempre os ânimos estão famosos num pavilhão onde se compete por medalhas. “Há pessoas cansadas e tristes, eu tento fazê-las sorrir”.
Uma biografia de uma lenda das artes marciais
Al Dacascos apresentou a sua biografia lançada em Agosto de 2016: “Legacy through the eyes of a warrior”. “O livro explica como me tornei uma lenda, desde o início e pretende que as más experiências possam ajudar as pessoas”. A obra aborda também a carreira do filho, Mark Dacascos e explica como este se tornou um actor famoso.
Al Dacascos abriu uma escola de wun hop kuendo – kajukenbo em Hamburgo (Alemanha) em 1973. A ideia é dar lugar à expressão de cada um.
Eram 580 páginas que foram reduzidas para as 274, pelo que haverá um segundo volume.
Al Dacascos veio ao primeiro campeonato do mundo em Portugal e daí para cá já veio cinco vezes a este país. “É a primeira vez que venho às Caldas e estou a gostar muito! É uma cidade muito cultural e tem uma Praça que é fantástica, com produtos frescos e pessoas amigáveis”.
Instalado no Hotel Europeia aproveitou para conhecer a cidade e para viajar pela região (Foz do Arelho e Óbidos, por exemplo).
No total passou mais de uma semana nas Caldas. Elogiou o nível da competição e a organização, dizendo que “se pudesse ter ainda mais bancadas era melhor”.



































