Andreia Berto é uma campeã que trata a saúde dos campeões

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Andreia Berto arranja tempo para treinar e dar treino de ginástica e ainda exerce fisioterapia em duas instituições

Ginasta do Acrotramp tem oito títulos nacionais e continua a trabalhar para lhes juntar mais, ao mesmo tempo que exerce fisioterapia e osteopatia

Muitos dos atletas que lhe confiam as mãos para tratar as lesões desconhecem, mas Andreia Berto é uma… campeã que trata campeões. Aos 27 anos, a ginasta do Acrotramp Clube das Caldas é campeã nacional em título no duplo minitrampolim e continua a treinar com afinco, apesar de dividir a prática desportiva com a atividade de fisioterapeuta, que exerce na Physioclem das Caldas da Rainha e também no Caldas SC, onde trabalha com todos os escalões, desde os petizes aos seniores.
Estas são duas paixões que Andreia Berto nutre, mas não hesita em “responsabilizar” a prática de ginástica desde tenra idade pelo percurso que tem trilhado em termos desportivos, académicos e profissionais.
Tinha três anos quando os pais a levaram ao Acrotramp. Uma pequena lesão arreliou-a e não quis continuar nesse ano, mas voltou no seguinte, para não mais parar. Daí para a pré-competição e, depois, para a competição, foi um saltinho. “A Xana e o Stélio [treinadores e responsáveis pelo clube] estão sempre de olho em quem se destaca e viram que tinha potencial para os trampolins. Também senti que era nesses aparelhos que gostava de estar”, conta.
Aos oito anos disputou a primeira prova, nos distritais, e os títulos também não tardaram. Aos distritais já perdeu a conta. Os nacionais são oito, dos quais três individuais, três em trampolim sincronizado e dois por equipas. A estes, junta um conjunto de outras medalhas.
Os títulos não lhe saem da ponta da língua, “não ligo muito a isso”, afirma. Aliás, Andreia Berto sublinha que nem sempre são as vitórias que lhe ficam marcadas na memória. Um dos que momentos que guarda fresco na memória foi, em 2009, quando passou a júnior elite. “É um grupo restrito, para o qual é preciso fazer mínimos, e aconteceu numa prova em que não estava à espera”, recorda.
Outro desses momentos surgiu em 2011, quando se apurou para o Campeonato do Mundo por Idades, na última oportunidade que tinha. “Cumpri as minhas séries, mas dependia dos resultados das outras ginastas. Lembro-me de sair do pavilhão e o Stélio vir a correr a dizer que tinha conseguido. Ficámos muito felizes, porque foram anos a tentar, nalguns fiquei a décimas dos mínimos, mas ali tudo fez sentido”, recorda Andreia Berto, que nesse ano foi 14ª júnior do mundo.
A carreira também se faz de momentos menos bons e, entre esses, Andreia Berto aponta quando se falham objetivos importantes por muito pouco. “Isso pode desmotivar, ou motivar o atleta para fazer melhor”. Esta segunda hipótese foi sempre a que Andreia tomou. São esses momentos de aprendizagem e de superação, assim como a persistência, a capacidade de sacrifício “e alguma teimosia” que a ginástica lhe proporciona que Andreia Berto passou, também para a vida pessoal.
Licenciou-se em fisioterapia, na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, o que foi a forma de juntar a paixão pelo desporto com a área da saúde, da qual também gostava por influência da irmã, formada em enfermagem.
“Tudo o que aprendemos na ginástica reflete-se na vida, nos estudos e no trabalho. Aprende-se a gerir o tempo, muitas vezes me perguntam como consigo gerir tudo e, às vezes, sinceramente, não sei”, afirma, acrescentando que chegou a ter sete trabalhos, além da prática desportiva.
Durante o curso abrandou o ritmo dos treinos, mas não deixou de competir, nem de ganhar. E quando concluiu o curso e regressou às Caldas, a ideia era parar, mas “o bichinho” e o desafio de Stélio Lage falaram mais alto.
Como fisioterapeuta, em 2016 teve um inesperado convite para o departamento médico do Caldas, para dar apoio a todos os escalões. “É um clube com quase 500 atletas, pelo que às vezes não é uma tarefa fácil”, diz, acrescentando que gosta em particular daquela pressão do jogo.
Há dois anos, cumpriu o objetivo que tinha de ingressar na Physioclem, uma das clínicas de fisioterapia de referência na região. Também aí lida com atletas de alta-competição, mas “poucos sabem o meu percurso”, refere.
Tal como na ginástica, também na sua profissão Andreia Berto quer puxar os limites e aprender sempre mais, pelo que está a finalizar a formação em osteopatia.
Quanto à ginástica, “o Stélio e a Xana são pessoas muito importantes para mim e, enquanto puder vou continuar”, afirma. Agora já não importam tanto os títulos, mas sim ajudar os atletas mais novos. Andreia Berto faz trampolim sincronizado com Sofia Vala, filha do treinador do Caldas, José Vala, e diz que o futuro “é dela”. Mas a ginasta arranja sempre um pouco mais de tempo e também já dá uma ajuda como treinadora dos atletas da pré-competição, para quem é uma referência. ■

Perfil

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Nome Andreia Marques Berto
Data de Nascimento 06/02/1994
Naturalidade Caldas da Rainha

Campeã nacional
– Individual de duplo minitrampolim (2013 e 2019) e trampolim (2018)

– Trampolim sincronizado (2015, 2016 e 2019)

– Por equipas em duplo minitrampolim (2008) e trampolim (2017)

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