Tudo sobre o chocolate no Museu do Ciclismo

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mundodochocolate3 copyDa árvore à tablete, como nasce o chocolate? Quem o descobriu e consumiu pela primeira vez? Que benefício traz à nossa saúde? E, curiosamente, de que forma podemos ligá-lo ao mundo das bicicletas? Estas são algumas das perguntas que encontram resposta na exposição Mundo do Chocolate, uma iniciativa da empresa caldense Bombondrice, especializada em produtos de confeitaria. Patente no Museu do Ciclismo até 6 de Março, a mostra foi inaugurada no sábado, 9 de Janeiro, com a presença de cerca de 50 pessoas.

É possível comparar o chocolate a um “doping saudável”? Sim é possível. Nas primeiras voltas a Portugal em bicicleta, bebidas achocolatadas como a Banacau e a Ovomaltine eram servidas ao longo das corridas, por serem ricas fontes de energia. “O cacau é desde há muito tempo reconhecido como um suplemento alimentar na dieta dos desportistas, como o Alves Barbosa, ciclista vencedor da volta em 1951, que se preparou para a corrida a tomar Ovomaltine diariamente”, contou Mário Lino, director do museu, acrescentando que marcas como a Ovomaltine chegavam a estar representadas nos percursos da volta com “uns senhores vestidos de branco que, com uma concha, serviam a bebida achocolatada acondicionada em latões de cinco litros”. Se estes se fossem embora, os ciclistas sabiam bem como desenrascar-se e “metiam a mão, às vezes cheia de óleo, dentro dos latões para encher os copos e garrafões”.
Rico em ferro, cálcio, potássio, magnésio e vitaminas (A, B1, C, D e E), o chocolate, consumido na dose certa (no máximo, 20 gramas diárias) pode trazer benefícios à saúde. Ao nível do cérebro, por exemplo, estimula a produção de substâncias que melhoram a concentração e de hormonas que actuam sobre o nosso humor, deixando-nos mais bem dispostos. Contudo, as vantagens alargam-se ao coração, pulmões, fígado, estômago, pâncreas, rins e intestinos.
“O bom chocolate negro nem sequer tem colesterol, mas o segredo está em distinguir os produtos que têm realmente qualidade”, sublinhou Teresa Serrenho, gerente da Bombondrice, que deixou o alerta: “devemos duvidar quando o chocolate é muito barato”. Segundo a responsável, as marcas mais económicas adicionam outras gorduras ao processo de produção, enquanto as dos métodos artesanais apenas utilizam a manteiga de cacau, um produto de origem vegetal.

As origens do chocolate

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É nas florestas tropicais dos países abaixo da linha do Equador que se encontram as principais plantações de cacaueiros, árvores que dão o cacau (30 a 40 frutos por unidade) e que têm a sua época ideal entre os meses de Abril e Outubro. Curiosamente, “o cacaueiro é das poucas árvores da natureza em que o fruto nasce directamente no tronco”, explicou Teresa Serrenho, que chamou ainda a atenção para a exploração do trabalho infantil que existe nestes países. “Aquilo que tem vindo a acontecer é o estabelecimento de acordos entre as empresas de transformação do cacau e os produtores desta matéria-prima. Basicamente, assegura-se que os meninos que trabalham também vão à escola”.
Os grandes pioneiros no consumo do cacau foram os Aztecas, povo que se desenvolveu no actual México entre o século XIV e XVI. Ingeriam-no numa bebida – chamavam-lhe a água amarga – aproveitando-se das propriedades energéticas do fruto para “revigorar as forças da população antes de uma batalha”, recordou Teresa Serrenho.
Também os portugueses, quando descobrem o Brasil, rapidamente se apercebem do valor da fava do cacau e, por isso, usam-na como moeda de troca. Naquela altura, um coelho custaria uma fava, enquanto um escravo seriam 100. No entanto, foram os espanhóis os responsáveis por tornar doce o sabor amargo do cacau, acrescentando baunilha e açúcar à bebida achocolatada. Já o mérito de transformar o líquido negro em barras sólidas é dos holandeses que, por volta de 1800 desenvolveram um método de cristalização do chocolate.

Uma exposição pensada para as crianças

Ainda que aberta ao público em geral, a exposição Mundo do Chocolate foi concebida especialmente para as crianças. “Queremos preparar os consumidores do futuro, sensibilizar os mais novos para o valor da produção artesanal e da utilização de boas matérias primas”, afirmou Teresa Serrenho, assegurando diversão garantida às crianças que visitarem a exposição. Aqui, terão oportunidade para fazer uma peça em chocolate, recorrendo aos moldes e procedimentos utilizados pela Bombondrice, e poderão participar em diversos jogos didáticos.

Maria Beatriz Raposo
mbraposo@gazetadascaldas.pt

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