Salvador Martinha regressou ao grande auditório do CCC para contar piadas e brincar com coisas sérias

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O humorista diz que o público caldense é muito participativo
O humorista diz que o público caldense é muito participativo e que isso o faz “ir mais longe” | Isaque Vicente

Salvador Martinha regressou às Caldas para apresentar o seu quarto espectáculo a uma plateia de mais de 300 pessoas, numa noite cheia de interacção. O artista diz que é um anti-herói porque apesar de se chamar Salvador nunca salvou nenhuma pessoa. Ainda assim, acredita que com o humor ajuda a salvar a sociedade. E a brincar, a brincar, não deixou de abordar temas muito sérios, como os limites do humor, o jornalismo, a paternalidade e a violência doméstica.

 

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Mal Salvador Martinha entrou em palco, ainda com a sua máscara, alguém da plateia gritou: “faz-me um filho”. O humorista começou por realçar que tinha um público jovem, para criticar uma juventude que não vai ao teatro e para ligar o espectáculo com um tema da actualidade: os exames nacionais. Perguntou quem havia na plateia que tivesse feito exame este ano e interagiu com um jovem que havia realizado o de Português. “Estás confiante? O que é que saiu? Já sabias, não era?! Ou não tens whatsapp?”, brincou.
E assim, a todo o gás, estava dado o mote para o espectáculo. Ia ser uma noite de muita interacção com o público.
Quando perguntou se ninguém havia chegado atrasado e lhe responderam que era ele quem estava atrasado, respondeu: “eu não estou atrasado, mas como me disseram que vocês estavam atrasados eu atrasei o espectáculo. Portanto, tu é que és atrasada”.
Ao bom estilo do stand up, sozinho no palco com um microfone, sem adereços (excepto a máscara que usou no início e no fim e que está representada no cenário em ponto grande) esteve durante mais de uma hora e meia, ora com piadas do seu espectáculo, ora em brincadeiras com o público.
Disse que o seu nome prometia muito, mas que essa foi uma promessa falhada e recordou os outros Salvadores que existem: Caetano (com quem sempre fizeram piadas), Jesus Cristo e, mais recentemente, Sobral.
E como o espectáculo se baseava no nome (e na personalidade) do comediante, Salvador Martinha admitiu que não gostava do seu apelido. “É bullying…”.
Pediu à plateia para dizer marcas de bolachas. A primeira foi a Oreo, “que ensinou muitos miúdos a fazer sexo oral” e concluiu que as piores são “aqueles discos brancos de arroz, sem alma”. Nos cereais fez o mesmo: voltou a pedir ao público para dizer marcas. Quando alguém disse Corn Flakes gracejou: “há sempre um pobre na sala”. A terminar revelou que os piores são os cereais de fibra: “sabem a solidão”.
O jornalismo também foi alvo do humorista: “acham que os humoristas são condenáveis e depois termos uma CMTV, que são os nossos concorrentes directos”, brincou, acusando depois a estação televisiva do Correio da Manhã de “prender-nos constantemente no já a seguir”. Ainda assim, notou que aquele canal consegue ter um repórter em todo o lado e reconheceu os méritos que têm ao apontarem situações erradas da sociedade, como a violência doméstica.
Se já no último ano havia ficado claro o grande à-vontade de Salvador Martinha em palco, este ano isso voltou a ficar notório quando se enganou numa piada e voltou atrás para a contar. “Eu também tenho MEO”, brincou.

“Um público muito participativo”

No fim do espectáculo, Salvador Martinha disse à Gazeta das Caldas que gosta cada vez mais dos caldenses. “É um público muito participativo e como já me conhece, de ano para o ano está mais aberto, mais arrojado e isso permite ao artista ir mais longe”, fez notar.
Disse ainda que foi um risco vir em Junho, mas que “tivemos uma grande casa” e notou que o público deste ano era mais jovem. “É sempre um bom indicador”, afirmou.
O caldense José Santos, de 78 anos, esteve na plateia porque quis ter uma noite divertida. “Gostei, foi um bom espectáculo, mas pensei que fosse melhor”, disse, contando ter gostado mais do humor de António Raminhos.
Manuel Santos, de 27 anos, que acompanha regularmente o trabalho deste humorista, apesar de não ter estado na última actuação nas Caldas, gostou do espectáculo. “Soube bem, trouxe umas boas metáforas”, contou.

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