Durante o mês de junho, os grupos de teatro amador, das escolas e companhias de teatro, apresentam-se no auditório da Casa da Música. Há guerra na Amoreira!? foi a primeira peça em palco
Quando um casal decide visitar o filho na guerra, mantendo os rituais familiares dos piqueniques ao domingo, acontecem as mais variadas peripécias. Este o ponto de partida para “Há guerra na Amoreira!?”, a peça interpretada pelo grupo Animais de Palco, com encenação de José Ramalho, e apresentada na noite de 3 de junho, dando início a um mês de teatro em Óbidos.
A peça, que expõe as fragilidades da guerra e a consciência da bizarria da mesma, já estava a ser ensaiada antes do conflito na Ucrânia, mas acabaria por tornar-se muito mais pertinente e atual. O encenador José Ramalho, que começou a trabalhar com o grupo de teatro amador da Amoreira em setembro do ano passado, trouxe para a peça (que já ensaiavam antes) uma proximidade ao território, com alusões à ginja ou à Lagoa de Óbidos. José Ramalho destaca o profissionalismo e dedicação dos atores, que “diligentemente” todas as semanas marcam presença no ensaio no centro social da Amoreira, assim como a sua participação na construção do espetáculo. “Foi tudo feito a partir de ideias deles”, realça o encenador, a quem coube a escolha da música final da peça, uma espécie de festa no fim da guerra, e onde os atores interagiram com o público presente.
O grupo de teatro Animais de Palco, da Amoreira, é um dos quatro que estão a funcionar no concelho de Óbidos, juntamente com Reflexos, de A-dos Negros; Águas Vivas, de Olho Marinho e A Raiz, da Usseira, que são encenados por José Ramalho, Inês Fouto, Tânia Gonçalves e Gonçalo Costa, respetivamente. Há ainda animadores que dinamizam três grupos de teatro nos complexos escolares. Este trabalho, no seu conjunto, envolve cerca de 60 atores amadores.
Este festival de teatro resulta de uma estratégia de valorização do território e de desenvolvimento comunitário, no âmbito do projeto Identidade – o Teatro com e para a comunidade local. Cada grupo trabalha um registo diferente, que escolheu. Enquanto que na Amoreira basearam-se numa peça de autor, na Usseira trabalharam o teatro de revista, em A-dos-Negros criaram uma peça tendo por base as vivências dos participantes, no Olho Marinho foi encenada uma peça de marionetas, criadas pelos próprios elementos do grupo. Uma diversidade que foi possível graças à existência de vários encenadores, que permite conciliar os gostos do elenco e horários de ensaio, explicou Carla Gil, representante do Desenvolvimento Comunitário na autarquia. A responsável dá o exemplo do Olho Marinho, onde desde o início ficou assente que a peça tinha de abordar a fonte, um ex-libris daquela localidade.
Um dos grandes objetivos “é fazer um trabalho em rede, intergeracional, fomentando o contacto entre os grupos amadores locais, as escolas e grupos de teatro profissional, e fomentar o teatro enquanto atividade cultural”, explicou a vereadora Margarida Reis. A autarca acrescentou ainda que pretendem mostrar o trabalho desenvolvido por estes grupos nas várias localidades do concelho. Há também o objetivo de que os grupos possam dinamizar atividades para participar em eventos de Óbidos, como o Fólio ou o Festival da Ginja, onde os “Animais de Palco” irão atuar.
Exposição sobre Teatro
No átrio da Casa da Música está patente a exposição “O que é o teatro?”, criada pelo ministério da Cultura e que proporciona, ao longo de vários painéis de imagens e textos, uma viagem por esta arte. A exibição no contexto do Festival de Teatro de Óbidos acrescenta ao público conhecimento sobre esta prática artística, alargando deste modo o seu olhar, quando da sua fruição dos espetáculos integrantes no programa. A mostra, organizada por José Ramalho, “complementa” o trabalho que está a ser realizado, “favorecendo a aquisição de informação especializada para os membros da Rede de Teatro de Amadores do concelho de Óbidos sobre a História do Teatro”, refere o encenador. ■
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