Evento que juntou 1500 pessoas nas três corridas (incluindo a juvenil) e na caminhada é uma autêntica festa do atletismo.
Na manhã do passado domingo a vila da Nazaré recebeu a meia-maratona, uma prova histórica e que tem sabido manter o seu caráter popular, ou como lhe chamam lá pela vila das sete saias e das ondas gigantes, “o espírito da meia”.
A primeira meia maratona que foi criada em Portugal, em 1975, celebrou a sua 46ª edição, depois de dois anos de ausência devido à pandemia, e contou com cerca de 1500 pessoas, juntando os quase 700 da meia maratona, os mais de 300 da corrida de 10 quilómetros intitulada de Volta à Nazaré, cerca de 230 na caminhada e 220 na meia do futuro, que levou as crianças a correrem na marginal na manhã de sábado.
O espírito da meia foi ver a partida de mais de mil pessoas na marginal; foi ver Bruno Batista, que ficou em segundo (atrás do colega Filipe Vitorino), prejudicar-se para, ao quilómetro 11, apanhar os óculos de um jornalista que seguia na carrinha de reportagem, em frente ao pelotão, e receber um cartão branco por essa atitude; foi ver a vencedora Joana Pontes cruzar a meta de mão dada com o seu pai. O espírito da meia é ter visto pessoas com idades totalmente diferentes, com motivações díspares, a correrem lado-a-lado. Há famílias a cruzar a meta com o carrinho de bebé e há quem o faça com o seu fiel amigo de quatro patas. Há quem venha em busca dos melhores tempos e quem apenas queira passar um tempo bom.
É na meta que falamos com Teófilo Pequicho, um nazareno que vive em Leiria e que integra o projeto Joelletes, do Núcleo Espeleológico de Leiria, que pretende transformar o tempo da prova no mais normal possível para atletas muito especiais. Este ano, conduziram o nazareno Luís Batista (que sofre de esclerose lateral amiotrófica) para realizar a meia maratona. É o espírito da meia… que está também presente quando vemos o nazareno Norberto Isaac a assistir a uma prova que viu nascer. “O primeiro ano foi mais envergonhado, com menos gente, mas depois cresceu e conheceu o seu auge nos anos 80 do século passado”, conta, de olhos postos na marginal. “Adeus Chico, tudo bem? Assim nunca mais lá chegam!”, grita, para um rosto familiar no pelotão. O convívio e o encontro são outras das caraterísticas. “Talvez uma década antes da meia maratona havia a Volta à Nazaré com seis ou sete quilómetros”, recorda, salientando a importância da mãe das meias na implementação do atletismo em Portugal. O espírito da meia é saber que uma centena de voluntários da associação e do clube de atletismo se juntaram para garantir a realização do evento, montando o percurso às 3h30.































