Amora quebra invencibilidade do Caldas na Mata

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João Oliveira e Mauro Antunes fizeram os golos da equipa da margem sul. Ewandro reduziu para o Caldas

O Caldas sofreu a primeira derrota em casa da temporada. Mauro Antunes e João Oliveira formaram uma dupla mortífera para os pelicanos, construíram e finalizaram os dois golos que permitiram ao Amora vencer no Campo da Mata.

Num jogo de toada equilibrada, o Caldas teve duplo golpe negativo a meio da primeira parte. Em ato contínuo, os pelicanos perderam o seu maestro Pepo, que se lesionou, e sofreram o primeiro golo, ao minuto 25. Mauro Antunes conduziu e construiu o lance do centro para a esquerda, recebeu de Dino, ultrapassou Pipo já na área e assistiu João Oliveira, que não perdoou.

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O Caldas respondeu bem, com Ricky a aparecer duas vezes na área, mas não conseguiu marcar. Esteve mais perto de o fazer na segunda, numa bela jogada a meias com João Tarzan, mas Diego Andrade impediu o golo. A fechar a primeira parte, foi a vez de Tarzan estar perto do golo numa jogada em progressão pela esquerda, o remate obrigou Diego a uma defesa difícil, a bola bateu em Tiago Duque e, caprichosamente, saiu a rasar o poste.

A perder ao intervalo e com a equipa a sentir dificuldades para chegar ao último terço, José Vala alterou a estrutura para um 4-2-3-1 a procurar dar a profundidade que vinha a faltar na primeira parte, mas com o Amora bem estruturado no setor defensivo, as dificuldades mantiveram-se para colocar os avançados em boas condições para visar a baliza.

O segundo golo dos visitantes só veio complicar ainda mais as coisas para o Caldas. Com os pelicanos em construção, um passe errado de Ricky permitiu a Pedro Teixeira lançar a velocidade de João Oliveira, este bateu Zé Ricardo e devolveu a assistência a Mauro Antunes (73’).

Tal como na primeira parte, o Caldas voltou a reagir bem e a construir logo uma boa oportunidade. Pipo lançou Miguel Velosa na área, o avançado tirou um defesa do caminho, mas o remate foi desviado por Tiago Duque. Foi o lançamento de um quarto de hora muito pressionante do Caldas, que antes de chegar ao 1-2 viu ainda um cruzamento de Ewandro rasar a cabeça de João Tarzan na pequena área. O brasileiro reduziria para o Caldas em cima dos 90, num belo remate de fora da área, lançando cinco minutos de compensação ‘nervosos’, mas que acabaram por confirmar esse primeiro desaire do Caldas no Campo da Mata e o segundo consecutivo na Liga 3.

O Caldas mantém o terceiro lugar com 18 pontos, à frente da Académica que tem 16 e do Amora, que com Nuno Presume no comando ainda não perdeu e soma 15 pontos.

FICHA DE JOGO
CALDAS 1-2  AMORA

Campo da Mata
Árbitro
: João Afonso
Árbitros assistentes: Roberto Santos e Francisco Silva
CALDAS: Wilson Soares, Zé Ricardo, Pipo, Pepo (Yordy, 24’), Matheus Palmério (Miguel Velosa, 46’), Ricardo Alexandre (Luís Farinha, 78’), Diogo Clemente, Duarte Maneta, João Rodrigues ( Cap.), Rui Carreira (Ewandro Santos, 46’), Zé Gata (Gonçalo Chaves, 61’).
Suplentes não utilizados: Duarte Almeida, Nuno Januário, Gonçalo Barreiras, David Lopes.
Treinador: José Vala
Disciplina: cartão amarelo para Ewandro Santos (67’), Duarte Maneta (90’+2’), Diogo Clemente (90’+5’).
AMORA: Diego Andrade, Renzo Trotta, Mauro Antunes, João Oliveira, Pedro Teixeira (Jonathan Lima, 89’), Ednilson Furtado (Ablaye Diop, 72’), Tiago Duque (Cap.), (Marlom Oliveira, 88’), Hélio Cruz, Wendel Souza (Tiago Correia, 80’), Dino Semedo (Joaquim Marques, 80’), Fábio Pala.
Suplentes não utilizados: Iuri Miguel, Tony, Filipe Marques, Edney Ribeiro.
Treinador: Nuno Presume
Disciplina: cartão amarelo para Diego Andrade (45’), Mauro Antunes (45’+4’), Joaquim Marques (82’), Tiago Duque (86’).
Golos: 0-1 (João Oliveira, 25’), 0-2 (Mauro Antunes, 73’), 1-2 (Ewandro Santos, 90’).

 

José Vala: “Não fomos suficientemente agressivos”

No rescaldo da partida, José Vala reconheceu que a equipa entrou mal e acabou por ser castigada pelos pontos fortes do adversário.

