Faltou o golo numa segunda parte de luxo

Há jogos em que a bola parece ter vontade própria, que o diga o Caldas que com uma segunda parte de grande dinâmica ofensiva criou uma mão cheia de oportunidades flagrantes mas saiu do jogo sem facturar. O Águias quis levar um ponto das Caldas e foi isso que levou. A primeira parte foi do mais pobre que se viu esta temporada no Campo da Mata. O Águias surgiu bem fechado no seu meio campo, de linhas compactas, fechou muito bem os espaços e o Caldas não conseguiu impor um ritmo capaz de desmontar essa organização. Só rematou com relativo perigo uma vez, num livre que encontrou a barreira. Ao minuto 34 ficaram sérias dúvidas num lance em que Bruno Mendes parece impedir com o braço a passagem de Sabino na área visitante. O Águias também estava tão recuado que não conseguia ligar os contra-ataques. No entanto, ao minuto 44, na saída de um livre a favor do Caldas, Armando Freitas isolou-se e só não marcou graças a uma grande defesa de Luís Paulo. A segunda parte pedia um Caldas mais dinâmico nas trocas de bola e um Águias mais esticado no terreno. Dois factores que se conjugaram. Os visitantes começaram logo a mostrar que iam tentar levar mais qualquer coisa do jogo, mas quem ganhou com isso foi o Caldas. Ganhou espaço para tabelar entre linhas, e fê-lo muito bem, quer por João Rodrigues, quer por Simões e Tiago Estagio. Se o jogo pelas laterais nunca resultou, essas tabelas pelo corredor central permitiram colocar várias vezes a bola nas costas dos centrais e deixaram várias vezes Farinha e João Rodrigues em posição privilegiada para fazer golo. Nuno Rafael foi absolutamente decisivo, ao minuto 58 desviou com uma palmada uma bola que Farinha se preparava para enviar para a rede (na foto), façanha que repetiu a João Rodrigues, já em tempo de compensação.

Os postes também não ajudaram, devolveram dois remates estrondosos, de Farinha e André Simões, e Sabino também esteve perto de aproveitar um ressalto, mas Quim Marques saiu-lhe ao caminho. Apesar do nulo, não deixaram de ser dos 45 minutos mais entretidos do Caldas nesta fase da competição.

Coincidência ou não, é com a entrada de André Simões que o Caldas dá um grande salto qualitativo no jogo. Ganhou risco no passe e maior presença entre as linhas média e defensiva do adversário. E também atirou uma bola ao poste.

As oportunidades de golo flagrantes são um pouco repartidas, pese embora o domínio territorial do Caldas. Tacticamente fomos fantásticos, não fomos perfeitos porque na segunda parte não conseguimos corrigir aquela bola que saía do corredor central por cima da nossa defesa, mas penso que acaba por ser justo. Pontuámos numa casa muito difícil, está tudo na luta.