
We, numa dupla alusão a Nós e Oeste, dá título à exposição de Rui Aleixo, que se encontra patente na galeria novaOgiva, em Óbidos. O projecto começou a ser preparado em Setembro do ano passado e desde o início que o artista plástico quis envolver a comunidade, de modo a aproximá-la à arte contemporânea.
A uma primeira visita que Rui Aleixo fez a Óbidos em Outubro, seguiu-se outra, de duas semanas no mês seguinte, para investigação e também para lançar um desafio às escolas para participarem com um desenho, pintura ou escultura, sobre este território. Grande parte da mostra foi preparada em Lisboa durante os meses seguintes, até que em inícios de Fevereiro deste ano, regressa ao Oeste e, durante três semanas, permanece em residência artística na vila para montagem da exposição e também para ir às escolas e conhecer os alunos envolvidos no projecto.
O artista plástico conhecia Óbidos como turista, pois chegou a passar férias na região. As riscas de lona que vestem as barracas das praias do Oeste serviram de referência para um conjunto de pinturas e os canaviais existentes na zona do Vimeiro foram transportados para dentro da galeria, integrando uma instalação artística.
Um painel da autoria de Josefa d’Óbidos, que se encontra na Igreja de Santa Maria, inspirou a peça “wall”. Trata-se de um mural interactivo, composto por 862 postais, em que o artista partiu da obra da pintora obidense e, baseando-se nos tons cromáticos, criou uma parede. No início da exposição estava completa, mas à medida que o tempo vai passando, os visitantes podem levar um postal para casa, deixando o valor correspondente (dois euros) numa caixa existente na parede.
“A pessoa pode levar essa parcela, mas ao mesmo tempo leva uma obra de arte inteira porque cada postal é diferente, autónomo e está individualizado com a hora da sua instalação, a assinatura do artista e a sua localização na parede”, explicou à Gazeta das Caldas.
Uma outra peça surge em relação com o céu de Óbidos e há ainda uma homenagem ao cipreste da Casa do Arco, cuja obra foi feita com restos de móveis que os obidenses deitaram fora. Na última sala da exposição Rui Aleixo convida os visitantes a entrarem no seu mundo e forma de trabalhar, expondo as cópias dos seus cadernos e os desenhos preparatórios que conduziram à mostra.
“Só quem vai até ao fim é que tem esse prémio de poder ver e aproximar-se do processo criativo”, explica.
Patente na Galeria do Pelourinho, a exposição dos alunos chama-se “Nós”, numa tradução da de Rui Aleixo “We”, e reúne trabalhos de mais de 200 crianças com idades compreendidas entre os três e os 14 anos. “Os trabalhos estão todos misturados, sem qualquer hierarquia, há sim um olhar plástico sobre a exposição em que se associam temas, cores ou formatos que ficam bem uns com os outros”, explicou o artista.
Esta foi a primeira vez que Rui Aleixo elaborou um trabalho ao nível das artes plásticas com crianças, apesar de, em experiências anteriores, já ter envolvido os mais novos no seu processo criativo ao nível da música.
As mostras podem ser visitadas todos os dias (excepto terças-feiras) das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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