
Jovens a interpretar temas como Another brick in the wall (Pink Floyd), Smoke on the water (Deep Purple), We will rock you (Queen), Highway to Hell (AC/DC) não é novidade, mas quando adaptam estas músicas às letras infantis “Atirei o pau ao gato”, “A machadinha” ou o “Balão do João”, já o caso muda de figura. Foi o que fez a orquestra S.O.P.R.O. (Somos Orquestra Percussionista Rock de Óbidos), criada este ano lectivo no Complexo dos Arcos e que promete continuar a dar música na região.
A ideia de desenvolver um projecto musical com os alunos do primeiro ciclo do complexo dos Arcos começou a ganhar forma durante as actividades de Verão do ano passado. O animador Pedro Basílio desenvolveu com as crianças uma actividade de pequenos talentos e apercebeu-se que algumas das crianças tinham jeito para a música.
Com o iniciar do ano lectivo e, integrado na Fábrica da Criatividade (projecto educativo do município de Óbidos), resolveu criar uma banda tendo por base o rock. Baterista autodidacta e apaixonado pela música, Pedro Basílio, inspirou-se no filme para adolescentes Escola de Rock e no projecto açoriano Velvet Carochinha (em que um grupo coral adaptou musicas rock a temas tradicionais infantis) para fazer um grupo com características muito próprias.
A banda é composta por 18 elementos (17 alunos do 4º ano e um do 7º ano), na sua maioria raparigas. Começaram a ensaiar uma vez por semana no tempo livre, mas Pedro Basílio reconhece que é complicado ensaiar na escola, que não está preparada para receber “tanta barulheira”, com a guitarra eléctrica e a bateria.
Começaram por estruturar as músicas que iam trabalhar, tendo a escolha recaído em Another brick in the wall (Pink Floyd), Smoke on the water (Deep Purple), We will rock you (Queen), Highway to Hell (AC/DC), cuja letra adaptaram às musicas tradicionais “Atirei o pau ao gato”, “A machadinha” e o “Balão do João”.
“Só em Janeiro, Fevereiro é que se fazia alguma coisa que já se percebesse”, recorda o animador, que teve que ensinar os alunos, com 9 e 10 anos, a tocar bateria e percussão e a fazer as vozes e a coreografia.

Alem da interpretação, Pedro Basílio quis também familiarizar os jovens com tudo o que envolve uma banda de rock, desde a criação do nome, ao logótipo e vestuário. O nome S.O.P.R.O. (Somos Orquestra Percussionista Rock de Óbidos) foi proposta sua e bem acolhida pelos participantes, à semelhança da imagem, em que sugeriu que, por ser um estilo rock, se vestissem todos de preto. Além disso, os jovens músicos colocam duas marcas na cara e arranjaram óculos de hastes pretas, sem lentes, que também usam nas actuações.
“Arranjaram também, em conjunto, uma tela gigante com o nome do grupo, numa forma séria de profissionalismo”, conta, orgulhoso, à Gazeta das Caldas.
E porque precisavam de mostrar o trabalho feito, Pedro Basílio arranjou uma primeira actuação no complexo dos Arcos, no início do terceiro período, com a presença dos colegas, pais e comunidade educativa. A segunda actuação foi no Maio Criativo, onde saíram pela primeira vez fora de portas e encheram a antiga adega, agora transformada em EPIC – Espaço Promoção da Inovação e Criatividade.
O grupo voltou a actuar no complexo no Dia da Criança e, recentemente, andou em mini-digressão pelo concelho, com participações nos complexos escolares e na livraria Histórias com Bicho, nos Casais Brancos.
O ano lectivo acabou e os alunos passaram para o segundo ciclo, mas Pedro Basílio garante que “quando se chegou a este nível não se pode parar”, destacando que este é um projecto que se reinventa.
O animador, de 32 anos, natural de Lisboa e que veio para Óbidos há três, promete não deixar o grupo que já deu mostras que tem talento e também adaptar o projecto a novas turmas. Os pais também estão de acordo e já mostraram o seu interesse em que o projecto tenha continuidade.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt






























