Ana Filipa Conde foi a primeira ginasta do Acrotramp a chegar às provas internacionais

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Ana Filipa Conde continua a ser a mais internacional dos ginastas do Acrotramp Clube das Caldas

Quatro vezes campeã nacional ao serviço do clube caldense entre 1994 e 1999, e terceira classificada no Europeu de juniores em 1998, Ana Filipa Conde foi a primeira de um grupo já alargado de ginastas de Elite do clube e é referência da ginástica caldense

A ginástica de trampolins tem sido fértil em atletas de eleição nas Caldas da Rainha, principalmente nos últimos de 30 anos.
Têm sido diversos os ginastas a conseguir títulos nacionais e mínimos para representar o país no exterior. No entanto, tudo tem um início e, para o Acrotramp, esse início tem um nome que se destaca, o de Ana Filipa Conde.
O percurso da ginasta começou ainda antes de formado o Acrotramp, mas está intimamente ligado ao seu fundador, Stélio Lage, a quem se deve a grande evolução da ginástica caldense no pós 25 de Abril.
Foi com ele que tudo começou, para Ana Filipa Conde, em 1985, então na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha, tinha pouco mais de três anos de idade.
No ano seguinte, o técnico passaria a dar as aulas de ginástica na Sociedade Columbófila Caldense, seguindo-se três anos no Sporting Clube das Caldas, até 1990. Um percurso que a atleta acompanhou sempre, até à fundação do Acrotramp, em 1991.
O potencial esteve sempre lá e Stélio Lage detectou-o bastante cedo. “Percebi rapidamente que ela tinha potencialidades muito grandes. Com 4 ou 5 anos ela já fazia coisas que os mais crescidos não conseguiam”, recorda.
Com a evolução na modalidade, Ana Filipa Conde começa a especializar-se na exigente disciplina de tumbling. Um treino difícil e exigente, principalmente porque, na altura, não existiam em Portugal pistas próprias para a modalidade, o que obrigava a improvisar material que se aproximasse. Isso não foi, contudo, impeditivo para que Ana Filipa Conde se tornasse absolutamente dominadora a partir de 1994.
É nesse ano que obtém os seus primeiros títulos nacionais, e logo a dobrar, tornando-se Campeã Nacional pela primeira vez aos 12 anos, e juntando a Taça de Portugal do seu escalão.
Num ano verdadeiramente de ouro, a ginasta caldense assegurou ainda os mínimos para participar no Campeonato do Mundo de Trampolins por Grupos de Idades, que decorreu em Portugal.
O rendimento permitiu-lhe ainda granjear o estatuto de ginasta de Elite, só está ao alcance de atletas que obtêm um nível de resultados de excelência.
Este foi, contudo, apenas o início de uma carreira fulgurante para Ana Filipa Conde, que enquanto atleta do Acrotramp Clube das Caldas ainda venceu mais três vezes o título nacional da sua modalidade, nos anos de 1995, 1996 e 1999.

NÍVEL INTERNACIONAL

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O percurso desportivo trouxe ainda mais sucessos. Além destes títulos nacionais, a ginasta caldense esteve presente em mais duas edições do Campeonato de Mundo por Idades, em 1996 no Canadá e em 1998 na Austrália. É, ainda hoje, a atleta do clube com mais presenças internacionais.
Participou igualmente em duas edições do Campeonato da Europa de Juniores, em 1997 na Rússia e no ano seguinte em Portugal, onde conseguiu o seu melhor resultado, um 3ª lugar individual e outro por equipas. E ainda a presença no Campeonato do Mundo em 1999, na África do Sul.
Aos 18 anos, os estudos levaram Ana Filipa Conde para Lisboa, onde prosseguiu a carreira no Lisboa Ginásio Clube. Aí continuou a somar presenças internacionais, incluíndo mais três campeonatos do Mundo, em 2003, 2005 e 2007, nas Taças do Mundo de 2005 e 2007 e no Europeu de 2006.

“Foi e será sempre uma referência do Acrotramp Clube das Caldas”

Ana Filipa Conde foi a primeira ginasta do Acrotramp Clube das Caldas a conseguir apurar-se e disputar provas internacionais. Contudo, a relação com o treinador Stélio Lage é ainda anterior à própria formação do clube, que data de 1991.
“Treinou comigo cerca de 15 anos, desde os 3 aos 18 anos”, recorda o técnico, para quem a atleta “foi e será sempre uma referência do Acrotramp Clube das Caldas”.
“Quando começámos a treinar não sequer existiam pistas de tumbling oficiais em Portugal”, refere Stélio Lage. “Treinava-se sem muitas condições, com pistas artesanais”, acrescenta.
Condicionantes que não travaram uma aprendizagem que permitiu atingir “excelentes desempenhos técnicos e movimentos de grau de dificuldade superior”, realça Stélio Lage.
O técnico sublinha que a sua ginasta dominou por completo, durante vários anos, o tumbling feminino nacional.
Como a primeira de uma série de atletas de excelência que o Acrotramp tem formado para o panorama gímnico nacional, Ana Filipa Conde foi igualmente importante para a evolução do clube. “Ela foi uma referência que outros ginastas mais novos tentaram seguir, foi uma marca importante para o clube”, sublinha.
Além da qualidade enquanto atleta, o treinador não poupa elogios à sua pupila no plano extra desportivo.
“É tão espectacular ginasta, como enquanto pessoa. Muito empenhada nos treinos e com muita força de vontade, superando-se constantemente, numa modalidade muito dura e exigente”. “Além disso, formou-se em Medicina, provando que quando se quer muito, consegue-se conciliar os treinos de Alto Rendimento e os estudos”, conclui.

Ginasta e treinador, em 1987. A pista de tumbling era improvisada com tapetes
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