A quarta edição do Junho das Artes, subordinada ao tema “entre muros” decorreu entre os dias 5 e 26 de Junho, e voltou a reunir artistas já consagrados e jovens promessas da arte contemporânea.
“A grande aposta de Óbidos é pôr à conversa as muralhas, ruas e território vivido por rainhas, com aquilo que é a arte contemporânea”, disse Ana Calçada, da organização do evento, que considera que este ano o evento deu um salto qualitativo. “Conseguimos ocupar a vila e disseminar no terreno alguns apontamentos exteriores aquilo que era a intenção deste projecto, que era cada vez mais “habitar” a vila através desta arte contemporânea”, disse, destacando a qualidade dos projectos apresentados.
Nesta edição participaram 11 artistas convidados, que expuseram os seus trabalhos desde a Porta da Vila, ao Centro de Design de Interiores, passando pelo Oratório da Senhora da Graça, Praça de Santa Maria, auditório de S. Tiago, Miradouro do Jogo da Bola e diversas ruas. Foram também abertos, pela primeira vez, os armazéns da antiga EPAC para acolher diversas instalações e realizaram-se conversas com jovens criadores, bem como espectáculos de música ao vivo.
Os públicos vão-se formando gradualmente, mas Ana Calçada possui indicadores de que este ano o Junho das Artes teve mais visitantes, destacando a presença de críticos e curadores que foram a Óbidos propositadamente ver o evento. “E temos as pessoas que, por exemplo, entram na Igreja de S. Tiago à espera de encontrar uma igreja e encontram ramos de árvores espalhadas”, diz, destacando que o evento também pretende ser uma provocação, no sentido de “inquietar” as pessoas.
“A intenção é que as pessoas tropecem nas coisas, se inquietem com as suas próprias perguntas, que, por exemplo, espreitem pelas lunetas e vejam Óbidos através de outras cores”, completou.
A exposição de Fernanda Fragateiro, patente na galeria novaOgiva até meados de Outubro, mostra sete dos projectos que a artista fez ao nível da intervenção publica, com a documentação e a recriação dos projectos.
De acordo com Ana Calçada, a mostra tem sido “muito bem recebida”, especialmente por se tratar de uma vertente da obra de Fernanda Fragateiro que não é tão conhecida. “Conseguiu-se conceber uma exposição extremamente limpa e delicada, com a obra da artista, muito desenhada, e acho que isso toca as pessoas”, salientou.
A próxima edição do Junho das Artes já está idealizada. O tema será o diálogo entre as fronteiras, o interior e exterior da muralha, procurando reflectir sobre que fronteiras existem actualmente e procurar ocupar, cada vez mais, o concelho com arte.































