Vai avançar a candidatura das Caldas à rede de cidades criativas da Unesco

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Gazeta das Caldas - Unesco
A cerâmica das Caldas serviu de base à candidatura a cidades criativas da Unesco

Caldas da Rainha vai avançar com a candidatura à rede de cidades criativas da Unesco tendo por base a produção artística e artesanal da cerâmica. A autarquia contratou uma equipa da ESAD que está a trabalhar na candidatura desde 2015. A primeira versão da candidatura terá sido discutida na Câmara nesta semana, seguindo-se a sua apresentação pública durante o mês Março.

Gazeta das Caldas - Unesco
João Serra está a trabalhar nas candidaturas das Caldas da Rainha e de Leiria

“O que se pretende é demonstrar que as Caldas da Rainha possui um património de conhecimento e de mestria artesanal de excelência em relação à cerâmica”. Palavras de João Serra sobre a candidatura das Caldas da Rainha a cidade criativa da Unesco. As candidaturas deverão ser abertas ainda no primeiro semestre de 2019, altura em que as Caldas apresentará a sua proposta, devendo saber-se a resposta até ao final do ano. Segundo o coordenador desta candidatura, é preciso demonstrar que no domínio da cerâmica “se dispõe de instrumentos de valorização e de desenvolvimento desse património”.
A Câmara, enquanto promotora da candidatura, protocolou com a ESAD a preparação da candidatura das Caldas que está a ser liderada pela professora Luísa Arroz. A discussão da primeira versão da candidatura terá tido lugar na semana que hoje finda na Câmara, sendo depois tornada pública nas próximas semanas.
João Serra recordou que as candidaturas à Unesco não são uma rede de financiamento, mas sim de reconhecimento internacional (europeia e extraeuropeia). Se a candidatura for aceite, esta poderá, por exemplo, “favorecer a mobilidade dos nossos criadores (ceramistas e designers) e suas obras”, exemplificou o investigador. Poderá também ser “um estímulo ao turismo cultural” e contribuir para atrair mais público à cidade e à região.
O historiador diz que o dossier desta candidatura está a ser preparado desde 2015, tendo sido feito um levantamento dos museus, fábricas, designers, autores e das diversas iniciativas que podem dar corpo e formalização à proposta. O coordenador explica que esta candidatura das Caldas à rede de Cidades Criativas da Unesco é distinta da Molda, que é “um programa de promoção e de estudo sobre cerâmica” e que também está sob chancela da autarquia.
Segundo o historiador, a partir do momento que estejam consensualizados os compromissos em relação à candidatura por parte da Câmara, “é preciso definir o que é que a rede internacional pode oferecer à cidade e vice-versa”.
As Cidades Criativas da Unesco dedicam-se a áreas específicas. Por exemplo, Óbidos concorreu na área da literatura enquanto que Leiria escolheu a área da música. Para o historiador, cada cidade escolhe o campo onde é mais forte e “nós escolhemos o da criação cerâmica”.
A vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira, está satisfeita com a cedência da candidatura à ESAD que tem feito “um grande trabalho de investigação que inclui realizações, exposições e edições que são importantes para justificar a candidatura”.
Segundo a autarca “estamos a trabalhar para ter sucesso” mas na eventualidade da candidatura a Património da Unesco à rede de Cidades Criativas, se houver algum percalço e a mesma não for aceite, “nós não vamos desistir”.

Todos em volta da cerâmica

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Entretanto Isabel Castanheira, colaboradora da Gazeta das Caldas também chamou a atenção para a elevação da cerâmica das Caldas a Património Mundial. A livreira, que pertence à Sociedade Vila Literária de Óbidos – Associação Cultural, gostaria de ver a cerâmica da sua cidade com reconhecimento internacional. “Se a pandeireta e os chocalhos são Património da Humanidade, também a cerâmica das Caldas pode candidatar-se”, referiu Isabel Castanheira num artigo publicado no nosso jornal há duas semanas.
A ideia da candidatar o património cerâmico local também já surgiu no seio do Grupo de Amigos do Museu de Cerâmica. Segundo o seu presidente, Mário Tavares, chegou a haver a intenção de propor a cerâmica local a Património Imaterial da Humanidade. Numa fase inicial a designação da proposta seria “De Mafra a Bordalo e tantos outros – Faiança Artística”.
Por seu lado Pedro Braz, presidente da Associação de Artesãos, considera que uma candidatura a Património Mundial tem tudo para ser vencedora. “Se for aceite, será bom para a região, a cidade e os artesãos”, referiu o dirigente. Se houver reconhecimento internacional, mais público poderá afluir à cidade e será óptimo para a economia local. Para Pedro Braz, uma candidatura a Património já poderia ter sido feita. No entanto, “mais vale tarde do que nunca”.

Vinte e cinco municípios assinam por Leiria, faltando apenas Óbidos

Gazeta das Caldas - Rede Cultura 2027
Os representantes dos 25 municípios vão trabalhar em conjunto nas áreas das artes e da cultura

Arrancou na sexta-feira, 22 de Fevereiro, a Rede Cultura 2027, com a assinatura, em Leiria, dos representantes do 25 municípios que, para já, compõem o seu Conselho Geral. A relevância desta parceria foi destacada, no início da cerimónia por João Serra, coordenador do Conselho Estratégico da Candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura 2027, que classificou a Rede Cultura 2027 como “uma rede de criação, conhecimento e disseminação artística e cultural, tão inédita quanto ambiciosa”.
Para além do conjunto de autarquias, integrantes de uma região que se estende entre a Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Leiria, à CIM do Oeste e até à CIM do Médio Tejo, o Conselho Geral é composto ainda pelo IPL, NERLEI e pela Diocese de Leiria-Fátima. No futuro também deverá entrar o Instituto Politécnico de Tomar.
Há, no entanto, um município oestino que ainda não integra esta rede: Óbidos. Contactado pela Gazeta das Caldas, o presidente da Câmara, Humberto Marques, explicou que precisa de entender melhor a estratégia desta rede. Na sua opinião, o Festival Internacional do Chocolate “não faz sentido ser integrado nesta rede de arte e cultura”. Por outro lado, toda a programação do Fólio e a estratégia de Óbidos Vila Literária “tem toda a relevância que possa ser incluída”. Além da Câmara, a decisão de fazer parte desta rede tem que ter a consentimento da Assembleia Municipal. Como tal, o autarca diz que precisa de tempo para perceber como se vão adequar as estratégias dos municípios de Óbidos e de Leiria. Humberto Marques diz ainda que quer compreender como será tratado o tema dos fluxos migratórios neste amplo território. No seu entender, esta matéria não tem contado com suficientes políticas públicas e deverá ser incluído na Capital Europeia da Cultura.

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