A antropóloga Teresa Perdigão levanta a hipótese de existir uma relação entre as cavacas das Caldas, o falo e as águas termais (que são fertilizantes). Depois de ter publicado uma obra dedicada à doçaria açoriana pretende agora dedicar-se à das Caldas, tal como afirmou a 22 de Abril numa sessão dedicada à celebração do Livro, na Biblioteca Municipal.
Cavacas em linguagem semita significa “o bolo que se oferece às deusas”. Quem o diz é a antropóloga Teresa Perdigão, interessada em estudar ao pormenor a doçaria caldense, depois de ter pesquisado e lançado o livro “Doçaria Açoriana”.
A investigadora tem trabalhado nos últimos tempos sobre doces de festa certificados e fez um trabalho de levantamento sobre aqueles que são identitários das várias ilhas. “Quando se vai à ilha Terceira comem-se D. Amélias enquanto que em Sta. Maria são os biscoitos de orelha”, afirmou a autora. Estes têm como raiz um ritual que pode ser, por exemplo, de fertilidade, como será, provavelmente, o caso das Cavacas das Caldas, devido à sua forma feminina, em concha, disse a antropóloga. Além das cavacas, é também provável que que se possa relacionar “a permanência do falo e as águas termais que são fertilizantes”, rematou a investigadora, que deverá aceitar o desafio deixado pela vereadora Maria da Conceição para, após as suas investigações nos Açores, se dedicar a temas caldenses.
Caldenses preferiam filho de Bordalo
Cristina Horta, investigadora e ex-directora do Museu de Cerâmica trouxe uma visão panorâmica sobre vários ceramistas caldenses. Deteve-se em 1905, ano em que morreu Rafael Bordalo Pinheiro e a rejeição da população a Costa Motta Sobrinho, autor que o substituiu na direcção artística da Fábrica de Faianças, entretanto com novos proprietários.
Este artista foi preterido em relação a Manuel Gustavo, que acabou por ter um papel relevante em relação à preservação e à continuidade do trabalho cerâmico de seu pai, Rafael.
Carlos Querido publica “Insanus”
“Insanus” intitula uma colectânea de contos que estão no prelo e que em breve será dada a conhecer ao público. É de Carlos Querido, autor e juiz desembargador, que também é colaborador da Gazeta das Caldas onde tem publicado crónicas relacionadas com a história local. É também autor dos livros Salir de Outrora, Redenção das Águas e o Príncipe Perfeito: Rei Pelicano, Coruja e Falcão.
O juiz-escritor fez uma animada apresentação que conquistou os presentes, dando a conhecer à plateia como reparte o seu tempo entre os acordãos e o seu gosto pela investigação histórica, que lhe dão a base para os seus livros.
“Insanus” abre uma nova área no que diz respeito à sua escrita dado que “são histórias sobre o absurdo, que também pode ser uma forma de resiliência”.
Carlos Querido será também orador no próximo dia 20 de Maio, no Tribunal da Relação do Porto, para falar sobre “O Processo de Camilo”, uma história verídica do escritor Camilo Castelo Branco.
A sessão – com os três autores caldenses – inseriu-se no programa do 20º aniversário da Biblioteca Municipal. Deste fazem partem uma mostra bibliográfica sobre o 25 de Abril, a distribuição de livros por cafés da cidade e uma noite na Biblioteca, que será pontuada por momentos de dança e de contos. N.N.






























