Uma exposição introspectiva de Santa-Bárbara no Centro Cultural e de Congressos

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notícias das Caldas“Memórias – Anos 50 – 2010”, assim se designa a exposição de José de Santa-Bárbara que abriu ao público a 4 de Junho, na galeria do CCC.
Este artista plástico e designer sente-se caldense e tem uma intervenção urbana pensada para a cidade que sente sua. Trata-se de uma obra de homenagem a todos os ceramistas com um especial destaque a Rafael Bordalo Pinheiro, mas por causa da crise, a sua concretização ainda não tem data certa.

“Estou muito contente porque estou na minha terra”, disse José de Santa Bárbara, perante dezenas de pessoas, na abertura desta sua exposição “Memórias – Anos 50 – 2010. Para o designer e artista plástico lisboeta não se escolhe onde se nasce, mas o autor considera que as Caldas das Rainha é que é a sua terra pois “foi cá que aprendi e comecei a gostar das artes”. José de Santa-Bárbara em miúdo acompanhava a avó nas idas às praças da Fruta e do Peixe e recorda-se de ir com frequência à olaria do Sr. Milá. E foi este oleiro que percebeu que Santa-Bárbara tinha jeito e se interessava pela cerâmica e por isso “dava-me barro que eu levava para casa para modelar”.
A mãe e tias de José de Santa Bárbara perguntavam-lhe sempre porque não ia com os amigos brincar para o Parque “quando o que eu mais gostava era de ficar a fazer bonecos no quintal da casa”. O artista até aprendeu com o oleiro a fazer verguinha, uma técnica de cerâmica caldense da qual, por acaso, hoje já não é grande apreciador.
O artista estava feliz com esta inauguração e fez questão de sublinhar a presença dos seus amigos, incluindo do que descreveu como “o meu primeiro amigo, Henrique Sales”.
José de Santa-Bárbara comentou que esta exposição não é antológica, mas sim “uma súmula que integra as minhas principais obras”. Podem ser apreciados os mais diversos trabalhos, desde quadros da série “Vontades”, inspirada no “Memorial do Convento” de José Saramago, peças de cerâmica que o autor desenvolveu no estúdio Secla e na Escola Comercial e Industrial onde trabalhou e leccionou, respectivamente, durante os anos 60.
Podem igualmente ser apreciados alguns objectos de design, capas de álbuns de Zeca Afonso, cartazes de peças de teatro ou o eficaz símbolo da CP, empresa onde Santa-Bárbara trabalhou durante várias décadas e onde fundou o Gabinete de Design.
Para a concretização de “Memórias”, além dos responsáveis da autarquia e do Centro Artes, também contribuiu Nicolau Borges, investigador e ex-presidente do grupo Património Histórico.
O autor, que é uma espécie de artista da Renascença – já que toca em várias áreas das artes e do design – tem um projecto de intervenção para espaço urbano, em cerâmica e metal que pretende “prestar homenagem aos artistas do barro das Caldas da Rainha e em especial a Rafael Bordalo Pinheiro”, disse o autor à Gazeta das Caldas durante a inauguração. Será uma obra com nove metros, mas para já a sua concretização terá que aguardar melhores dias pois a dita crise não permite que esta se concretize a curto prazo.
O presidente da Câmara, Fernando Costa referiu a ligação deste artista às Caldas da Rainha salientando o facto de este ter sido professor, não só na Escola Comercial e Industrial como também no Colégio Ramalho Ortigão. À docência uniu-se uma passagem pelo Estúdio Secla e o edil aproveitou a ocasião para divulgar que a Câmara adquiriu as peças daquela antiga fábrica onde constam exemplares deste artista e de outros como de Querubim Lapa, Ferreira da Silva e de Hansi Stael.
Segundo José Antunes, responsável pelo Centro de Artes, procurou-se que a exposição “Memórias” fosse  introspectiva pois dela faz parte uma importante selecção “feita com base nas memórias do artista sobre o seu próprio trabalho”. Segundo aquele responsável, marcam também presença nesta exposição importantes projectos para a CP e Refer, empresas a que Santa-Bárbara esteve ligado durante mais de 40 anos.
“Memórias – Anos 50 – 2010” vai estar patente no CCC até ao dia 19 de Julho.

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