Tem roupas que já não usa? Zélia Évora ensina-lhe a transformar o velho em novo.

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Gazeta das Caldas
Ter aprendido costura em criança permitiu a Zélia Évora abrir um atelier depois de ter ficado desempregada.

Depois do tricot, o upcycling. O novo livro de Zélia Évora – Re-use – dá a conhecer 50 formas diferentes de reutilizar roupa velha. O conceito upcycling distingue-se da reciclagem porque não implica a destruição da matéria, mas antes a sua transformação, de preferência em novos produtos com maior valor e qualidade. Foi agarrada a este conceito que Zélia Évora se lançou na escrita do segundo livro, um ano depois do lançamento de A Terapia do Tricot.

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A obra reúne 50 ideias de como transformar roupa velha em novas peças

Tal como o primeiro livro, Re-use também se assemelha a um manual, só que agora as agulhas não andam à volta dos novelos de lã, mas sim de vários tipos de tecidos (principalmente as gangas) e roupas velhas que podem ser transformadas em peças novas. O objectivo é que os trapos passados de moda esquecidos nas gavetas lá de casa ganhem um novo uso, em vez de serem deitados fora ou dados a alguém que não sabemos se irá usá-los. Combate-se o desperdício ao mesmo tempo que se puxa pela criatividade. É uma espécie de dois em um.
“A partir de umas calças de ganga condenadas ao lixo pode nascer uma minissaia ou um saco de causar inveja; de uma t-shirt antiga, um gorro de bebé; de um casaco furado pelas traças, umas calças giríssimas para rapaz; de um vestido, uma túnica. As possibilidades são infinitas”, afirma Zélia Évora, revelando que todas as peças que surgem no livro foram costuradas por si e que a obra também inclui uma introdução ao upcycling e um capítulo em que a autora convida Ana Caseiro a escrever sobre formas de tratar os tecidos com produtos naturais.
E o livro é aconselhado só a quem sabe costurar? Zélia Évora diz que não. “É acima de tudo dedicado a quem se preocupa em não deitar para o lixo peças que tenha em casa, além que costurar é algo simples que até se pode fazer sem máquina”, acrescenta a autora, realçando que para pôr mãos à obra é necessário, em primeiro lugar, ter uma boa tesoura. “Depois vem o alfinete e a agulha, o descosedor e só mais tarde a máquina de costura”, diz.
Foi a editora Esfera dos Livros que convidou Zélia Évora a escrever este segundo livro, após ter conhecimento que a autora tinha um novo projecto de costura de reutilização de gangas. Este surgiu após Zélia ter arranjado as calças de um amigo.
Em A Terapia do Tricot, Zélia Évora contou com a ajuda de algumas pessoas para a confecção de várias peças, mas neste novo livro os ajudantes foram outros.
“Foram as pessoas que me acompanharam nos dias de criação. Gestos simples como a companhia para uma café de manhã ajudam muito alguém que como eu trabalha sozinha. Aproveitei também para usar histórias de pessoas reais e as histórias das roupas que lhe eram queridas, para escrever o livro com base nelas”,  conta a autora. Pessoas como a Tânia e o Romeu, que precisavam de arranjar umas calças, ou como a Vânia, que tinha um vestido que lhe lembrava a mãe mas que não podia usar e que Zélia transformou num saco. Por isso, Re-use é também um livro sobre roupas cheias de memórias e afectos.
Re-use já foi apresentado em Lisboa, na Fnac do Chiado, tem sido motivo de conversa em diversos programa de televisão e de notícia nos media nacionais. Zélia Évora disse à Gazeta das Caldas que em breve irá anunciar uma data da apresentação do livro nas Caldas, uma vez que foi nesta cidade que nasceu a sua história.
Zélia Évora tem 48 anos e nasceu no Canadá, mas em criança mudou-se para a Foz do Arelho. Durante 24 anos trabalhou como administrativa, até ter ficado desempregada. Pegou neste contratempo e transformou-o numa oportunidade, abrindo um atelier nas Caldas onde se dedica à arte da costura. Partiu também da sua iniciativa, em conjunto com Filipe Almeida Santos, a criação do “Gang da Malha”, em 2013.

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