No sábado, 22 de Dezembro, decorreu o roteiro piloto “Viver Malhoa”, que inclui visita à mata, ao parque e ao museu do pintor naturalista caldense. Desta iniciativa, dedicada ao turismo criativo, fez parte um passeio pelo património natural e cultural caldense e ainda a oportunidade de assistir à representação do actor José Ramalho que se transformou nos artistas Malhoa e Bordallo e ainda em António Montez, o primeiro director do Museu Malhoa.
O passeio teve início na Igreja Nossa Senhora do Pópulo e findou, duas horas e meia depois, no Museu José Malhoa. A primeira paragem foi na mata onde os organizadores propuseram aos visitantes que fosse encontrado o sítio onde o pintor José Malhoa retratou uma das paisagens preferidas da mata caldense.
A pesquisa contou com a ajuda do fotógrafo Vasco Trancoso que apontou um dos locais onde o pintor terá instalado o seu cavalete para retratar o que via na sua pintura “Mata das Caldas”, que data de 1873. Durante o percurso, os participantes foram convidados a fazer uma recolha de amostras naturais, de folhas e ramos das espécies favoritas, que habitam aquele espaço verde caldense.
E, por fim, com recurso a aguarelas, ainda pintaram as cores que estão mais presentes, entre os vários tons de verde e ocre, que há um pouco por todo aquele espaço verde.
“A ideia é a de fazer uma recolha de cores, tal como o artista fez”, explicou Constança Bettencourt, artista plástica que fez o seu mestrado na ESAD e que, antes de participar neste itinerário nas Caldas, já coordenava visitas deste género em Lisboa.
Para Constança Bettencourt estas são experiências “muito positivas pois contribuem para levar a arte e os museus às pessoas”. Na sua opinião, este “Viver Malhoa” permitiu dar a conhecer aos participantes “um lado mais pessoal deste artista”, nascido nas Caldas.
A visita prosseguiu com a visualização do quadro a Mata, que se encontra na sala principal do museu e com a contextualização da ligação do pintor à sua terra natal e à construção do próprio Museu, o primeiro construído de raiz em Portugal destinado a esse fim. A visita terminou com uma representação cénica do actor José Ramalho que deu vida não só ao pintor José Malhoa como também a Bordallo Pinheiro e a António Montez, este último que foi o grande impulsionador da criação do museu e o seu primeiro director.
Turismo criativo para desenvolver a região
Esta foi uma iniciativa da Associação Destino Caldas em parceria com o CREATOUR e com a Universidade de Coimbra. Mariana Calaça é das responsáveis por esta iniciativa que pretende “interpretar a identidade da cidade e fazer experiências de turismo criativo com base na história das Caldas da Rainha”, disse a responsável. Acrescentou que gostaria que estes itinerários de turismo criativo se tornassem sustentáveis e dessem a conhecer a caldenses e aos visitantes “os conteúdos fundamentais para entender a história e as personalidades ligadas à cidade”.
“Viver Malhoa” é uma segunda proposta já que a primeira foi dedicada a Bordallo Pinheiro. Segundo a responsável, este projecto de turismo criativa vai arrancar em Maio, vivendo-se agora uma fase exploratória destes itinerários.
Nicola Henriques, da associação Dar, explicou que esta iniciativa se desenvolve em parceria com o Centro de Estudos Sociais de Coimbra e este já é o terceiro ano que trabalham em conjunto “no estudo e criação de uma rede dedicada ao turismo criativo em Portugal”, referiu. Pretende-se proporcionar aos visitantes uma froma de “vivenciar uma experiência com os recursos endógenos de cada localidade”.
Segundo Nicola Henriques, a opção foi para a criação de três projectos relacionados com Bordalo, com Malhoa e há um terceiro “tour” intitulado Design Praça da Fruta. Com estas propostas pretende-se não só potenciar o território para o turismo, como “algo fundamental para o desenvolvimento da região” rematou Nicola Henriques.
Caldas da Rainha vai integrar Rede de Arte Pública
O Museu Malhoa abriu as suas portas para acolher um dos primeiros encontros relacionados com a constituição da Rede nacional de informação, investigação e Intervenção na Arte Pública. Vários investigadores e docentes da ESAD reuniram-se nas Caldas, em finais de Novembro, com especialistas desta área, que vieram de várias universidades nacionais para debater as mais diversas questões relacionadas com a arte pública existente no país.
O coordenador deste projecto é José Guilherme Abreu, investigador do CITAC (Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes) que é também docente na Universidade Católica do Porto. Segundo afirmou aos jornalistas locais pretende-se, nesta primeira fase, “criar ligações entre os diferentes centros de investigação que já têm projectos relacionados com a arte pública”, disse José Guilherme Abreu.
No futuro, a rede pretende “reforçar a criação de uma arte pública de qualidade que possa ser motor de melhor convivialidade humana”.
O coordenador ainda referiu que Caldas da Rainha “é uma cidade detentora de vários exemplares de arte pública”. Segundo o especialista podem-se encontrar-se na cidade termal os mais diversos exemplos de estatuária (uma tradição do século XIX), sem esquecer as obras feitas nos simpósios de escultura (um outro tipo de encomenda), dado que “é o artista que se encontrava a trabalhar em arte pública num atelier ao ar livre”, disse o docente. José Guilherme Abreu também fez referência às grandes peças de cerâmica da Rota Bordaliana e do Jardim de Água de Ferreira da Silva. “Há aqui uma conjugação de diferentes facetas que diz muito do que é a arte pública”, disse o coordenador da rede que quer que esta tenha polos fora dos grandes centros urbanos.
Segundo Carlos Coutinho, director do Museu de José Malhoa, em breve, passará a constar da plataforma desta rede, o roteiro das esculturas que fazem parte da colecção do museu do pintor naturalista e que se encontram no Parque D. Carlos I.






