“Entrámos com passividade a mais na posse de bola. A linha defensiva deles estava muito alta. Podíamos ter sido mais agressivos”, começou por dizer o técnico.

“Queríamos ter controlo com bola, mas havia muito espaço para atacar e não fomos suficientemente agressivos. A partir do golo deles, esse espaço desapareceu”, completou. O técnico lembrou que o Amora é “uma equipa muito forte nas transições” e que os dois golos sofridos nasceram precisamente desses momentos. “Eles conseguiram sempre mostrar que podiam chegar lá, apesar de estarmos mais em cima. Tivemos várias oportunidades que não concretizámos”, lamentou.

O golo tardio de Ewandro reacendeu a esperança. “Acreditámos até ao fim, com um estilo de jogo diferente, bolas mais diretas. Criámos várias oportunidades, mas o que me frustra é termos caído exatamente naquilo que sabíamos ser o ponto forte do adversário”, lamentou.

Mais do que a derrota, preocupa o treinador a quebra defensiva registada na segunda volta. “Temos quatro golos sofridos em dois jogos, o que não foi norma na primeira volta. Sempre fomos muito seguros e isso permitia-nos ganhar com um golo. Agora está a pesar – para mim e para todos.”

Com duas derrotas consecutivas a abrir a segunda metade do campeonato, José Vala admite que a equipa está num momento sensível. “Parece que as coisas estão próximas, mas estão longe. E esta é a parte mais difícil. Entrámos nesta segunda volta com duas derrotas e está a ser complicado.”

O técnico quer agora mudar o foco do grupo: “Tenho pedido aos jogadores para não olharem para a tabela, mas agora peço o contrário. Precisamos de perceber onde estamos e onde queremos estar. Cada jogo vai ser muito importante. Se não tivermos essa capacidade, vamos ter dificuldades.”

Apesar do resultado, o treinador destaque que a equipa continua a produzir futebol. “Tivemos momentos de qualidade, de posse com critério, criámos. Mas temos de finalizar melhor e corrigir aquilo que está a falhar.”

 

Nuno Presume: “Com caráter tremendo, conseguimos vencer aqui”

Nuno Presume saiu satisfeito das Caldas da Rainha, depois de o Amora ter sido a primeira equipa a vencer no Campo da Mata esta época. No entanto, mais do que sublinhar o mérito da sua equipa, o treinador fez questão de começar por elogiar José Vala.

“Tenho uma grande admiração pelo José Vala. Para mim, é o Arsène Wenger do futebol português”, afirmou. “Questiono porque é que o José Vala ainda não teve oportunidade de chegar à Primeira Liga. Outros, com muito menos, chegam lá muito mais depressa. É um treinador fantástico e desejo-lhe tudo de bom”, disse, acrescentando que também a região lhe diz muito: “Passo um terço do ano entre São Martinho e Caldas da Rainha, isto é quase casa.”

Sobre o jogo, o técnico admitiu que o Amora passou por momentos difíceis. “Tivemos alguma dificuldade no início e muita dificuldade no fim”, disse, recordando que terminou o encontro com uma dupla de centrais improvisada, obrigando Fábio Pala jogar no interior: “O Caldas alterou a estrutura, passou de linha de três para quatro defesas. Sabíamos que o maior perigo vinha na segunda parte. Nove dos 12 golos do Caldas tinham sido marcados depois do intervalo, seis deles no último quarto de hora.”

A preparação do encontro foi decisiva, garante o técnico do Amora. “Fizemos o primeiro golo exatamente como treinámos, para tentar enganar o Caldas.” O segundo surgiu “num contra-ataque que vem nos livros”, bem executado e com alguma felicidade. “Com caráter tremendo, conseguimos vencer aqui.”

O treinador destacou ainda que trouxe quatro jogadores que ainda não tinham sido sequer convocados esta época. “Dois deles, o Marlon e o Jonathan, estrearam-se comigo e corresponderam ao que pedimos.”

Apesar da importância do resultado, Nuno Presume pede contenção. “São só três pontos. Nada mais do que isso. Neste campeonato tão equilibrado ninguém se pode distrair. O nosso objetivo mantém-se e ninguém pode achar que conquistou muito.”

Questionado sobre se o conhecimento que tem de José Vala influenciou a preparação do jogo, o treinador admitiu que sim, mas rejeita vantagem. “O meu conhecimento do Caldas é igual ao que o José Vala tem de nós. Ele enganou-nos ao passar tão cedo para uma defesa a quatro. Hoje, felizmente, a sorte caiu para o nosso lado. A equipa do Caldas teria de perder algum dia aqui, e se tinha de ser, que fosse para nós. Levamos três pontos muito importantes, mas o caminho ainda é longo.”

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