Francisca Baptista e Josefa Gabriel são duas jovens caldenses, uma de 17 e outra de 20 anos, que têm somado vários títulos na equipa sénior de râguebi do Sporting Clube de Portugal. Com 14 e 15 anos, respectivamente, e enquanto estudavam no ensino secundário, iam de autocarro, sozinhas, até Lisboa para treinar e regressavam, já perto das 23h00, do mesmo modo para casa.
Francisca Baptista e Josefa Gabriel ergueram a Supertaça nas Caldas da Rainha

Foi ali no complexo desportivo agora envolvido num Abraço Verde que Josefa Gabriel e Francisca Baptista começaram a jogar râguebi. Hoje estas duas jovens caldenses são das mais promissoras jogadoras a nível nacional e têm conquistado títulos atrás de títulos com a camisola do Sporting Clube de Portugal.
O último troféu que venceram foi a Supertaça, disputada nas Caldas, frente ao Benfica, no passado dia 5 de Outubro, no tal campo onde estas duas craques começaram a jogar.
Gazeta das Caldas aproveitou a ocasião para entrevistar as caldenses, que com 14 e 15 anos, já iam sozinhas para Lisboa de autocarro, para depois apanharem o metro até ao estádio onde treinavam. Às 23h00 era hora de regressar às Caldas, que no dia seguinte era dia de escola.
O percurso destas duas caldenses demonstra que o esforço é recompensado e que é possível conciliar o estudo com a vida académica, mas também ajuda a tornar visível o quão benéfico é estar integrado numa unidade de alto rendimento (Francisca foi uma das primeiras alunas caldenses a testar este projecto).
Francisca Baptista tinha apenas 10 anos quando começou a jogar e passou quatro temporadas no Caldas Rubgy Clube. “Foi complicado sair, esta era a minha segunda família, era aqui que passava a maior parte do meu tempo quando não estava em casa”.
Para continuar a jogar, a jovem tinha de ir para Lisboa, “era um passo enorme, mas surgiu essa oportunidade e aproveitei”.
Na altura estudava na Bordalo Pinheiro e no último ano teve aquilo que a própria descreve como “o privilégio de estar integrada no primeiro ano da unidade de alto rendimento, o que foi muito positivo, porque ajudou no meu ano lectivo, senti que tinha apoio e que era muito mais fácil gerir tudo isto com uma estrutura por trás, que permite ter aulas extras se for preciso faltar, por exemplo”.
Entre as histórias contam-se claro as vezes em que correu para apanhar o Metro, ou aquelas em que perdeu o autocarro e as colegas que também iam de autocarro, mas até à Ericeira, lhe ficarem a fazer companhia até ao seguinte, tendo como consequência a chegada tardia de todas, cada uma a sua casa.
Actualmente a jovem está no primeiro ano do curso de Educação Física e Desporto, na Universidade Lusófona, em Lisboa. “Estou a gostar do curso, está a correr bem e estando em Lisboa é tudo mais fácil”.
Sobre a conquista da taça na sua cidade, Francisca diz que “foi um orgulho imenso regressar às Caldas, a um campo onde já fui muito feliz quando era mais nova e onde aprendi a maior parte das coisas que sei e onde me ensinaram os valores do râguebi, revi caras que sempre me apoiaram e continuam a apoiar, e isso é muito importante para mim”.
Ver as Caldas ser capital do râguebi por um dia “é muito bom, e este é um trabalho que vem de há mais tempo”, faz notar, lembrando nomes como por exemplo, José Lobão, Jonathan Nolan e Sofia Domingos.
Entre os planos futuros da jovem está a intenção de “continuar a ganhar tudo o que há para ganhar pelo Sporting”, mas Francisca também não esconde que gostava de um dia ter uma aventura no estrangeiro. A jovem, que chegou a capitã da selecção nacional de sub18 no último europeu, pretende agora manter-se na equipa A, onde se estreou no ano passado, nas duas etapas do campeonato da Europa.
A concluir a entrevista a jovem fez questão de deixar uma palavra de agradecimento ao clube caldense “por ter sido a minha primeira casa e também ao Sporting pela forma como me acolheu”.

Um exemplo de conciliação
entre desporto e vida académica

Josefa Gabriel tem 20 anos e nasceu nas Caldas. Quando começou a jogar râguebi no CRC já Francisca Baptista lá jogava. Esteve neste clube dois anos e seguiu para o Sporting, porque havia falta de jogadoras nas Caldas.
Na altura, com 17 anos, estudava na Bordalo Pinheiro. “Inicialmente ia sozinha, depois comecei a desafiar a Francisca e passámos a ir as duas”, conta.
Actualmente a jovem, que chegou à selecção nacional de sub18, está no terceiro ano de Direito, na Universidade Nova, em Lisboa e acredita que o seu exemplo demonstra que “é possível conciliar o desporto e a vida académica, o que para mim é muito importante”.
E até realça algumas coisas boas que a apertada agenda desde tenra idade lhe trouxe: “consigo organizar melhor o meu tempo e é uma sensação muito boa quando vemos que conseguimos fazer tudo”.
Neste percurso obviamente que teve de fazer sacrifícios e nesse capítulo, Josefa salienta o apoio constante e fundamental da família e amigos.
Já no ano passado, a caldense tinha conquistado a Supertaça nas Caldas, mas diz que “é sempre muito especial, é muito bom ganhar em casa e ver as pessoas que estiveram connosco no início”.
Também ela, na conclusão, fez questão de realçar que “é possível praticar râguebi nas Caldas, onde existe uma equipa feminina do CRC, que gostava de ajudar a divulgar”.

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