Uma rota cerâmica que homenageia Pedro & Inês junto ao rio Alcoa

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Gazeta das Caldas
O percurso camoniano é também uma homenagem a D. Pedro e D. Inês, à História, à literatura e à cerâmica |Isaque Vicente

No dia 20 de Agosto foi inaugurada no percurso junto ao Rio Alcoa, uma rota cerâmica com dez grandes peças produzidas por fábricas alcobacenses. Oito representam partes do soneto que Luís de Camões escreveu sobre o mais famoso romance português, outra baseia-se no soneto “O Amor É Fogo Que Arde Sem Se Ver”, do mesmo autor, e outra é inspirada no texto “Inês de Castro”, de Miguel Torga.

Junto ao Rio Alcoa, no percurso pedonal, foram colocadas dez grandes peças em cerâmica guardadas em caixas de vidro como as da Rota Bordaliana. Foram produzidas pelas fábricas do concelho e juntas criam uma rota inspirada no mais famoso romance da História portuguesa: o de D. Pedro com D. Inês de Castro.
A rota, que resulta de uma parceria entre a Câmara e as empresas locais, foi inaugurada na tarde de 20 de Agosto e juntou perto de meia centena de pessoas sob um calor intenso.
O percurso camoniano começa na Rotunda das Freiras atrás do Mosteiro com “Puro Amor”, que representa a força do amor com dois rostos brancos frente a frente, suportados por corações. É da autoria de Márcia Brilha e Marta Frutuoso e foi cedida pela empresa S. Bernardo – Perpétua, Pereira e Almeida, Lda.

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Descendo pelo rio, encontramos “O Sonho”, da Faianças Ramos, Lda., que representa a chama do amor, toda em branco, com uma chama em cima de uma base com flores. É da autoria de Sandra Lopes, com modelação de Jaime Bem.
Depois está o “Amor Cego”, da António Rosa – Cerâmicas, Lda. É composta por três peças: a maior é o rei, a preto, com espinhos, que é ladeado por uma grande rosa vermelha (o apaixonado D. Pedro) e uma boneca de corda branca, com uma venda nos olhos (D. Inês).
Joana Virgolino e Cristina Domingues são as autoras da peça que representa a questão política do romance.
Segue-se a peça da Sporvil Cerâmicas, cujo autor é João Fernandes. “Afonso IV ordena a morte de D. Inês de Castro” são duas peças que recordam a condenação e o pedido de clemência que foi negado.
Um pouco mais à frente está “Sensus”, da Arfai Ceramics Portugal, que representa os argumentos de D. Inês para que lhe seja concedida a clemência. A peça é assinada por Afonso Marques e Tânia Gonçalves.
Depois temos a “Imperdoável Inês”, da Destinos – Arte Cerâmica, SA. São quatro peças que aludem a D. Pedro e D. Inês, ao rei (representado por uma grande espada) e ao povo. O design foi de Ana Carolina Pereira.
A “Morte de Inês de Castro” é a peça da Jomazé e é assinada por Andreia Tocha. São dois corações brancos, de Pedro e Inês, suportados por flores brancas e azuis.
A interpretação do soneto d’Os Lusíadas de Camões termina com “Natureza Contraditória”, da Ceriart – Cerâmica Artística, SA.
Várias partes juntas formam uma espécie de círculo, branco, que tem vários elementos da Natureza referentes ao romance e que fica suspenso por dois cabos. Mariana Campos foi a designer responsável por esta peça.
Mas a rota tem ainda uma interpretação de “O Amor É Fogo Que Arde Sem Se Ver”, do mesmo autor. “O antinómico” foi o nome escolhido por José Eduardo Rodrigues para representar as contradições do amor. A peça, onde predominam os vermelhos e amarelos, foi cedida pela Kergila – Cerâmica Decorativa Unipessoal, Lda.
A rota termina perto da ponte, com uma interpretação do texto “Inês de Castro”, de Miguel Torga, pela SPAL Porcelanas. “Inês de Castro, Rainha de Portugal” é um vestido branco feito com algumas das peças da fábrica, como pratos.
Os custos com a produção das peças foram suportados pelas próprias empresas que cederam as peças. A autarquia tratou das caixas para exposição.
Jorge Varela, comissário das comemorações dos 650 anos da morte de D. Pedro, elogiou a ideia e a concretização. “Tudo isto é poético”, afirmou.

Dinamizar o turismo escolar

Durante a inauguração, o presidente da Câmara, Paulo Inácio, disse que este roteiro é um desafio às empresas do concelho que assim ganharam um espaço para mostrar trabalho e salientou que a mesma também é importante para que o turismo escolar nacional volte a ser importante para Alcobaça. Para isso está certo que contribuirão as estufas botânicas que serão instaladas no Parque Verde, onde este projecto cerâmico poderá ser replicado.
Na inauguração várias pessoas se mostraram preocupadas com a segurança das peças, mas Paulo Inácio, presidente da Câmara de Alcobaça, descansou os presentes, garantindo que esse aspecto foi acautelado.
Já Inês Silva, vereadora da Cultura, admitiu que espera “ver alunos a fazer o percurso com “Os Lusíadas” na mão”.

 

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