
Os clubes estão prontos para regressar aos treinos – alguns já o fizeram sob medidas de excepção – e à competição, as insfra-estruturas desportivas estão prontas para os receber, mas a falta de regulamentação da Direcção-geral de Saúde mantém sob um manto de dúvida sobre se, quando e como a competição vai regressar. Além da questão desportiva, a sobrevivência dos clubes está em causa
As datas previstas para o arranque das competições não profissionais aproximam-se, algumas estão a menos de um mês de distância, mas ainda não há regulação de como se vai proceder a treinos e jogos. Alguns clubes já assumiram algum risco de iniciar os trabalhos, mas a falta de informação é o grande problema e nem as federações e associações distritais conseguem perceber o que se está a passar.
Os clubes estão a postos, mesmo os que competem no futebol e no futsal distrital. As equipas estão inscritas, os plantéis estão definidos, ou muito perto disso, mas ninguém sabe ao certo quando as competições podem começar, ou sequer se vão ser realizadas.
Manuel Nunes, presidente da Associação de Futebol de Leiria (AFL), disse à Gazeta das Caldas que o número de inscrições é idêntico ao da época passada, o que ronda as 800 equipas e 11 mil atletas para o futebol e futsal.
O que está a atrasar a marcação do início das provas é a publicação das orientações da Direção-Geral de Saúde quanto ao procedimento em treinos e jogos para as competições amadoras.
A resolução do Conselho de Ministros de 31 de Julho autoriza os treinos e competições, desde que sem público, mas remete para uma actualização da orientação 30/2020 da DGS, que devia ter sido publicada pelo menos a 3 de Agosto, mas que, duas semanas depois, continua sem ser conhecida.
Manuel Nunes realça que um conjunto de federações e outras organizações desportivas, incluindo o Comité Olímpico Português, têm pressionado o governo para que estas orientações sejam publicadas, mas sem sucesso.
E, assim, “qualquer indicação de datas para começar é um puro palpite”, observa, acrescentando que, mesmo as competições já com data marcada poderão ter que ser reagendadas. O presidente da AF Leiria sublinha que “ninguém da área do desporto entende o que se está a passar” e lembra que não é só a competição em si que está em causa.
“É necessária a abertura das actividades dos clubes, que sem os eventos não se conseguem financiar”, observa.
CLUBES TÊM SOBREVIVÊNCIA EM CAUSA
O dirigente realça que é nesta altura do ano que os clubes e associações realizam boa parte da receita com a qual sobrevivem ao longo do ano, mas já estão a ser privados dessa receita.
Por isso, espera que as orientações da DGS autorizem também a presença de público nos jogos, à imagem do que já sucede com outras actividades. E recorda que, além da bilheteira, também as receitas de publicidade dependem da presença de público nos recintos desportivos.
O dirigente estranha também a ausência de programas de apoio do governo aos clubes, quando já o garantiu a outros sectores de actividade, lembrando que, até agora, têm sido os municípios, as federações e as associações distritais a promover ajudas.
Manuel Nunes afirma que, quando forem publicadas as orientações da DGS a AFL está preparada para agendar o arranque dos seus campeonatos, mas sublinha que é necessário dar tempo não inferior a quatro semanas para que as equipas se treinem de forma adequada.
Outro aspecto que Manuel Nunes espera que seja tido em linha de conta é o custo dos testes serológicos aos atletas. “Se estes forem obrigatórios, será impraticável para os clubes”, admite.
Sejam quais forem as directrizes emanadas pela autoridade de saúde, Manuel Nunes reforça que estas são urgentes e lembra que “as pessoas do desporto estão habituadas a seguir e a adaptar-se a regras”.






























