Tecidos que protegem do sol em exposição no Museu do Hospital

0
637

“Tissue Around-Sekhmet e Living Tissue” é como se designa a mostra da autoria de Diana Nogueira que está patente no Museu do Hospital e das Caldas. A jovem conclui o curso de Arte e DesignTêxtil na Escola Massana em Barcelona e apresenta na cidade as colecções que desenvolveu durante o curso. Entre elas está um projecto desenvolvido com tecidos  protectores dos raios UV (ultra violeta).

Amanhã, dia 18 de Setembro, pelas 21h30, naquele espaço museológico, decorrerá a última conferência aliada a esta mostra. Irá participar António Machado, director do serviço de oftalmologia do Hospital Militar Principal (Lisboa)  que abordará a temática “Luz solar e Visão”. A mostra poderá ser vista até ao próximo domingo, 19 de Setembro.
Foi no interior do corpo humano que Diana Nogueira se inspirou para criar uma das colecções de tecidos, presente no museu. Há imagens de células, de óvulos e de pele, cujas cores e formas inspiraram os tecidos e as malhas. Este foi apenas um dos projectos que a lisboeta Diana Nogueira desenvolveu naquela universidade catalã e se propôs a apresentar nas Caldas. Trouxe ainda algumas peças, com aplicações para o corpo, como perneiras ou para a anca. A jovem de 24 anos quis no seu projecto final ir mais longe. Pretendia assim “desenvolver um produto de design mas era importante que fosse útil”, disse.
Quando se apercebeu que o cancro de pele era o tipo enfermidade daquele grupo que mais matava em todo o mundo, pensou que nada melhor do que desenvolver uma colecção de tecidos com protecção contra os raios ultra-violeta.  E assim fez. Além de vários tecidos há inclusivamente uma peça de vestuário que desenvolveu com um grande capuz pois a maioria dos chapéus deixa a descoberto as orelhas e a zona do pescoço. “Procurei que a colecção fosse funcional mas também com propostas atraentes”, explicou a jovem que criou padrões agradáveis para os tecidos presentes na exposição.
Desde o início do Verão esta mostra teve um programa complementar de conferências de médicos dermatologistas que alertam os presentes para o perigo da exposição indevida ao sol. Foi o que aconteceu no sábado, 11 de Setembro com a presença de Rui Belo, médico dermatologista do Hospital dos Lusíadas (Lisboa) que abordou o tema “Protecção Solar – Uma estratégia global”.
Segundo aquele especialista “de toda a radiação que somos expostos ao longo de uma vida, cerca de 80% é apanhada até aos 18 anos pois é nessa altura que temos mais meses de férias e mais actividades ao ar livre”.  O médico alertou para o perigo da exposição às horas de maior calor sobretudo para as crianças. “Até aos dois anos as crianças não devem ser expostas directamente ao sol e na Austrália só o permitem a partir dos três”, disse o médico.
É fundamental o uso de protectores solares, de óculos de sol e de roupas frescas “mas que não exponham muito a pele”, disse o médico perante algumas dezenas de pessoas que encheram a plateia instalada na sala de exposições temporárias do museu.
Segundo este dermatologista é preciso voltar a educar a sociedade “que uma pele muito bronzeada não é bonita”. Rui Belo recorda que o sol “é democrático” e que é muito melhor não ter manchas nem rugas pois a pele é um órgão demasiado importante “para estar sujeito a modas”.
No Inverno, o nível de radiação é bastante inferior mas o médico relembrou o perigo que é as pessoas mudarem de repente de um local frio para destinos muito quentes. O corpo não tem tempo para se adaptar e mais uma vez sublinha que sol intenso “deve ser evitado”.
Segundo o médico, os desportos de neve “são tão agressivos como os desportos de mar” e recordou que a radiação é muito alta em altitude (que estão mais próximos do sol). Recordou igualmente que a neve reflecte tudo. Apesar deste Verão já estar no fim, Rui Belo espera que os alertas deixados sirvam já para o próximo ano.

- publicidade -