Benedito Ferreira, que vive nas Caldas, integrou a equipa que venceu a quinta etapa do Tour de France de 1984, dedicada a Joaquim Agostinho
Começa amanhã, 1 de julho, a 109ª edição do Tour de France, que contará com a participação de ciclistas portugueses, motivo pelo qual a Gazeta recorda a participação de Benedito Ferreira no Tour de 1984, a representar as cores de uma equipa do Sporting/Raposeira que contava com Marco Chagas, Paulo Ferreira, Manuel Zeferino, Eduardo Correia, José Xavier, com o mais novo atleta daquela edição do Tour, Carlos Marta, e ainda dois franceses.
Foi a 29 de junho de 1984 que se deu a partida, em Paris, com um prólogo, antes de 23 etapas com um total de mais de quatro mil quilómetros para as 17 equipas, de dez ciclistas cada uma.
Nas duas primeiras etapas Benedito Ferreira ficou perto dos cem primeiros. Mas, desse ano, a etapa que fica na memória dos portugueses foi a 5ª, conquistada precisamente pelo colega de equipa, Paulo Ferreira, e dedicada a Joaquim Agostinho, que havia falecido no início desse ano e de quem Benedito era colega de quarto. Paulo Ferreira colocou-se em fuga logo aos 5 quilómetros da etapa para conseguir ganhar a primeira contagem de montanha. Passou-a sozinho, faltavam 200 quilómetros para a meta. Recebeu entretanto a companhia de dois franceses que queriam ganhar pontos nos sprints intermédios. O português não sprintou em nenhum, não deu nenhuma informação sobre si aos adversários e, a 50 metros da meta (na segunda passagem pelo mesmo local), lançou-se num sprint que não deu hipóteses.
“Os adversários não o conheciam, mas ele era um sprinter”, recorda Benedito, salientando a inteligência da estratégia utilizada. “Festejámos bastante”, lembra. Foi, um momento de grande emoção, dedicado a Joaquim Agostinho.
Benedito Ferreira, que cumpria o papel hoje designado de gregário – ciclistas que trabalham para que o líder consiga obter os resultados pretendidos -, não acabou essa edição do Tour. Na 11ª etapa chegou fora do tempo de controlo e foi eliminado. “Nunca fui de desistir”, afirma, algo que o seu percurso de vida exemplifica. Conta que foi injetado com uma substância que, à época, não era considerada dopping e que teve um efeito nefasto fazendo as pernas do ciclista inchar e impedindo-o de conseguir uma boa performance.
Comparando com a atualidade, e aproveitando para fazer o lançamento desta edição, considera que “o ciclismo era mais aberto e havia mais favoritos”. Atualmente, vê apenas os eslovenos Tadej Pogacar (favorito à terceira vitória consecutiva e que corre pela UAE, sendo colega de João Almeida) e Primoz Roglic (o principal concorrente) como candidatos, não descartando Jonas Vingegaard, o dinamarquês que é colega de Roglic na Jumbo-Visma.
Nascido no Castanheiro (freguesia de Mata Mourisca, concelho de Pombal) em 1956, veio viver para o Bombarral com apenas 2 anos. E foi aí que começou a sua vida ligada ao ciclismo, na Bombarralense/Uniroyal. Seguiu-se o Coimbrões/Fagor, a Sangalhos/Bosh, a Lousa Trinaranjus, a FC Porto/UBP, a Sporting/Raposeira, o regresso ao Bombarral para correr pela Bombarralense/CASE, a Torreense/Sicasal, a Louletano/Vale do Lobo, a McInerney Algarve /CC Loulé e a Aqualine/Olhanense.
Entre outros feitos, venceu duas etapas da Volta a Portugal (em 1980 pela Coimbrões/Fagor, com chegada ao Barreiro e em 1984, pelo Sporting/Raposeira, com chegada a Vila-Real). Além dos seus feitos como ciclista, foi massagista do Caldas e chegou a prestar apoio à Seleção Nacional de futebol na época do Euro2004 quando esta estagiava em Óbidos. Atualmente é massagista e tem o seu espaço na Rua Heróis da Grande Guerra, mantendo a atividade física através de corridas, tendo como hóbis cozinhar, ler e aprender. ■































