Fotógrafo apresentou novo livro e pediu à Câmara das Caldas mais atenção à fotografia contemporânea, a arte mais importante do século XXI
O pequeno auditório do CCC esteve muito composto para receber o lançamento do livro, “88” de Vasco Trancoso, o segundo que este autor, dedica à fotografia de rua.
Foi entre familiares e amigos que o médico fez a apresentação, no domingo, 26 de outubro, na companhia do fotógrafo Valter Vinagre, da blogger e fotógrafa Helena da Bernarda e da vereadora da Cultura, Conceição Henriques. A sessão contou com a exibição de um pequeno filme, coordenado por Helena da Bernarda, onde se juntaram vários autores e onde todos deram a sua opinião acerca deste livro do fotógrafo. Personalidades nacionais e internacionais deixaram elogios e comentários ao trabalho de Vasco Trancoso, autor que se destaca na chamada fotografia de rua e que tem obtido reconhecimento nacional e internacional pelo seu trabalho. Cada pessoa justificou também a escolha de uma das fotos de “88”.
Valter Vinagre relembrou há quanto tempo conhecia Vasco Trancoso e ainda recordou memórias ligadas a trabalhos fotográficos feitos no Hospital Termal ou quando ambos fotografaram os Encontros Internacionais de Arte que decorreram em 1977 nas Caldas.
Já o autor, no final, abordou o facto das entidades estatais não tratarem a Cultura como deviam. Toda a gente fotografa “mas nem toda a gente é fotógrafa”, referiu o autor que afirmou que mais de 90% das imagens partilhadas nas redes sociais “é lixo fotográfico”.
Vasco Trancoso referiu que “88” contou com o apoio à edição por parte da autarquia e agradeceu a Vítor Marques por este apoio que viabilizou a edição da obra.
Na sua opinião, Caldas da Rainha que é considerada cidade das artes, precisa de investir mais na fotografia, pois a arte com maior impacto no século XXI “é a fotografia, não é a cerâmica nem a pintura”, disse o autor. Em seguida deixou a sugestão de se criar num dos muito museus caldenses um departamento de fotografia que permita “dinamizar, ver e preservar a fotografia de autores contemporâneos”.
Para o autor, se a designada Cidade das Artes se pretende atualizar “então terá que o fazer a partir da fotografia”. Sugeriu também que fossem criados eventos como photo walks, conferências, sessões didáticas, venda de foto-livros e, desta forma, “juntar um acervo importante desta área”. E ainda acrescentou que “há pessoas que se dedicam à fotografia que estão ligadas às Caldas e que poderão dar contributos para este projeto”.
Também criticou as editoras portuguesas que não editam livros de fotografia de autores portugueses pois estes “não se vendem”. Para o fotógrafo, estes últimos não se vendem “porque não se editam e não se publicam, sendo por isso um ciclo vicioso “que só contribui para a iliteracia em relação à cultura fotográfica”.
Um fotógrafo só evolui na sua voz quanto mais livros de fotografia de autor puder consultar. “Sem isso não consegue evoluir”, disse.
Continuar a colecionar beleza
Vasco Trancoso disse ainda que se interessa pela fotografia enquanto arte e que continuará “a colecionar beleza que tento descobrir nos milagres de luz do dia a dia”. O autor recordou a sua passagem do preto e branco, altura em que realizou trabalhos com Valter Vinagre sobre o Hospital Termal e contou na sessão que, a partir de 2016, sem nada programado, começou a andar nas ruas “e a minha posição começou a estar formatada para captar a cor”.
Ficou grato a Helena da Bernarda pois não estava nada à espera daquela reunião de testemunhos de personalidades como de cidadãos que foram interpelados a comentar as fotos que mais gostaram de “88”.
Partilhou também que, por norma, fotografa sozinho, mas numa das últimas idas para fotografar em Lisboa, Helena da Bernarda o acompanhou. E esta última partilhou que se sentiu transparente pois o autor “estava muito focado em apanhar todos os ângulos das imagens”.
Trancoso disse ainda que tem em comum com Valter Vinagre o facto de vir de longe e de viverem “as Caldas com paixão”. Antes de ter vindo em definitivo em 1983, vinha com amigos para fotografar nos idos anos 70 do século passado. E contou que tem sido com agrado que assistiu ao percurso do seu amigo, Valter Vinagre “que é hoje uma das vozes mais importantes da fotografia contemporânea em Portugal”, rematou.
A vereadora da Cultura, Conceição Henriques referiu-se ao autor como “um insigne caldense que se preocupa, reflete, replica este território. Também afirmou que tomou nota das sugestões que Vasco Trancoso deixou no que diz respeito à fotografia.

































