Escritora e ilustradora que é um ícone da literatura infantil, Manuela Bacelar, já assinou mais de meia centena obras publicadas em Portugal, mas também em França, Japão, Marrocos, Líbano e Dinamarca. No passado dia 18 de Dezembro esteve em Óbidos a visitar a PIM! III Mostra de Ilustração para Imaginar o Mundo (que lhe presta homenagem), criada para o Folio e patente na galeria nova Ogiva, até ao final do ano.
“Uma exposição muito bem montada e inteligente. Acho a mistura de autores muito assertiva”, disse a ilustradora à Gazeta das Caldas.
Manuela Bacelar chegou a Óbidos depois de uma viagem de comboio que a trouxe do Porto, onde mora. Depois de visitar a exposição de ilustração patente na galeria nova Ogiva, que presta homenagem ao seu trabalho, a ilustradora sentou-se a beber um café numa das mesas que compõem o cenário e conversou com a Gazeta das Caldas.
Bem disposta, a autora de 74 anos e uma das primeiras ilustradoras portuguesas, destacou o trabalho feito pela curadora, e também ilustradora, Mafalda Milhões. “Está uma exposição muito bem feita, acho a mistura dos autores/ilustradores muito assertiva, e as frases que escreveram nas paredes têm muita graça, pois lembram o pó da minha casa”, disse. Patentes pelos três andares da galeria estão trabalhos de Manuela Bacelar, mas também de mais duas dezenas de ilustradores, entre eles a vencedora deste ano do Prémio Nacional de Ilustração, Fátima Afonso e o conhecido cantautor, Sérgio Godinho, que mostra uma outra faceta artística.
Manuela Bacelar mostrou-se “comovida” com a retrospectiva feita do seu percurso. “São tantos anos e de sacrifício”, conta, lembrando que é uma das primeiras ilustradoras portuguesas. O gosto pelo desenho deve-o aos pais, que sempre lhe deram bons livros. “Preocupavam-se muito com a educação estética e compravam-me livros estrangeiros, porque em Portugal havia apenas desenhos estereotipados, feios e pesadões”, recorda, acrescentando que também via bom cinema de animação no cineclube que frequentava.
Após terminar os estudos secundários na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto, foi para Paris para seguir Pintura ou Escultura, mas acabaria por ser em Praga, entre 1963 e 1970, para onde vai com uma bolsa de estudo, que encontra o curso de Ilustração, na Escola Superior de Artes Aplicadas. A partir daí nunca mais deixou a ilustração.
Considera que actualmente há boa ilustração em Portugal, mas que nem sempre foi assim. “Quando comecei [na década de 70] não havia confrontação, concorrência. Era um bocado estar no vazio, tinha a sensação de que se fizesse uma pinta num papel era bestial”, recorda, destacando que agora é mais desafiante desenvolver o seu trabalho.
Um ilustrador normalmente cinge as suas temáticas aos textos dos autores com quem trabalha, mas Manuela Bacelar ultimamente tem ilustrado o que tem “dentro da cabeça”, e são alguns desses trabalhos que podem ser vistos em Porto.
Revolução do pensamento
A curadora da mostra, Mafalda Milhões, refere-se a Manuela Bacelar como a “senhora da ilustração”, pela grande diversidade de temáticas, tendências, técnicas e linguagens artísticas, que tem trabalhado ao longo do seu percurso.
A forma como a exposição foi pensada, com o cenário virado ao contrário, é uma analogia à própria casa da autora, no Porto. Isso mesmo está também patente nas frases que “povoam” toda a mostra e que são da autoria do escritor obidense Alexandre Sousa.
“Manuela Bacelar é uma senhora revolução”, pode ler-se numa das frases, que faz um paralelismo com o tema desta edição do Folio, mas também com o próprio pensamento da artista. Foi da sua estadia na então Checoslováquia que lhe abriu a mente para a necessidade de uma revolução, que queria que acontecesse também em Portugal, mas acima de tudo uma revolução do pensamento. “É disso que eu também acredito que precisamos e tentei trazer a ideia de que precisamos de pequenas revoluções na cabeça de cada um para depois então, juntos, podermos ter uma grande revolução”, sintetizou o autor.
Aquando da preparação da exposição Alexandre Sousa e Mafalda Milhões foram ao Porto para conhecer a ilustradora e o que encontraram foi “uma senhora um pouco debilitada, mas doce, perfeitamente lúcida”, recorda o escritor. Tudo isso, juntamente com a atmosfera em que vivia, inspirou-o a criar um dicionário novo com definições de palavras e conceitos sobre Manuela Bacelar, que se encontram expostos na nova Ogiva.
































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