Há uma casa na Praça do Peixe que se transformou em atelier de arte e que vai albergar iniciativas artísticas. Tudo começou como um ponto de encontro de amigos e, entretanto, evoluiu para um espaço onde os artistas podem expor os seus trabalhos
Sara David tem 44 anos e é mãe de três filhos. O mais velho tem 17 anos, a filha 15 e o mais novo tem 6. Formou-se em Agricultura e, estabilizada a vida familiar, há três anos que cumpre o sonho de aprender Artes Plásticas na sua cidade natal, algo que só foi possível por contar com o apoio da família. Alguns dos seus colegas até a confundiram com a professora, mas o engano foi só nos primeiros dias. A seguir formou-se um grupo de amigos que vinha à Casa Amarela, da família da autora para conviver e, entretanto, o espaço tornou-se numa casa aberta das artes, onde está a primeira mostra, intitulada “Memórias da Casa Amarela”.
“Habitámos esta casa, que era dos meus sogros, desde 2005”, disse Sara David à Gazeta das Caldas acrescentando que a família foi agora morar para outra zona do centro da cidade. De há três anos para cá, a habitação passou a receber novas visitas: os colegas de Sara que vinham jantar, conviver e que encontraram na Casa Amarela “uma segunda família”, conforme disse Matilde Frade, 21 anos, natural de Lisboa. É uma das autoras que está a apresentar obras numa das divisões desta casa, agora transformada para acolher iniciativas de arte, além de ser o atelier de trabalho de Sara David. Luna Gil, 20 anos, veio do Porto há três anos e vive nas Caldas. Lembra-se com gosto dos primeiros dias de aulas, quando Sara a acompanhou à Loja do Ceramista para comprar material para a escola.
Sebastião Casanova, 24 anos, é de Coimbra e foi o curador da mostra onde está a participar também Joel Sousa, finalista do curso, e oriundo de Viana do Castelo. Os dois autores, habitués da Casa Amarela, que explicaram que a dada altura, entre os trabalhos da ESAD era necessário projectar uma exposição. Sara David propôs que esta proposta se realizasse e é assim que nasce “Memórias da Casa Amarela”, a primeira iniciativa de arte, que resulta da relação forte que se cimentou com convívio regular naquele local.
“A casa uniu-nos enquanto amigos e agora nós também nos podemos unir pela casa”, disse Filipa Jesus, que veio de Coimbra. Por seu lado, Joel Sousa referiu que há poucos locais não convencionais para expor nas Caldas e os formais não agilizam a realização.
Para Sara David, o mais importante é a parte relacional do projecto. “Não pode ser nada forçado e não vou fazer muitos planos”, rematou a autora, satisfeita por dar um destino artistico à Casa Amarela.






























