Ciclismo: Salirense António Morgado entra para a história do ciclismo nacional

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António Morgado foi o primeiro português medalhado nos mundiais de juniores

Alemão Emil Herzog foi o único capaz de travar o caldense, que teve um dia memorável no circuito de Wollongong e merecia ter ficado com o ouro, que lhe escapou por menos de uma bicicleta.

Foi uma prova memorável aquela que António Morgado e Emil Herzog protagonizaram no mundial de juniores de fundo, na madrugada de sexta-feira. António Morgado foi o grande animador da corrida, fez de tudo para trazer para Portugal a medalha de ouro, mas o alemão teve resposta para tudo e ganhou num sprint que deixou toda a gente agarrada à cadeira e de olhos colados ao ecrã.
Orgulho, frustração, orgulho. Serão os sentimentos que dominaram os portugueses, e os caldenses em particular, com as três horas de corrida de António Morgado em Wollongong, na Austrália.
À terceira de oito voltas, depois de um ataque inicial que ganhava algum destaque na frente, António Morgado arregaçou as mangas e respondeu sozinho, a mostrar claramente que estava ali com um objetivo único: ser campeão do mundo.
“Sabia que estava bem. Preparei a corrida como nunca preparei outra”, disse António Morgado à chegada a Lisboa. Com esse ataque, andou isolado entre o pelotão e o grupo da frente, mas percebeu que não era essa a chave para a vitória. Atrás, era Herzog quem mais trabalhava para reintegrar António Morgado. O duelo estava lançado.
O trabalho dos dois ciclistas criou um novo grupo, mais restrito, para a parte final da prova. A 18km da meta, e a pouco mais de uma volta do final, António Morgado jogou a sua melhor cartada e deixou toda a gente para trás, chegando a ter uma vantagem próxima dos 30 segundos. “Sabia que, se quisesse ganhar, teria de chegar isolado”, comentou.
Herzog deixou passar as dificuldades da subida ao Pleseant, onde Morgado estava mais à vontade, para partir, depois, em busca do herói lusitano, tirando partido das suas capacidades de contrarrelogista. A 3 km da meta Herzog recolou. O título mundial ia ser discutido pelos dois primeiros classificados do ranking mundial de juniores.
António Morgado entrou na reta final na roda do alemão e disferiu o ataque. Chegou a estar na frente, mas sobrou estrada ao caldense, que viu Herzog aguentar melhor o esforço final para cortar a meta em primeiro, por menos que o comprimento de uma bicicleta.
“Continuo frustrado, senti que era o mais forte dentro da corrida, tinha tudo para ganhar, mas saí demasiado cedo no sprint”, lamentou António Morgado, que não esconde que “queria mais”. “Queria ser campeão [do mundo], mas [a medalha de prata] é um motivo de orgulho e um feito histórico”. O amargo do desfecho da corrida deixa o doce de António Morgado se ter tornado o primeiro português medalhados nos mundiais juniores de fundo, que se realizam desde 1975.
O jovem ciclista, mas que apresenta grande maturidade na forma como corre e na forma de estar, agradeceu à Federação Portuguesa de Ciclismo “por todo o apoio” e planificação, que considerou “perfeita, levando-me às corridas importantes”.
Prestes a juntar-se à Axeon, onde vai ser companheiro de Herzog, na próxima época António Morgado quer tentar destacar-se “e ganhar algumas corridas” no pelotão de sub-23.

João Almeida em 60º
Para João Almeida, a viagem à Austrália não deixa tão boas memórias. O caldense sofreu com problemas gastrointestinais à chegada, o que o retirou do contrarrelógio e terá afetado, igualmente, a prestação na prova de fundo de elites. João Almeida atrasou-se logo na primeira dificuldade do circuito e não mais se chegou à frente, terminando em 60º a mais de 5 minutos do campeão do mundo, o belga Remco Evenepoel.

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