O Caldas quis alterar o jogo dos quartos-de-final da Taça de Portugal com o Farense para 17 de Janeiro ou para a terça-feira de Carnaval, 13 de Fevereiro, mas os algarvios só admitiam mudar no caso do jogo ter transmissão televisiva. Desta forma, é mesmo já esta quarta-feira, 10 de Janeiro, que o pelicano joga uma presença inédita nas meias-finais, a partir das 18h00. Os bilhetes estão à venda a partir de segunda-feira.
Foram dois dias de tensão elevada no Caldas entre quarta e quinta-feira. Em causa estavam vários aspectos, desde a data do jogo ao próprio palco, passando pela transmissão televisiva. No final encontrou-se um compromisso em que Farense, federação e Caldas tiveram que ceder, mas os pelicanos não ficaram totalmente satisfeitos.
O Caldas pretendia alterar a data e a hora do jogo, inicialmente previsto para as 15h00 de 10 de Janeiro. As datas propostas foram 17 de Janeiro – uma quarta-feira – às 20h00, o que daria mais tempo ao clube para preparar o encontro e seria um horário que poderia atrair mais público, ou a terça-feira de Carnaval, 13 de Fevereiro à tarde, um dia equiparável ao fim-de-semana.
No entanto, o Farense só acedeu trocar a partida para 13 de Janeiro, um sábado, e apenas caso a Sport Tv acedesse à transmissão directa do jogo, ao que a estação televisiva não acedeu (ver caixa), recusando as restantes datas propostas. Segundo Jorge Reis, presidente do Caldas, a FPF terá mostrado abertura para as datas propostas pelo Caldas.
O jogo acabou por ser agendado para 10 de Janeiro às 18h00, e não às 15h00 como inicialmente esteve previsto, porque a direcção do Caldas alegou que nesse horário não era cumprido o número 1 do artigo 14 do Regulamento da Taça de Portugal, que define um prazo mínimo de 72 horas de repouso entre o final de uma partida e o início da outra do mesmo clube. Como o jogo de domingo em Guadalupe, na Graciosa, termina por volta das 16h00 em Portugal continental, só estariam garantidas 71 horas de repouso.
No que diz respeito ao local do encontro, chegou a estar em risco uma mudança de palco. O regulamento define que nas duas eliminatórias anteriores à final o nível de segurança seja automaticamente classificado como de risco elevado. Nessas condições, é obrigatório que todos os lugares do estádio sejam dotados de cadeiras individuais, a entrada tem que ser controlada por torniquetes e o recinto tem que estar equipado com vídeo vigilância. Recorde-se que, já nesta edição da prova, o Lusitano de Évora teve que mudar o palco do jogo com o FC Porto para o Estádio do Restelo, e o Oleiros teve que fazer obras para receber o Sporting. Já nesta eliminatória também o Cova da Piedade teve que alterar o seu jogo com o Sporting para o Bonfim.
Nestes ponto prevaleceu a vontade do Caldas, que pediu bom senso à federação alegando que o jogo é entre duas equipas do Campeonato de Portugal, pelo que aquelas exigências seriam exageradas.
Uma reunião entre o Caldas e a PSP, na noite de quarta-feira, permitiu encontrar soluções de compromisso que agradaram tanto às forças de segurança como à FPF, permitindo desta forma manter o jogo no Campo da Mata.
Será alvo de melhoramentos o circuito de acesso às bancadas a nascente e reforçada a iluminação nessa zona. Nas bancadas, será criado um sector intermédio para separar os adeptos do Caldas e os do Farense. A lotação será limitada a 6 mil pessoas e não haverá qualquer entrada de adeptos sem título de ingresso. Também será interdita a venda de bebidas alcoólicas.
“VAI SER UM JOGO DE FUTEBOL, NÃO A FESTA DA TAÇA”
Jorge Reis, presidente do Caldas, disse à Gazeta não ter ficado satisfeito com o desfecho deste processo. “Não conseguimos defender os interesses dos caldenses e dos adeptos do futebol e peço desculpa por isso”, desabafou. E não poupou críticas à FPF. O dirigente entende que o organismo que tutela o futebol nacional deve repensar o que é a Taça de Portugal. “Se é a festa do povo devem ser criadas as condições para que o seja de facto, porque as pessoas trabalham e se se marcam jogos para o meio da semana, a meio da tarde, não têm pessoas nos jogos”, atirou, acrescentando é preciso repensar as datas das eliminatórias. O Caldas-Farense “vai ser um jogo de futebol, não a festa da Taça”, lamentou.
O dirigente do clube alvinegro critica também a política de prémios e a distribuição das verbas dos direitos televisivos. “São sempre os mesmos a lucrar, os clubes grandes às vezes até dispensam a parte deles da receita, mas é preciso calhar com eles”, refere. Jorge Reis defende que as verbas da transmissão dos jogos deviam ser distribuídas por todos os clubes, até porque, no formato actual, em que apenas os intervenientes nos jogos transmitidos recebem esses prémios, se está a cavar cada vez mais o fosso entre os clubes ricos e os pobres. “Esse dinheiro seria um balão de oxigénio muito grande para clubes como o Caldas”, disse. E, a continuar assim, “mais vale criar uma Taça de Portugal para os ricos e outra para os pobres”, concluiu.
Sem transmissão na tv nem na web
Uma das lutas de Caldas e Farense nestes dias foi para que o encontro tivesse transmissão televisiva. Pelo menos desde 2009 que todos os jogos dos quartos-de-final da Taça de Portugal mereceram honras de transmissão televisiva. No entanto, a Sport Tv, que detém os direitos da prova, optou por transmitir apenas os três em que intervêm equipas da I Liga (Moreirense-FC Porto, Cova da Piedade-Sporting e Rio Ave-D. Aves).
“É inconcebível”, lamenta Jorge Reis, presidente do Caldas, que considera a atitude da estação do cabo como um “desrespeito pelos caldenses e pelos farenses, que também pagam as suas assinaturas”.
Em cima da mesa esteve a possibilidade do jogo ser transmitivo online pelo webcast do canal mycujoo.tv, que transmitiu o Caldas-Praiense para o campeonato. No entanto, essa possibilidade nunca o chegou realmente a ser porque a Sport Tv detém a exclusividade nesta prova.































