Santa-Bárbara criou nove capas para Zeca

0
722

O caldense por adopção, José de Santa-Bárbara artista e designer é autor de nove capas de álbuns de Zeca Afonso. “Isto tudo começou com o Zeca nos idos de sessenta e prolongou-se até ao inícios dos anos setenta”, explicava o autor à Gazeta das Caldas, numa homenagem a Zeca Afonso que foi feitas nas Caldas, no Teatro da Rainha, em 2007.
Nessa altura José de Santa-Bárbara, que foi muito amigo do músico, expôs nas Caldas os trabalhos gráficos relacionados com os álbuns do cantautor. “Foi ele que me desafiou para fazer uma capa de um disco que já era a segunda edição”, recordou Santa-Bárbara que recebia Zeca Afonso em sua casa em Lisboa, quando este realizava as gravações.
Foi com emoção que efectuou uma visita guiada pelas capas e é com carinho que recorda momentos vividos com o seu amigo. “Fui à arca das recordações e encontrei lá tudo isto e até eu fiquei surpreendido com o resultado!”, disse. Além de nove capas foi possível conhecer nas Caldas outros materiais gráficos acessórios.
Estiveram também fotografias e provas de tipografia. “Vivia-se numa época sem computadores e fazia-se tudo à unha”, disse o designer que trouxe também o abajour de um candeeiro que o cantor lhe pediu pois precisava de algo “que soasse como um reco reco”. E assim ficou imortalizado o som do abajour em duas canções de “Contos Velhos Rumos Novos”.
Do baú de recordações de Santa-Bárbara estava também um núcleo ide fotografias de Patrick Ullman obtidas durante as gravações do Cantigas de Maio, em França.  As imagens referiam-se ao momento em que Zeca Afonso, acompanhado por Francisco Fanhais e José Mário Branco, ensaiam os passos do início da “Grândola”.
Estavam pois no exterior de um estúdio de gravação em França que era um antigo castelo e tiveram que esperar pela noite para gravar os passos, caso contrário gravariam também os sons dos carros na estrada. “E por isso gravámos de madrugada, às duas ou três da manhã”, recordou o músico Francisco Fanhais que fez vários coros naquele álbum, gravado em 1971.
Naquela época nenhum dos envolvidos podia imaginar que três anos depois seria a canção escolhida para dar o sinal do 25 de Abril. “É a minha coroa de glória, ter participado numa canção que ficou histórica”, disse o músico.
Para Francisco Fanhais – também convidado na homenagem feita a Zeca nas Caldas em 2007 – ver aquelas fotografias foi uma emoção até porque havia algumas que não conhecia. Na sua opinião, o cantor de intervenção pode ser “um exemplo para muitas gerações” e acha até que “a malta nova está a redescobrir a figura exemplar de cidadão e artista que foi o Zeca”.

N.N.

- publicidade -