
Passados sete meses da apresentação de “Trilogia dos Dias” (obra que valeu a Margarida Cruz o Prémio de Revelação de Poesia da SOPEAM), a médica reumatologista que vive nas Caldas há 11 anos, lança o seu segundo livro, “A Sombra da Tília Ausente”. A apresentação decorreu no Museu do Hospital e das Caldas, no dia 25 de Novembro, e contou com a presença da psiquiatra caldense Paula Carvalho.
Foi precisamente no Hospital Termal que Paula Carvalho conheceu Margarida Cruz, descrevendo-a como “alguém muito discreta mas com uma enorme sensibilidade e preocupação em relação ao mal estar e ao sofrimento dos outros”. A psiquiatra acrescentou que não ficou surpreendida quando soube que Margarida Cruz escrevia, precisamente por considerar que a poesia é, no seu caso, uma forma de “tornar esse sofrimento em algo mais estético”.
Desde 2011 que Margarida Cruz já não trabalha no Hospital das Caldas, exercendo a sua especialidade em unidades privadas e em regime de voluntariado. “Penso que terás saído porque sentias que havia algo de intolerável, como as listas de espera, a falta de condições ou a incapacidade de dares a resposta adequada aos problemas”, notou Paula Carvalho, realçando que a reumatologia é uma área onde todos os dias os profissionais lidam com a dor.
A médica Margarida Cruz é a escritora Inês Benedita, pseudónimo que adoptou aos 10 anos e com o qual assina os seus dois livros. Sobre “A Sombra da Tília Ausente”, a autora explicou que é uma obra que aborda a vulnerabilidade do ser humano, o amor e o pavor de mãe e o intervalo entre o nascimento e a morte.
“Ensurdecedor”, o poema que ilustra a contracapa, foi inspirado no seu filho Guilherme, de 10 anos, a quem Margarida dedica o livro. Isto porque “uma parte dos poemas foram escritos quando ele era bebé”, explicou, recordando o seu filho como “um bebé muito doce e alegre, de grande paciência, entrega e vulnerabilidade, mas também muito azarado, que me fez pensar sobre outros bebés que fossem frágeis e desprotegidos”.
Este livro de poemas, editado pela Chiado Editora, é também dedicado aos avós paternos, sobretudo à sua casa da aldeia que há dez anos a autora sonhou que estaria desabitada e fria, como se encontra nos dias de hoje. Deste sonho resultou “Casa dos Fantasmas”, escrito em 2006.
Os avós maternos também entram nas dedicatórias. “Um Figurante a Menos” foi escrito quando a Tília em frente à sua casa foi abatida e Margarida Cruz anteviu a morte do avô Octávio, de quem recorda as conversas, os passeios e as corridas no Parque do Fontelo (Viseu) e as idas à pastelaria do Horta para comer um Viriato. “O meu avô é que deu o nome ao livro, é ele a Tília Ausente, sobre quem comecei a escrever quando vi que se aproximava da morte”, revelou.
A médica que também é escritora e entrou para medicina somente para ser psiquiatra – acabando por escolher reumatologia – também já tem concluído o seu terceiro livro de poemas, que se designará “Branco e Negro”.






























