O projecto “No Precipício Era o Verbo” subiu ao palco do pequeno auditório do CCC, a 3 de Agosto. A plateia daquela sala esteve a meio gás para assistir a este espectáculo de leitura encenada de poemas, de traduções e composições de quatro autores, com interpretação musical de Carlos Barretto.
Esta performance poética já foi apresentada em várias localidades portuguesas e até já viajou a Macau. Uma forma de celebrar a palavra e a poesia contemporânea que acabou por originar um livro-CD, aditado pela Abysmo e que guarda estes poemas que sobem ao palco com ilustrações de André Loba.
António de Castro Caeiro (filósofo e tradutor), André Gago (actor e escritor), José Anjos (músico e poeta) e Carlos Barretto (músico e compositor), são os artistas que fazem parte deste “No Precipício Era o Verbo”.
Carlos Barretto é o único dos quatro que nunca está parado desde o princípio ao fim do espectáculo pois o som jazzístico do seu contrabaixo é o elemento comum que aglutina as leituras dos três declamadores-poetas.
Todos compuseram poemas para este espectáculo que arrancou aplausos entre quem aprecia ouvir poemas na sua língua mãe. A cada oportunidade, o público aplaudia de forma entusiástica.
José Anjos tem uma dupla função: é diseur e também músico. Como tal, vai trocando o microfone pela bateria, dialogando ritmicamente com Carlos Barreto. Seguem-se vários poemas contemporâneos dos três autores, após a leitura de dois poemas de Píndaro, autor grego que foi traduzido por António de Castro Caeiro.
Segundo José Anjos, este projecto designa-se Precipício “porque é exercício de contemplação e linguagem, porque caímos juntos, caímos em pensamento e no pensamento uns dos outros, na celebração da vida e dos afectos”.
ESPECTÁCULO ORIGINOU LIVRO
O poeta contou que este espectáculo já foi apresentado 20 vezes em vários sítios do país e em Macau.
A Abysmo, editora que tem publicado os autores individualmente e que também está neste projecto, editou o livro que vem acompanhado pelo CD com a gravação dos poemas. José Anjos referiu que o Precipício é para continuar, tendo ainda salientado a importância que teve o trabalho “Os Poetas”, de Rodrigo Leão que musicou poesia dita pelos próprios autores e alguns autores.
José Anjos gostaria que a poesia contemporânea fosse mais celebrada e que surgissem mais projectos como este. “Não há ainda um público certo para estas propostas. É preciso ainda criá-lo”, rematou o autor, explicando que o grupo terá continuidade e os autores criarão novos poemas para interpretar.































