Mário Tavares apresentou o seu último livro a 8 de Abril no CCC. A obra dá a conhecer Francisco Sedano Bento de Mello (1810-1843), que viveu num período agitado da vida portuguesa entre as invasões francesas e a revolução liberal de 1820. Segundo o próprio autor, “esta foi a vida de um jovem não conformista que se consagrou à luta por um ideal: a defesa do bem comum”.
Natacha Narciso nnarciso@gazetadascaldas.pt
Francisco Sedano de Mello foi batizado dois dias depois de nascer, a 2 de Outubro de 1810, em situação de emergência quando a sua mãe se encontrava em fuga dos exércitos de Massena (durante a terceira Invasão Francesa) e a sua família procurava um lugar mais seguro para viver. O biografado é fi lho de Valentim Sedano Bento de Mello (1780-1845), médico do Hospital Real das Caldas da Rainha a partir de 1811, do qual viria a ser administrador. O jovem caldense viria a cursar Matemática na Universidade de Coimbra, aderindo então ao Clube (ou Sociedade) dos Divodignos, “uma associação secreta, de raiz carbonária que tinha como objectivos a defesa da Constituição e o apoio ao direito de sucessão régia da jovem Rainha D. Maria II”, explicou Mário Tavares. Nesta altura, o infante D. Miguel já tinha chegado a Lisboa, a 22 de Fevereiro de 1928, regressado de um primeiro exílio, após ter aceite as condições que o irmão (Pedro I do Brasil, futuro IV de Portugal) lhe impusera para abdicar do direito ao trono português em favor da sua filha Maria da Glória de Bragança, tendo em vista pacifi car a sociedade portuguesa. No dia 18 de Março de 1828, face ao golpe de Estado miguelista com o objectivo de restaurar o absolutismo no país, membros do Clube dos Divodignos decidem realizar uma acção violenta contra uma delegação de professores e cónegos do cabido da Sé que iam a Lisboa saudar “o popular e messiânico príncipe: D. Miguel e, em simultâneo, pedir o afastamento dos elementos liberais (alunos e mestres) da Universidade”, explicou o autor acrescentando que participaram 13 implicados dos Divodignos. O encontro fatídico deu-se em Condeixa e resultou na morte de dois lentes e ferimentos noutros viajantes.
Dos envolvidos, nove foram logo detidos e entre os quatro que conseguiram escapar, contava-se Francisco Sedano. Este tinha apenas 18 anos e não teve acção directa no que aconteceu. Só que esta participação vai marcar toda a sua existência e fazer com que tenha andar sempre em fuga. “Teve então que se refugiar onde a resistência liberal ainda está viva, ou seja, na ilha Terceira (Açores)”, disse o historiador. É lá que se alista como militar e regressa ao Continente acompanhando D. Pedro no Cerco ao Porto, em 1833. A sua acção militar foi distinguida com a Medalha da Ordem de Torre Espada 1º grau. Francisco Sedano foi o último sobrevivente dos Divodignos e após uma vida intensa, acabou por falecer nas Caldas, de sífi lis, com apenas 33 anos. Na sessão de apresentação desta obra participaram Isabel Xavier, presidente do PH, entidade que editou o livro, a vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira e Mário Gonçalves. Todos salientaram o importante contributo do investigador e do cidadão Mário Tavares para a vida caldense, ao longo das últimas décadas.
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