É na região Oeste que o protagonista do livro “Perdidos num Verão Quente”, um ex-alferes regressado da guerra de Moçambique, se refugia dos seus problemas. O livro, escrito pelo jornalista Faria Artur, tem a sua acção central em Lisboa, no período a seguir ao 25 de Abril de 1974.
Lançado a 29 de Novembro, a Livraria Ler Devagar, na LX Factory, em Lisboa, “Perdidos num Verão Quente” conta a história de Mário, um alferes miliciano que regressa a Portugal nos dias politicamente conturbados de 1975.
São histórias de amor cruzadas por acontecimentos que vão do 28 de Setembro ao 11 de Março, ou ao assalto à Embaixada de Espanha em Lisboa.
“Nas Caldas da Rainha, Mário reencontra a paz, o prazer gastronómico, o convívio com os amigos, a disponibilidade para fazer uma calma leitura da revolução e o início de uma nova relação amorosa. Na Nazaré desenvolve esse novo afecto, o qual, acidentalmente, acarreta quadros de acção violenta”, contou o autor à Gazeta das Caldas.
A referência para o Oeste tem uma explicação: “Caldas da Rainha e a Nazaré fazem parte da minha vida”. Foi para Tornada que, com poucos meses de idade, Faria Artur foi viver. “Depois surgiu a mudança para Lisboa e o sobe e desce entre a capital e as Caldas que se mantém até hoje”, referiu. “Foi no Parque D. Carlos I que, sempre com o meu pai, aprendi a andar de bicicleta, a jogar ping-pong, e a dar enormes trambolhões do escorrega… e, claro, a espreitar o museu”, recordou ainda. “Da Nazaré recordo as semanas de férias em Setembro – sol, nevoeiro, mar, esplanadas e muita gente”.
É por essas experiências que colocou a personagem principal do seu livro a partir de “férias” para o Oeste. “Contudo, as circunstâncias originam, para além do regresso às origens, novos afectos e, surpreendentemente, momentos repletos de acção – conflito e desordem – que já não imaginava reviver”, adiantou, sobre a história.
Este foi o primeiro romance do jornalista, o qual lhe deu um duplo prazer: “Primeiro, porque me deixou desenvolver, levar mais longe, a caracterização psicológica das personagens, ou seja o seu enriquecimento emocional, o que à partida o jornalismo não permite, pois a realidade imediata impõe-se. Em segundo lugar, facultar a possibilidade de recordar às pessoas da minha geração a vivência dos anos 1974/75 e transmitir aos mais jovens, de uma forma tanto quanto possível desapaixonada, momentos de um período histórico riquíssimo”.
Rodeado por um ambiente histórico electrizante, o protagonista divide as suas atenções entre a mãe da sua filha, em Lisboa, e uma nova paixão na Nazaré. O livro prende-nos a atenção até à última página e daí perguntarmos ao seu autor se já está a pensar no próximo, tendo este respondido que “com a crise que vai no sector livreiro, torna-se difícil fazer planos”. No entanto, tem muitas histórias que já estão escritas e que estão “a dormir no computador…”.
Faria Artur nasceu em 1950 e exerceu a sua profissão de sempre, jornalista, com especial incidência na área da Cultura. No Diário de Notícias foi redactor, grande-repórter e editor das secções Regional e Cultura e Espectáculos.
Foi distinguido com vários prémios, nacionais e internacionais, por alguns dos seus trabalhos, e co-autor dos livros Programa Media 92 (edição do Parlamento Europeu, 1993) e Retratos de Ontem (Editorial Notícias, 1994.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt






























