VJ das Caldas leva arte do videomapping dos Silos para a Holanda

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1-marcoTelmoMarco Telmo Martins, cenógrafo e VJ (Vídeo Jamming) marcou presença no festival Live Performers Meeting que teve lugar em Eindhoven (Holanda). Neste evento, que se realizou de 26 a 28 de Junho, estiveram em competição
300 dos melhores VJ do mundo na área da manipulação de imagens e de videomapping.
A linguagem do artista plástico, curso que obteve na ESAD, chamou a atenção do júri e por isso Marco Martins conseguiu entrada directa na edição do próximo ano daquele evento, que terá lugar em Roma.
O artista, que vive nas Caldas desde que veio estudar artes nos anos 90, é responsável pelo Tigre Anão, o estúdio
de cenografia e animação que funciona nos Silos onde também coordena workshops sobre videomapping.

O festival Live Performers Meeting (LPM) é uma competição internacional que já acontece há 15 anos, sempre em países diferentes. Trata-se de um evento “onde se reúnem os melhores do mundo no que diz respeito à manipulação das imagens ao vivo”, contou Marco Martins à Gazeta das Caldas. O autor, de 38 anos, acrescentou ainda que é neste concurso que também se procuram “os autores que podem dar cartas no futuro, não só na competição, como também para colaborar em trabalhos internacionais colectivos”.
Ao todo concorreram nas três categorias, três mil trabalhos, mas só 300 é que têm oportunidade de mostrar o seu trabalho, actuando ao vivo no evento.
Marco Martins apenas concorreu com um trabalho a uma das três categorias e foi um dos 16 seleccionados a actuar no festival. O cenógrafo participou na categoria de VJ Live apresentando o seu trabalho em tela plena. “Só não participei nas outras duas categorias porque tinha que ter sido um trabalho prévio. Mandamos o nosso portefólio e eles enviam-nos desenhos da fachada onde vamos apresentar o trabalho de videomapping”, contou.
No seu trabalho sobre as imagens de animação, usou a técnica analógica em tempo real. Desta forma consegue criar “uma linguagem mais relacionada com o campo artístico e menos com a área comercial ou académica”. Acabou por ser um dos trabalhos mais diferenciados num mundo onde é muito comum o uso de efeitos especiais computorizados. Por isso, Marco Martins foi um dos convidados a participar num Talk Show promovido pela organização. Desta forma o autor caldense teve a oportunidade de dar a sua opinião a pessoas conceituadas desta área, a nível mundial até porque o videomapping “está agora a crescer e a desenvolver-se e é preciso descobrir novas linguagens”.
O mau tempo que se fez sentir em Eindhoven nesse dia não permitiu a visualização de todos e alguns autores acabaram por desistir. Marco Martins apresentou o seu Animation Explosion (Explosão de Animação) e foi bastante elogiado por isso.
Com o nome artístico de Pixel Bitch, foi o único português presente neste evento internacional na categoria de videomapping, que consiste em mapear imagens em tempo real “que tanto podem surgir numa fachada inteira de um prédio como num bolo de aniversário ou de casamento”, explicou o autor.
“Utilizo o risco e o desenho em tempo real, uma linguagem mais plástica que surge sob a fachada e depois uso alguns efeitos e after effects para completar a apresentação”, explica.
No fundo um VJ faz com as imagens o que um DJ faz com a música. Ambos manipulam o que o público vê ou ouve em tempo real.
Muitas vezes os VJ são confundidos com DJ. “Como estamos ambos nas cabines, muita gente acha que também passamos música e pedem-nos para passar canções”, conta Marco Martins.

Evento pode vir às Caldas em 2016

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Marco Martins contou que esteve a conversar com os organizadores da iniciativa sobre a possibilidade de trazer este evento às Caldas da Rainha em 2016.
Em cada um dos três dias do evento participaram entre 500 a 600 pessoas, além dos 300 performers. Nas Caldas “creio que conseguiríamos atrair o mesmo número de pessoas”, disse o VJ. Os prémios para os vencedores são invariavelmente equipamento e software. O primeiro prémio de Eindhoven foi no valor de cinco mil euros.
Marco Martins é o responsável pelo atelier Tigre Anão que funciona nos Silos e se dedicava inicialmente à cenografia e à animação. “Agora vamos passar a ser um laboratório multimédia que vai ceder espaço e telas tridimensionais para dar workshops de videomapping”, contou. Este espaço, também dedicado ao som e à gravação, está a trabalhar com os Silos para obter fundos comunitários. Pretende-se criar um espaço com tudo o que esteja relacionado com stage design, produção multimédia e cenografia.
Marco Martins já se encontra a preparar o seu próximo vídeo mapping que terá lugar nos Silos em finais de Agosto. Apesar de o seu “objecto” de trabalho ser a imagem e não o som, este artista sempre desejou participar num grupo musical. Por isso juntou-se aos seus amigos Nelson Rodrigues e André Cardoso e conseguiu a sua banda rock, os “Flying Codfish” (Bacalhau Voador). “Eles tocam respectivamente guitarra e bateria e eu… toco vídeo”, disse.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt

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