Um ano e nove meses para construir a sede do Teatro da Rainha

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Um ano e nove meses. É este o novo prazo para a construção da sede do Teatro da Rainha, após ter sido necessário resolver um problema relacionado com a estabilidade do terreno onde se vai implantar o novo edifício. Este último foi um dos temas que esteve em debate, a 14 de Dezembro, na terceira edição do Colóquio Teatro Espaço Vazio e Democracia.

“O projecto das fundações está feito e está entregue”, disse José Carlos Faria do Teatro da Rainha, explicando que há tramites legais que têm que ser respeitados. A obra para a construção da sede, a cargo da Câmara Municipal vai recomeçar a curto prazo e agora irá ter uma área de micro-estacas que vão definir uma espécie de berço onde assentará o edifício. Segundo Fernando Mora Ramos, também do Teatro, o prazo de construção é agora de um ano e nove meses e foi dado a conhecer na terceira edição do Colóquio Teatro Espaço Vazio e Democracia.
A iniciativa contou com a intervenção de vários convidados com o objectivo de reflectir sobre o espaço da cidadania e a democracia, sem esquecer que o futuro espaço do grupo teatral se quer versátil e que “possa ser apropriado pelos espectadores e pela comunidade”, disse o actor.
Maria João Domingues, vice-presidente da Câmara, que encerrou o colóquio passou em revista as dificuldades que se têm vivido relacionadas com a criação da sede do teatro da Rainha. Segundo a autarca “depois das grandes vicissitudes do que foi a contratação pública e depois de ter sido necessário aguardar o parecer do Tribunal de Contas veremos se é desta que conseguimos cumprir a promessa da construção da sede”. A vice-presidente considera também que é fundamental a participação de cidadãos no que diz respeito às modificações e às novas estruturas e espera por isso que a nova sede “possa ser um espaço de acolhimento, de crescimento e de cidadania”.

Debater o teatro e o real

O colóquio contou com a intervenção de Manuel Vieites, professor e director da Escola Superior de Arte Dramática da Galiza no colóquio sobre “Que fazer com os teatros? Para uma necessária convergência com a Europa”. O docente chamou a atenção para a necessidade de, na maioria dos países europeus, os teatros serem espaços de criação e difusão cultural, o que implica serem habitados por companhias de teatro ou de dança que desenvolvam programas de acção cultural como se verifica nos teatros municipais na Turquia ou Finlândia, nos teatros nacionais e municipais em França ou nas companhias residentes em Inglaterra e Portugal. No entanto, o académico explicou que em Espanha, e salvo algumas excepções, a tendência tem sido “a de externalizar a exploração dos teatros públicos, sem que esse processo tenha alterado ou melhorado os seus funcionamentos, dado que operam como centros de distribuição de produtos culturais, carentes de uma produção própria e alheios à criação de públicos”.
Para Manuel Vieites urge a recuperação dos teatros espanhóis “para esse lugar central na vida das comunidades e favorecer desse modo o vínculo entre teatro e democracia”.
Por seu lado, Alexandra Moreira da Silva docente na Sorbonne Nouvelle trouxe ao colóquio o tema Fronteira, dispositivo e hospitalidade: o espaço entre no teatro contemporâneo, enquanto Christine Zurbach, docente na Universidade de Évora se dedicou à temática “Depois de Rousseau: inventar um teatro para a festa popular e cidadã”. O arquitecto Nuno Lopes, autor do projecto do Teatro da Rainha, falou sobre o tema “Dentro e fora da caixa” enquanto que o poeta José Ricardo Nunes fez uma intervenção intitulada “Exemplar”, tendo-se centrado nos poemas de Robert Browning, Edgar Lee Masters e Konstandinos Kavafis e numa prosa de Jorge Luís Borges.

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